Direto do túnel do tempo (469)

RIO DE JANEIRO – Uma Lotus 72 amarela, com patrocínio  dos cigarros Villiger e com o nome de Herbert Müller?

Pois é: existiu e quase competiu na Fórmula 1.

Esse carro era da equipe de Rob Walker em 1970 – foi guiado por Graham Hill, aliás – e  repassado a Herbert Müller, suíço que tinha equipe de Intersérie e também pilotava – inclusive veio para a histórica disputa dos 500 km de Interlagos que completam 50 anos em 2022.

Por conta da morte de Jochen Rindt nos treinos para o GP da Itália de 1970, a Lotus não iria com a equipe oficial para a edição de 1971 da corrida de Monza. Colin Chapman temia represálias e sabia-se que corria um processo contra ele e sua escuderia. Assim, haveria os Lotus – mas não nas cores da Gold Leaf.

Emerson Fittipaldi, por exemplo, fez a prova com a Lotus 56B dotada da turbina Pratt & Whitney sob o nome de fantasia Worldwide Racing, numa decoração preta e dourada – não era John Player Special, bem entendido.

Müller correria em Monza com o dorsal #6 e faria sua estreia aos 31 anos como piloto de Fórmula 1. Porém, a morte de Pedro Rodriguez num evento da Intersérie disputado em Norisring, na Alemanha, alguns meses antes, teria feito o suíço rever seus planos. O mexicano guiava uma Ferrari 512 exatamente inscrita pela equipe de Herbert Müller, que sofreria anos depois um acidente fatal durante os 1000 km de Nürburgring em vencidos por Hans-Joachim Stuck e Nelson Piquet.

A foto foi publicada pelo amigo Luiz Alberto Pandini num dos grupos de automobilismo do Facebook.

Há 49 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Puxa, nunca vi foto dessa Lotus 72 nessas cores.
    Acho que cheguei a ver ela azul marinho, nas cores da Rob Walker, mas nunca nesse amarelo sei la o quê…
    Nossa, como conseguiram fazer a linda Lotus 72 ficar horrorosa !!!
    Mas gostei de ver a raridade.

    Em tempo: acho – a memoria me diz – que o Lotus 56B foi inscrita em Monza 1971 nas cores dourado e preto (mas em outro c/s, não o do JPS), sob um suposto patrocinio da Moonraker, uma fabrica de barcos de alto valor (yactchs), da qual o Colin Chapman era dono e fundador.

  • Mais alguns detalhes dessa 72, chassis R4.
    Quando Rob Walker abandonou a categoria ao final de 70, o suíço Jo Siffert, que havia sido piloto dele no biênio 68/69, inclusive vencendo o GP da Inglaterra em 68 com a 49B, acabou comprando a barata.
    E ela é a mesma que, ao final de 72, esteve aqui em São Paulo, mas daí já nas cores tradicionais da JPS, naquela exposição na Praça Roosevelt onde também estavam o March 711 do Pace e a Tyrrell 003 do Stewart, acho também que a BT-34 do Wilsinho estava presente.
    Nessa ocasião já sendo de propriedade dos irmãos Fittipaldi, tanto que passou um bom tempo por aqui, antes de voltar para o estrangeiro.

  • Obrigado pelas informações extras, Zé Maria!
    Onde estará esse carro hoje? Se eu tivesse a felicidade de poder comprá-lo e ele precisasse de restauração, ficaria com sérias dúvidas a respeito de como pintá-lo…