Tuka Rocha, 36

RIO DE JANEIRO – Infelizmente veio a notícia que muitos de nós não queríamos saber neste domingo de GP do Brasil de Fórmula 1.

Tuka Rocha nos deixou. Lutou o quanto pôde, mas partiu.

O piloto de Stock Car, de carreira internacional, originada no kart brasileiro e na Fórmula 3 Sul-Americana, morreu hoje aos 36 anos de idade.

O corpo dele não resistiu ao acidente do qual foi vítima na última quinta-feira em Maraú, sul da Bahia. A queda de um avião Cessna 550 no momento do pouso num resort na praia de Barra Grande vitimou primeiro a jornalista Marcela Elias e sua irmã, Maysa Marques Mussi – e agora Tuka Rocha nos deixa.

Ele estava com 80% do corpo queimado após o acidente. Internado no Hospital Geral do Estado na capital Salvador, Tuka passou por intervenção cirúrgica. As queimaduras eram consideradas superficiais.

Porém, as funções pulmonares e principalmente as renais, já que teve que passar por vários processos de diálises – queimaduras provocam perda de água, sais minerais e desidratação do organismo – acabaram comprometidas. Tuka veio a óbito neste domingo às 6h30.

Nascido em 13 de dezembro de 1982 – estava, portanto, perto de completar 37 anos, Christiano Chiaradia Alcoba Rocha era conhecido como “Tuka” ou “Tukinha” por conta da empresa familiar que seu pai montara – a Tuka Tratores – que levava na viseira de seu capacete nos tempos de kart.

Ele pertenceu à mesma geração de pilotos que desfilou com competência no kartódromo de Interlagos e ainda – com algumas exceções – segue nas pistas: Sérgio Jimenez, João Paulo de Oliveira, Bia Figueiredo, Júlio Campos e tantos outros.

Foi tricampeão brasileiro de kart entre 1996 e 2000, subindo à Fórmula 3 Sul-Americana na classe Lights (B). Com um Dallara 394 Honda, equipamento herdado de João Paulo de Oliveira na Cesário Fórmula, venceu três corridas em 2001 e foi vice-campeão da categoria.

O próximo passo foi a Europa. Na Telefonica World Series by Nissan, divdiu boxes com o já experiente Ricardo Zonta. Aprendeu um bocado. E foi pulando de galho em galho, para cavar oportunidades.

E elas não faltaram. O que talvez faltasse era carro bom pra Tukinha mostrar o que valia. Em 2004, na Euro Fórmula 3000, que aproveitou os antigos carros da competição internacional, defendeu nada menos que quatro equipes diferentes. Fez, por todas elas, bons resultados – foi ao pódio três vezes. E terminou o campeonato em 8º, com três etapas a menos.

A falta de patrocínio limitou oportunidades. Christiano fez somente uma etapa em 2005, pela Durango. Na única vez em que sentou no carro foi 3º colocado. E no ano seguinte, andou de Astromega, Traini Corse e Minardi by GP Racing.

Pois é: você leitor não trocou as bolas. Tukinha foi piloto da Minardi na Euro Fórmula 3000 – e deu à equipe, no dia 13 de agosto de 2006 em Silverstone, o gosto da primeira vitória em 25 anos. A Minardi não sabia o que era comemorar um triunfo desde a Fórmula 2 (então extinta) em 1981!

E só para provar que era do ramo, aceitou fazer uma rodada dupla pela ELK Motorsports no ano de 2007, mesmo sem l’argent: e foi 2º colocado em Spa-Francorchamps.

Como uma prova de que deixou marcas na Europa, Tukinha tinha fechado uma parceria com o velho Giancarlo Minardi para o desenvolvimento de jovens pilotos no kart – através da Tuka Rocha Racing School, que mantinha no Kartódromo de Aldeia da Serra, em São Paulo.

Voltando à carreira, Tuka foi participante também da A1GP pelo Team Brasil e também da Superformula League (lembram da competição de clubes?). Então… Tuka foi o primeiro piloto do carro do Flamengo. E na primeira rodada dupla, com chuva, foi ao pódio em Donington Park, na Inglaterra.

Depois, os resultados oscilaram muito e só se salvou um 4º lugar em Vallelunga. Aquele foi o último ano do Tukinha no exterior e após um período de quase três anos sem guiar, ele reapareceria na Stock Car.

Na principal categoria do automobilismo nacional, Tuka competiu de 2011 até o ano passado. Defendeu as equipes de Mauro Vogel, Ricardo Zonta, Thiago Meneghel, Eduardo Bassani e Rosinei Campos, o “Meinha”. Em mais de 100 provas que disputou, só ganhou uma única vez em 2015. Muito pouco para quem merecia tanto.

Uma pena que uma vida tenha sido ceifada de modo tão prematuro. Uma pena que pessoas boas como o Tuka Rocha tenham que partir. Mas essas, infelizmente, são as duras lições que a vida nos entrega a cada dia.

Guardo na lembrança e na memória, em cada corrida que nos encontramos, o sorriso fácil, o bom papo e a competência nas pistas – o que ele tinha de sobra desde o tempo de kartista.

Obrigado, Tukinha, por você ter existido.

Comentários

  • A morte do Tuka Rocha e das duas mulheres a bordo foi muito triste, em todos os aspectos.

    Meus sentimentos à família e amigos das vítimas.

  • Me lembro de uma corrida de Stock Car que, no finalzinho, o carro dele começou a pegar fogo e ele saltou do carro em chamas. Se não me engano foi a corrida anterior da única vitória que ele teve na categoria. Esse ano está muito difícil. Meus sentimentos à família.