Gran finale: família Ribeiro é a campeã do Império Endurance Brasil
RIO DE JANEIRO – Valeu a pena passar a noite na estrada quase em claro, mesmo chegando atrasado no Autódromo Internacional de Curitiba. A 8ª e última etapa do Império Endurance Brasil foi sensacional do início ao fim, dando os rumos finais a um campeonato decidido nas principais categorias somente nesta corrida.
E houve de tudo um pouco no sabadão. Disputas épicas, um chove-para-chove-para que bagunçou a corrida, acidentes, drama e no fim de tudo, a família Ribeiro levou o título máximo da classificação geral e também na competição dos pilotos de protótipos da classe P1.
Mas poderia ser bem diferente: logo de saída, a dupla do Mato Grosso do Sul formada por pai e filho enfrentou uma falha de suspensão no AJR Chevrolet V8 preparado pela Motorcar e eles perderam 10 voltas. Chegaram a ocupar apenas a 21ª posição ao fim da primeira hora de disputa.
Era a corrida mais longa do calendário e havia como recuperar. Mas num primeiro momento, o título mudou de mãos várias vezes – primeiro passando a Pedro Queirolo/David Muffato e depois a Xandy e Xandinho Negrão, que estavam juntos na Mercedes-AMG GT3 com a luxuosa ajuda do bicampeão de Le Mans e atual campeão mundial de LMP2 André Negrão.
Quando a disputa chegou à sua metade, choveu pelo menos duas vezes. E na mesma intensidade em que a pista foi molhada, logo o calor e a umidade foram determinantes para a secagem. Quem arriscou não parar se saiu muito bem.
Porém, foi na segunda pancada mais forte de chuva que os rumos do campeonato começaram a tomar seu definitivo curso. Quando a disputa avançava para a quarta hora, o #113 de Muffato/Queirolo, com David a bordo, saiu do prumo na última curva, sofrendo o mais forte acidente da corrida. Detalhe: a vantagem deles para os vice-líderes era de uma volta inteira…
Nessa altura, os Ribeiro já estavam na 12ª posição, mas a corrida seguia de altos e baixos. Embora tivessem sido os mais rápidos, em determinado momento o carro começou a enfrentar uma falha mecânica que fez a dupla ter de reduzir o ritmo.
Só que os outros protótipos da classe P1 também enfrentavam problemas e Nílson e Beto foram galgando posições. Nisso, a disputa pela liderança foi marcada pela “lenha” espetacular entre Júlio Campos e Daniel Serra, antes que o primeiro tivesse de entregar o carro a Guilherme Figueroa.
Não houve jeito, porém, do paranaense segurar o tricampeão da Stock por muito tempo. Com um carro muito veloz em reta, Serrinha despachou Júlio e foi embora. Fechou a disputa que se encerrou com 233 voltas percorridas em pouco mais de 6h02min com quase 20 segundos de vantagem sobre a Mercedes-AMG da equipe chefiada por Carlão Chiarelli.
Foi a primeira vitória de Daniel como piloto oficial de fábrica da Ferrari e também a segunda da Via Itália Racing na temporada – foram a única dupla (Serra/Longo) a ganhar na geral com um GT3, já que venceram na 2ª etapa, em Goiânia.
Para Nílson e Beto Ribeiro, terminar em 8º bastou, já que a família Negrão não foi além do quarto lugar na geral: pai e filho conquistaram o título da classe Geral (Força Livre) e também da P1 do Império Endurance Brasil.
Mesmo com a queda de performance no final, Xandy e Xandinho faturaram o troféu da temporada 2019 na divisão GT3, deixando o vice para Marcel Visconde/Ricardo Maurício, que fizeram ótima corrida com o Porsche da Stuttgart Motorsport.
Igualmente excelente foi a participação de Sérgio e Guilherme Ribas, contando com o talento de Alan Hellmeister para triunfar na divisão GT3 Light contra a Ferrari de Tom Filho/Ricardo Mendes, que na última etapa tiveram o reforço de João Gonçalves. As duas formações tiveram performance destacada nas 6h de Curitiba e fecharam o top 6 geral no melhor resultado dos carros neste ano.
O melhor protótipo na pista foi o Sigma: com um bom trabalho de Aldo Piedade Júnior e Jindra Kraucher, o carro construído em Araricá (RS) alcançou um espetacular 7º posto final, chegando a ocupar as primeiras posições no início. A equipe tinha certeza de que, se não fossem os problemas enfrentados ao longo da disputa, poderiam ter ‘furado’ o domínio dos modelos GT3 no resultado final.
Repararam que só duplas de pai e filho foram campeãs em Curitiba, certo? Pois na classe P3 veio mais uma: Carlos e Yuri Antunes fecharam um ano de sucesso com o 9º posto geral e o título, assegurado com os problemas do #75 de Henrique Assunção/Fernando Fortes/Emílio Padron.
As demais divisões cumpriram tabela, mas Renan Guerra/Renato Braga fecharam a temporada fazendo o que mais souberam alcançar ao longo do ano: venceram de novo entre os GT4, numa corrida em que três dos cinco carros inscritos para o fim de semana quebraram ANTES da largada.
Já vitoriosos na GT4 Light, Júnior Victorette e Marcelo Karam também fizeram a parte deles junto desta vez a Tuca Antoniazzi e Marcelo Sant’Anna, que competiram como convidados.
A temporada 2019 foi de afirmação do Império Endurance Brasil como uma grande competição e a Associação de Pilotos de Endurance (APE) presidida por Henrique Assunção está de parabéns pelo trabalho realizado. As parcerias construídas ao longo dos últimos cinco anos deram credibilidade ao evento e é sempre um prazer acompanhar as corridas ao vivo – neste ano, foram três.
Espero que no próximo sejam muito mais.
Resultado final das 6h de Curitiba
1º #19 Chico Longo/Daniel Serra
Ferrari 488 GT3 – categoria GT3
233 voltas em 6h02min56seg
2º #8 Guilherme Figueroa/Júlio Campos
Mercedes-AMG GT3 – categoria GT3
a 19seg569
3º #55 Marcel Visconde/Ricardo Maurício
Porsche 911 GT3-R – categoria GT3
a 1 volta
4º #9 Xandy Negrão/Xandinho Negrão/André Negrão
Mercedes-AMG GT3 – categoria GT3
a 1 volta
5º #63 Sérgio Ribas/Guilherme Ribas/Alan Hellmeister
Aston Martin V12 Vantage GT3 – categoria GT3 Light
a 4 voltas
6º #155 Ricardo Mendes/Tom Filho/João Gonçalves
Ferrari 458 Italia GT3 – categoria GT3 Light
a 5 voltas
7º #12 Aldo Piedade Jr./Jindra Kraucher
Protótipo Sigma Audi Turbo – categoria P2
a 10 voltas
8º #65 Beto Ribeiro/Nílson Ribeiro
Protótipo AJR Chevrolet V8 – categoria P1
a 12 voltas
9º #72 Carlos Antunes/Yuri Antunes
Protótipo MRX Volkswagen 16V – categoria P3
a 17 voltas
10º #34 Ricardo Haag/Mário Marcondes
Protótipo MRX Volkswagen 8V – categoria P3
a 19 voltas
Por que tivemos um desempenho muito abaixo do esperado dos protótipos, que teoricamente deveriam estar nas cabeças?
Um não largou, um bateu, os outros todos tiveram problemas. Faz parte.