Já que não tem tu…

RIO DE JANEIRO (… vai tu mesmo!) – Na ausência das 24h de Le Mans de verdade, adiadas para setembro por conta da Pandemia do novo Coronavírus, o Automobile Club de l’Ouest teve a sacada genial de agregar o evento aos eSports, os eventos esportivos virtuais.

E o efeito foi sensacional. Um grid estelar tomou forma para o evento que ocupará, exatamente quando aconteceria a 88ª edição desse clássico do Endurance mundial, a lacuna deixada pela corrida à vera.

Na plataforma do rFactor 2, vão correr 50 carros – trinta protótipos e vinte GTs – com quatro pilotos em cada – reais e de simuladores, totalizando 200 nomes confirmados para as 24h de Le Mans virtuais.

À exceção da Penske – com direito a Juan Pablo Montoya e cia. limitada – e da United Autosports, que vão com quatro pilotos de verdade, todas as demais tripulações terão um ou dois especialistas dos simuladores.

E não que os pilotos da real não sejam – muito pelo contrário: em tempos de confinamento o que não falta é campeonato e corridas para eles participarem, em um monte de plataformas digitais.

As 24h de Le Mans virtuais, com largada às 10h da manhã do próximo dia 13 de junho, terão 200 pilotos – oito deles, brasileiros: Bruno Senna (Rebellion Williams eSport); Nelsinho Piquet (Toyota Gazoo Racing ARG); Pietro Fittipaldi e Tony Kanaan (MPI-Zansho); Rubens Barrichello (FA/RB Allinsports); André Negrão (Signatech Alpine Elf); Felipe Massa (Strong Together) e Felipe Fraga (Team Project 1).

Dos oito, seis vão andar em protótipos Oreca 07 LMP2, o único modelo disponível por enquanto para rFactor – parece que estão trabalhando nos demais modelos para serem oferecidos aos consumidores. Massa vai de Ferrari 488 GTE e Fraga, de Porsche 911 RSR.

Aliás e a propósito, o FA da equipe de Rubinho é de ninguém menos que Fernando Alonso, que disputará a prova e é um craque nos simuladores, tendo tido excelentes desempenhos em provas virtuais de Fórmula Indy.

E fiquem atentos ao carro #20 do Team Redline que terá ninguém menos que Max Verstappen e Lando Norris juntos, sem contar Charles Leclerc na Ferrari da AF Corse que dividirá com dois pilotos de simulador – um deles é Enzo Bonito, que até no ROC andou ano passado – e Antonio Giovinazzi, piloto da Alfa Romeo na Fórmula 1.

Da turma dos simuladores, muitos aliás estão no Race at Home Challenge, que no próximo fim de semana conhecerá seus campeões, inclusive o esloveno Kevin Siggy, que está bem perto de ganhar um teste com um carro de verdade do ABB FIA Fórmula E. Siggy defenderá um dos carros do Jota Team Redline com Antonio Felix da Costa, Félix Rosenqvist e o piloto de simuladores Rudy van Buren.

Comentários

  • Eu tô curtindo esse lance de corridas virtuais. E tô nem aí para quem pensa o contrário. Periga perder o bonde da história e andar de charrete pelo resto da vida.
    Não pelo fato de substituírem as reais, não substituem, claro que gostaríamos mesmo de ver ronco de motor de verdade e carros batendo rodas à vera. Mesmo vendo pela TV ou pelo streaming.
    Mas, pelo fato de que as corridas virtuais estão, em sua maioria, sendo tratadas tão a sério como se corridas reais fossem. E é o que tem que ser. Se campeonato real tem regras e organização, o virtual que quer ter público, alcance e prestígio tem que seguir a mesma fórmula. E até que vem sendo razoavelmente bem-sucedidos. Os pilotos reais abraçam a ideia e os especialistas nos simuladores só têm a ganhar com isso, terão que subir o nível também. Todos ganham nessa sinergia. Com uma ou outra exceção (trapaças, batidas propositais e desinteresse ocasional), o que se desenha é que o e-sport veio pra ficar.
    Não para substituir o esporte real. Não, esquece aquela coisa de filme de ficção científica de que a gente mete um treco na cabeça e passa a fazer o que devia fazer fisicamente de forma virtual, e desaprende a fazer de verdade. O futuro é menos sombrio do que isso. O virtual vai ser uma alternativa. E de quebra vai tornar o real mais seguro.
    O que não quer dizer que será menos emocionante. Temos carros que parecem saídos do desenho dos Jetsons hoje, se compararmos com os primórdios das competições de automóvel (Indy tá aí há mais de 100 anos, pega o carro da primeira corrida e pega o de hoje, o de 1911 parece coisa de filme steampunk!). Muito mais seguros, velozes, e provas tão ou mais emocionantes que naquela época. Daqui a 100 anos não faço ideia do que vem. Levitação magnética? Propulsores? Gravidade negativa? Qualquer treco inconcebível e impronunciável nos dias de hoje que vai revolucionar a ciência? Pode ser tudo isso ou qualquer novidade mirabolante, que vai deixar o esporte mais seguro. E vai ter torcida do mesmo jeito. E vai depender do fator humano do mesmo jeito, mesmo os pilotos do futuro sendo provavelmente atletas com o físico e o mental num nível que farão Hamilton parecer um senhor de terno e cartola andando num Ford T no início do século XX.
    E, num pós-pandemia, será outra alternativa pros pilotos de verdade, afinal, creio que nenhuma equipe vai proibir um piloto de F-1 em correr uma Indy 500, um GP de moto ou um Rali Virtual… A menos, bem, não pode ser no mesmo horário da corrida real, né?