Terra de Lorenzo: fim da linha

RIO DE JANEIRO – A cada vitória, em cada pista, a cada título conquistado, Jorge Lorenzo empunhava e fincava uma bandeira.

“Lorenzo’s land” (Terra de Lorenzo), como que marcando território para mostrar que ele era o cara.

Não é mais.

Os tempos são outros e hoje, aos 32 anos, o piloto espanhol anuncia em Valência que vai se retirar das competições.

O ocaso do piloto cinco vezes (e não quatro, desculpem) campeão – duas na extinta 250cc e três na MotoGP vem num ano terrível com a Honda RC213V, após duas temporadas na Ducati.

Tem sido uma temporada daquelas de apagar do currículo. Décimo-nono lugar no campeonato. Apenas 25 pontos somados. Nenhum top 10 – o melhor resultado foi um 11º lugar no GP da França, em Le Mans Bugatti. Quatro corridas fora por conta de um acidente na Holanda.

E olha que, mesmo longe do protagonismo, seus dois anos de Ducati foram muito melhores. Com a máquina de Borgo Panigale, pelo menos lutava mais à frente. Pelo menos venceu corridas. E talvez tenha provocado um arrependimento nos italianos, porque suas duras críticas à moto minaram a relação piloto-time e o CEO Claudio Domenicali, não hesitou em trocá-lo por Danilo Petrucci.

Muitos acreditaram que a troca para a Honda, ocupando o lugar de Dani Pedrosa, mudaria as coisas. Só que Marc Márquez não deixou. Hoje, a RC213V é uma máquina dele e só dele. É mais ou menos como Casey Stoner fez numa época na Ducati. Só o australiano, hoje aposentado, entendia aquela máquina. Com o “Formiga Atômica” é parecido.

Márquez triturou, amassou Lorenzo. Mental e psicologicamente. Como nenhum piloto, com todo o currículo que JL tem, quer amargar anos de baixa em relação a qualquer adversário, saber parar (e principalmente reconhecer o momento exato de parar) é uma arte que poucos dominam.

Lorenzo chegou ao Mundial de Motovelocidade como um dos pilotos mais jovens de sempre. Estreou em 2002 no meio do campeonato daquele ano, pela marca espanhola Derbi, na classe 125cc – porque tinha que completar a idade mínima de 15 anos – e ele fora contratado com 14.

Desde então, foram 296 GPs disputados em seu currículo de piloto, com 68 vitórias, 152 pódios, 69 pole positions e 37 recordes de volta em prova.

Comentários

  • Decisão esperada. Além dos problemas de adaptação com a Honda, acredito que os problemas físicos em decorrência de tantos acidentes que ele sofreu desde que saiu da Yamaha pesaram bastante. Tanto em performance quanto principalmente no aspecto psicológico. Não o julgo, o cara não quer acabar numa cadeira de rodas, como o Wayne Rainey. Aliás, esse é o grande fator limitante para qualquer piloto de moto, gênio ou não. Até onde o corpo pode aguentar mantendo a cabeça focada em ser rápido? Fico com a curiosidade agora de saber quem entra na vaga, Zarco ou alguma surpresa?

  • Já estava aposentado faz tempo, só ele que não enxergava. . .
    Antipatia em pessoa, fechou portas estilo Alonso, se achava um super-homem, sqn. . .
    Falando sério, já vai tarde, não fará a mínima falta.

  • Exatamente, mas com duas diferenças: Alonso ficou mais pé no chão e tragável com o tempo e Lorenzo tb nunca contou com uma horda de “especialistas” bradando que ele – apesar de flagrante decadência – era o melhor do grid.

  • Grande Rodrigão, estamos sempre nos encontrando via Instagram, e já nos encontramos até em Interlagos. Bem, concordo que Jorge fazia criticas referente a Ducati, mas dessas críticas Jorge e Gigi e os engenheiros trabalharam duro e chegaram onde queriam, vitórias. Jorge excelente acertador, porém antes de tudo isso ele recebeu duras críticas de Claudio Domenicali que não soube esperar pelos resultados. Jorge não exitou e procurou a Honda, a mesma também não exitou e recebeu-lhe de braços abertos e largos sorrisos. Não tenho certeza da veracidade dos fatos, más tive uma fonte que me informou que após a concretização do contrato Jorge/Honda, a Ducati (diga-se Claudio Domenicali) se ofereceu para pagar multa multa de quebra de contrato para a Honda e manter ainda Jorge dentro da equipe Ducati, más já era tarde, a Honda não aceitou. Isto significa, a Honda sabia o quanto Jorge seria valioso para a equipe. Quanto ao Danilo assumir o lugar de Jorge, o Gigi não tinha outra alternativa ! Gigi sempre gostou de Jorge, sempre tiveram muita amizade e sempre foram muito amigos desde o inicio da sua carreira,desde “muleque”, Pra terminar, o Marc Marques só “triturou”Jorge por causa das condições físicas precárias que teve desde o inicio da temporada. Jorge já deu muito pau no Marc Marques, de Yamaha e de Ducati. Fico triste pelas condições físicas atuais de Jorge, gostaria muito de ver ele retornando para a Ducati ou até mesmo no Mundial de Super Bike. Queria muito sentar numa mesa um dia, e tomarmos uma boa cerveja e poder falar muito mais de Jorge Lorenzo. Grande abraço Rodrigão.

  • E o fato de Lorenzo ter desobedecido as ordens da Ducati pra deixar Dovizioso passar na decisão do título de 2017 em Valência também pesaram pra azedar o clima pro Espartano na Ducati e contribuíram pro fim antecipado do casamento entre eles.

  • Lamentável… Jorge Lorenzo é um dos grandes da MotoGP, um acertador de equipamentos.

    Apenas uma correção: Gigi Dall’Igna foi dos poucos que apoiaram Lorenzo na Ducati.

  • São 5 títulos mundiais ( 3 motogp ) e dois nas 250cc atual moto2 , talvez tenha faltado a ele um pouco mais de humildade como a Fernando Alonso ; mas não se discute o talento de ambos