GP da Austrália? Nada disso…

RIO DE JANEIRO – De forma inédita em 70 anos, a Fórmula 1 cancela uma corrida por outro motivo que não segurança ou falta de garantias financeiras. O Covid-19, que segue fazendo estragos no esporte – principalmente no automobilismo – é o responsável direto pela não realização da corrida de abertura do Mundial de 2020, o GP da Austrália, que seria neste domingo em Melbourne, no circuito de Albert Park.

E a Fórmula 1, leia-se FIA e Liberty Media, demoraram muito para anunciar o que já se antevia como inevitável depois que um funcionário da McLaren testou positivo para Coronavírus e a equipe britânica já se retirara da competição, o que reduziria o grid a 18 carros apenas.

Não havia sentido nenhum em se disputar a corrida. O atraso dos dirigentes em anunciar o cancelamento das atividades de pista já era alvo de críticas no mundo inteiro. Alguns pilotos já haviam inclusive ido embora da Austrália – dois deles foram Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen. No fundo, apenas Red Bull e Alpha Tauri queriam a corrida de qualquer jeito. Como dois é menos que 10, não houve como. E a Mercedes, equipe dominante da Fórmula 1 dos últimos anos, também resolveu se retirar.

“A Mercedes mandou uma carta à FIA e à F1 pedindo o cancelamento do GP da Austrália 2020. Nós não sentimos que a segurança de nossos funcionários pode ser garantida se continuarmos a fazer parte do evento. A saúde física e mental e o bem-estar dos membros da nossa equipe e de toda a comunidade da F1 são nossa prioridade absoluta. A equipe começará os preparativos para desmontagem nesta manhã”, informou um comunicado.

O hexacampeão Lewis Hamilton era possivelmente o mais descontente entre os pilotos.

“O dinheiro é rei, mas, sinceramente, não sei. Não tenho muito mais a acrescentar”, disse. “Estou muito, muito surpreso por estarmos aqui. É ótimo termos corridas, mas, para mim, é chocante estarmos todos sentados nesta sala e que haja tantos fãs na pista. Parece que o restante do mundo está reagindo, provavelmente um pouco tarde. A NBA foi suspensa, mas a F1 continua trabalhando”, declarou.

O Covid-19 segue afetando o esporte mundial em caráter exponencial. No automobilismo, já foram canceladas provas da Fórmula E e do FIA WEC, além do GP da Austrália. O GT World Challenge Europe já tem um “plano de contingência” em vista. Nos EUA, as 12h de Sebring foram adiadas de forma inédita para novembro. A Fórmula Indy vai correr sem público em St. Pete. E há quem diga que após Atlanta, é bem pouco possível que a Nascar siga seu calendário normalmente.

Em duas rodas, MotoGP e MXGP já tiveram várias corridas adiadas – ambas teriam eventos na Argentina, respectivamente em Termas de Río Hondo e na Patagônia. Tudo foi para o segundo semestre.

Haverá mais automobilismo e esporte a motor nos próximos dias e semanas? Creio ser impossível que a normalidade se restabeleça pelo menos até o início de maio. Isso é péssimo para os fãs e ruim para nós, que trabalhamos com notícias. Mas se é para o bem de todos que o Covid-19 precise ser erradicado o quanto antes, que se tomem as medidas cabíveis para evitar o caos tomando conta do planeta inteiro.

Comentários

  • A atitude correta a ser tomada agora é cancelar logo as corridas no Bahrein e no Vietnã, e antecipar oficialmente as férias de agosto para os dias restantes de março e abril. Dessa forma, poderíamos ter corridas em agosto, claro, se o Covid-19 permitir.