A falcatrua de Abt
RIO DE JANEIRO – Às vezes a canalhice humana vai além da nossa percepção e o automobilismo em tempos de Pandemia nos deu dois – péssimos – exemplos. O primeiro e bastante notório foi o caso de racismo seguido de demissão de Kyle Larson na Nascar.
Nessa semana, o alemão Daniel Abt foi quem sofreu na pele, no bolso e na vida as consequências de uma irresponsabilidade em mais uma prova virtual.
Eu sei que os eSports não são levados a sério por muita gente. Pra mim, é distração e divertimento. Tenho simuladores, mas não invisto em equipamentos. No meu caso, é uma brincadeira para desopilar diante de tudo o que vivemos no dia a dia – e mais agora do que nunca, em tempos de confinamento.
Mas tem quem leve e no caso da Nascar o negócio foi tão feio que deu no que deu para Larson e na recente prova do Race at Home Challenge da Fórmula E, no circuito virtual de Berlim, “deu ruim” para o piloto alemão da Audi.
Com desempenhos fracos nas quatro provas anteriores, de repente Abt despontou como o pole e foi o 3º colocado no último sábado. Só que sua imagem não aparecia nas plataformas virtuais de transmissão como o Twitch, que disponibiliza vídeos em tempo real.
Depois, descobriu-se que ele foi ‘substituído’ por um piloto de eSports – Lorenz Hoerzing, que disputa profissionalmente provas virtuais. Abt foi desclassificado, multado em € 10 mil (R$ 60,3 mil – revertidos a projetos de caridade), banido dos eventos virtuais e, ontem, demitido pela equipe por conta de sua irresponsabilidade. Registre-se que seu lugar na equipe, da qual fez parte desde a primeira corrida, já estava ameaçado por sua falta de performance na categoria.
Enfim… cada um é que sabe de si. Não sou perfeito, ninguém é. Mas quando se envolve trabalho, há que se ter um mínimo de bom senso e um comportamento adequado. Larson pagou um preço muito caro e agora é a vez de Abt.
Até quando falcatruas e canalhices vão dar a ordem do dia?
Os patrões de Larson e Abt responderam à sua pergunta.
A ordem do dia é “NÃO ÁS FALCATRUAS”.
Que assim seja, em tudo.
Essa história está muito truncada. O Abt gravou um video explicando que seu intento era mostrar como um jogador de videogame poderia ser melhor do que pilotos profissionais, inclusive com tudo registrado, e, além, destacou ainda que essa ideia foi explicada em uma live feita antes da tal Race at Home Challenge, assistida por pouco mais de mil pessoas. Então, não me parece que teria havido trapaça, mas apenas uma troça com algo que os outros estavam levando a sério; afinal, quem trapaceia não anuncia ao vivo que vai fazer trapaça.
Depois, a Audi, integrante do grupo VW, apanhada em um baita mega-escândalo fraudulento das emissões, vai querer pagar de moralista sem prévia apuração?
Enfim, foi tudo muito esquisito. E acho complicado falar em canalhice sem conhecimento pleno de todos os fatos que ocorreram e de sua dinâmica.
Fabio
O fato da Audi ter sido pega fazendo falcatrua não justifica passar o pano no seu piloto. O CEO da Audi agora é outro, novo chefe, novas regras. E se eles continuassem a passar um pano nos erros, significaria que eles continuam a errar. E lá na Europa isso é levado a sério.
E fora que a equipe que ele pilota é do próprio pai, pior ainda. O complicado é se o cara não curte o automobilismo virtual, mas por força de contrato tem que participar das provas.
Bem feito.
Com certeza ele sabia que não era ligar o Mega Drive e jogar Super Monaco GP sem compromisso de nada, era algo sério, competitivo.
Já vai tarde. Nunca foi essa coca-cola toda. Tomou pau do Di Grassi o tempo todo. Era o Stroll da F-E.
E é bom, já que os “e-sports” são “moda” que tende a pegar, que sejam então levados a sério por quem organiza e quem compete, já que querem ser chamados de esportes, e não uma galhofa virtual.
A primeira vista parece ser uma punição severa, mas apoio. Quem quer que se envolva nisso, seja profissionalmente ou ocasionalmente, saiba que brincadeira é você ligar seu console na TV e jogar, agora, se vai participar de uma competição organizada, tem que levar a sério e saber que há regras.