Black Mamba
RIO DE JANEIRO (Respirar fundo…) – Olha, tá difícil. Pra sentar no computador e vir escrever sobre um dos meus ídolos que se vai… Respirei fundo e pensei: é agora. Só pode ser agora.
Deveria ter feito isso ontem. Mas no calor do momento achei melhor não. E na verdade eu não tinha condição. Eu estava num nível tão alto de tensão e de emoção que eu peguei o que restava de uma garrafa de vinho e bebi tudo.
A gente por vezes imagina que os nossos ídolos são imortais. Mas quando acontece o que aconteceu neste domingo a Kobe Bryant percebemos que sim, eles são tão de carne e osso quanto nós, meros mortais.
Mais do que um vencedor, um predestinado, um talento nato com a bola laranja nas mãos, Kobe era pai, marido, filho, referência e também um esportista, um atleta que transcendeu as fronteiras do basquete e tornou-se respeitado e amado por outros esportistas, de diversas modalidades.
A ficha não caiu.
Vai ser difícil lidar com a ausência dele nesse plano.
Daquele sujeito de sorriso fácil e franco, que na véspera da tragédia ocorrida ontem na Califórnia mostrou toda sua grandeza cumprimentando LeBron James – que, com a camisa do Lakers, superou Bryant para se tornar o 3º maior pontuador da história da NBA, atrás do recordista Kareem Abdul-Jabbar e de Karl Malone.
Sou espírita kardecista, mas não consigo me conformar como, por vezes, os rumos da vida são tão mudados. Afinal, a gente em princípio prevê que uma pessoa de 41 anos terá um futuro enorme pela frente.
Principalmente como técnico de uma equipe da NBA. E muitos apostavam nisso.
Mas não: infelizmente este 26 de janeiro de 2020 é uma página da história do esporte mundial que jamais será esquecida.
A morte de Kobe Bryant é para o fã de basquete, proporcionalmente tão impactante, chocante e cruel quanto o foi a de Ayrton Senna em 1º de maio de 1994, para quem gostava e não gostava de automobilismo – também.
As homenagens ontem foram muitas, inúmeras.
Destaco aqui a insensibilidade da NBA em não cancelar a rodada. Não basta um “statement” pra falar de Kobe Bryant e seu legado. Em respeito a uma perda tão brutal, ninguém deveria ter entrado em quadra. Os jogadores não tinham condição. Alguns choravam. Clima pra desempenhar seu papel e honrar a camisa? Por que?
E por falar em camisa, como angelino que sou, como parte da #LakersNation, por 20 temporadas – seja com o número #8 ou com o #24 – vi Kobe honrar o manto púrpura e dourado.
Vi Kobe fazer coisas espetaculares em quadra. Como seus 81 pontos contra o Toronto Raptors. Os sessenta no jogo de despedida contra o Utah Jazz, num ano de uma equipe pavorosa, onde ele carregou o time nas costas para a última vitória da vida – num tempo em que seu próprio corpo já não aguentava mais tamanho esforço.
Aquele cara formidável, das cestas decisivas, das jogadas que emulavam Michael Jordan – e quem não gostaria de fazer algo igual ou semelhante àquele que é considerado o mais foda de todos? – teve parcerias históricas na quadra. A primeira com Shaquille O’Neal rendeu um tricampeonato em sequência. Depois, com o espanhol Paul Gasol. Mais dois títulos pra coleção.
Se não fossem derrotas para Boston e Detroit, se não houvesse o Spurs de Gregg Poppovich… seria difícil não imaginar que o Lakers tivesse se tornado uma dinastia e Bryant, talvez, chegasse muito próximo de MJ como o maior jogador da história.
De sua geração, Kobe foi disparado o melhor. E independentemente de camisa ou paixão, poucos hão de discordar.
Black Mamba, eu sempre te amei.
Obrigado por ter encarnado o espírito vencedor dos Lakers como Magic, Kareem, Worthy, Scott, Green, Wilkes, West, Thompson, Goodrich, O’Neal, Fisher, Fox, Odom, Bynum, Grant, Gasol e tantos outros fizeram.
Você foi, é e sempre será o maior Laker de todos os tempos.
Kobe, eterno.
As pessoas que morrem cedo como o Kobe são geralmente espíritos evoluídos, a cima da média. Eu não acompanho basquete, mas é fácil perceber que ele era um ser diferente, como esportista e pessoa.
O melhor conforto para lidar com a perda de alguém querido é acreditar que a verdadeira felicidade se encontra do lado de lá.
Belíssima homenagem, Rodrigo, você deixou a alma falar.
Eu me senti assim na morte do Moco, do Gilles e do Lennon. è dificil descrever o que a gente sente nessas horas. quase impossível.
Parece que o mundo fica menor.
Antonio
Muito legal sua exposição sobre o Kobe, que sim, era uma referência. E continuará a ser.
Só uma, com licença, correção:
Não existe esse papo de “espírita kardecista”. Espiritismo é um só, o decodificado por Allan Kardec.
Portanto, não sabia, mas ambos somos ESPÍRITAS.
Abraço