Marinho DKW

Marinho ganhou em 1961 o IV Circuito da Barra, em Salvador. Ao fundo, o icônico farol da capital da Bahia

RIO DE JANEIRO – Pombas, 2020… nem bem você começa e já nos leva o Marinho DKW? O Caipira? O maior piloto de pistas de rua do país em sua geração?

Bom… tá certo… o Marinho viveu muito. Foram 82 anos – ele faria 83 no próximo dia 15. Mas havia um jeito de deixar ele mais um pouquinho entre nós, não é não?

Foi tão surpreendente que este blog pouco – ou nunca – falou daquele piloto batizado Mário César de Camargo Filho, nascido em Ribeirão Claro (Paraná) no dia 15 de janeiro de 1937 (mais novo de seis irmãos, aliás) e que fez história no início do nosso automobilismo, digamos assim, moderno.

Marinho tinha 20 anos quando estreou nas corridas com um Fusca. Mas sua vida inteira depois disso estaria umbilicalmente ligada à DKW-Vemag.

Na primeira prova que ganhou, com um carro da revenda Serva Ribeiro, disputada em Poços de Caldas, ainda correu com o número #64. Estaria com outros dorsais na carreira. Mas foi o #10 que marcou suas vitórias e o fez uma lenda.

Com os carrinhos de motor 1 litro e três cilindros, o Caipira fez misérias. Ganhou em quase todos os circuitos urbanos que pôde: Piracicaba, Salvador, Petrópolis, Araraquara… fosse de DKW Vemag, com a Carreteirinha DKW ou com o Malzoni, o Marinho foi um símbolo da marca – até sua posterior absorvição pela Volkswagen, que acabou com a equipe de fábrica.

As últimas provas dele com os DKW Malzoni foram as lendárias Mil Milhas de 1966 (2º lugar, em parceria com Eduardo Scuracchio) e os 1000 km da Guanabara, com o saudoso “Cacaio” (Joaquim Carlos Telles de Mattos) – nos 500 km de Interlagos, que seriam sua última corrida com um Fitti-Vê, Cacaio bateu e Marinho nem andou.

Depois disto, virou dono de equipe – a Marinho Veículos, sociedade dele com Eugênio Martins – causou sensação com Volkswagens e Pumas muito bem preparados. Um deles, com Sérgio Louzada/Paulo Gomes, chegou a liderar as Mil Milhas de 1970. Naquele mesmo ano, a equipe foi 2ª colocada nas 24h de Interlagos com Fausto Dabbur/Emerson Maluf dividindo um inacreditável Volks “Zé do Caixão”.

Mas a sociedade não duraria muito: em 1971, Marinho e Eugênio foram cada um pra seu lado e o Caipira se mudou para Ourinhos, onde viveria até o fim da vida. Naquela cidade, ainda colaborou com a Chrysler, desenvolvendo o Dodge Polara e, posteriormente, com a Volkswagen e seus caminhões, além dos motores MWM.

Descanse em paz, Caipira. E muito obrigado por tudo!

Comentários

  • Mattar permita uma correçāo. A concecionaria éra Marinho Veículos, na Rua Tabapua. Concecionaria da VW, a MM êra concecionaria Puma, na Av Santo Amaro. Trabalhei lá quando tinha 16 anos.

  • Mais um momento triste, mais um que se vai.
    Marinho era e vai continuar sendo uma lenda dos anos de ouro do nosso automobilismo de competição.
    Descanse em Paz.

    Antonio.