Dobradinha Mazda no retorno da IMSA

No “novo normal” do automobilismo, os mascarados Tincknell e Bomarito festejam o triunfo da Mazda na Weathertech 240, prova que marcou o retorno da IMSA após mais de cinco meses por conta do Covid-19

RIO DE JANEIRO – Após exatos 160 dias, mais de cinco meses sem corridas no calendário, a IMSA retornou com tudo neste sábado, numa prova sprint de 2h40min disputada em Daytona, na Flórida. Foi permitido público – 5 mil espectadores – no circuito, a prova foi muito boa e sem nenhum Safety Car. E com dobradinha, mais uma, dos Mazda DPi.

Com um carro muito veloz e provando que a saída do Team Joest como estrutura principal nada mudou a competitividade do RT24-P da marca oriental, Harry Tincknell e Jonathan Bomarito triunfaram com Oliver Jarvis e Tristan Nunez completando o 1-2 da equipe.

A disputa começou com 40 minutos de atraso por conta dos rígidos protocolos de segurança aplicados nos circuitos dos EUA. A IMSA está sob o guarda-chuva da Nascar e, num raio de oito milhas de cada circuito, quando há relâmpagos existe um standby para preservar equipes, pilotos e público. É que há alguns anos, um raio atingiu um espectador em Pocono, na Pensilvânia – e esse espectador veio a óbito.

Quando a corrida começou, havia diferentes estratégias. Algumas equipes, por conta da chuva que molhou o asfalto entre o treino classificatório e a hora da bandeira verde, se precaveram e montaram pneus biscoito. Quem optou por eles teve melhor performance no início, contra os que largaram de slicks.

Hélio Castroneves dominou no início mas, quando trocou para lisos, seu Acura nunca mais foi o mesmo. Depois, já com Ricky Taylor a bordo, o motor do carro do Team Penske quebraria, provocando muita fumaça.

Entre os DPi, as equipes AX Racing/Whelen Engineering e Wayne Taylor Racing optaram pelo oposto dos adversários. Largaram de slicks, sacrificaram as primeiras voltas e permaneceram na pista para um turno longo de mais ou menos 40 minutos de tanque. O que salvaria esses dois Cadillac DPi V-R para lutar pela vitória seria uma amarela – que nunca veio.

O jeito principalmente para Pipo Derani e Ryan Briscoe foi estender as janelas de stint o máximo que desse, economizando combustível e usando uma mistura um pouco mais empobrecida. Eles bem que tentaram, mas não foi o suficiente principalmente contra a velocidade dos Mazda.

Raposas velhíssimas do Endurance, João Barbosa e Sébastien Bourdais também seguiram o mesmo procedimento de Mazda e Penske – e se saíram bem. A dupla da Mustang Sampling/JDC-Miller Motorsports acabou premiada com o pódio, suplantando os atuais campeões Dane Cameron e Juan Pablo Montoya.

Pipo correu desta vez com o colombiano Gabby Chaves e à dupla restou apenas a 5ª colocação. Pelo menos o brasileiro salvou bons pontos e a torcida dele é que em Sebring, na próxima etapa, as coisas possam mudar de figura, dependendo de um BoP que penalize Mazdas e Acuras para daqui a duas semanas.

Jordan Taylor (de óculos) e Antonio Garcia empunham os troféus e a bandeira alusiva à centésima vitória da Corvette nas séries IMSA

Na GTLM, as estratégias também deram o tom, com a Porsche arriscando com pelo menos um de seus carros começar com pneus biscoito e deu certo em princípio, com Nick Tandy chegando a andar à frente dos DPi que partiram de slicks – abrindo, também, enorme diferença para os adversários. Só que o piloto precisou trocar para slicks e ficou fora do ciclo dos demais.

A BMW assustou, chegou a liderar, mas tinha contra si o consumo de combustível. Já a Corvette e o #912 da dupla “Bamthor” resolveram jogar suas fichas na economia de gasolina e o último turno foi um suplício. Tommy Milner e Oliver Gavin tiveram que levantar mais o pé, o que não aconteceu a Antonio Garcia e Jordan Taylor e aos rivais da Porsche.

O resultado foi que a Corvette, na segunda corrida do modelo C8.R, chegou à vitória e conquistou seu centésimo triunfo em provas nos EUA. Uma vitória espetacular do construtor que hoje mais simboliza a presença estadunidense na IMSA.

E na GTD, virou passeio, como diria Galvão Bueno: os Lexus RC-F da AIM Vasser Sullivan correram em voo de cruzeiro, dominaram de forma inconteste e fizeram um raro 1-2, com o triunfo pertencente a Jack Hawksworth/Aaron Telitz, escudado por Townsend Bell/Frankie Montecalvo. Detalhe: Bell chegou em cima da pinta para a corrida, pois veio de Indianápolis, onde trabalhara como comentarista do canal NBC na prova da Indy.

Após fortíssima luta caseira, Matt McMurry/Mario Farnbacher levaram o Acura #86 da Meyer Shank Racing ao pódio, derrotando Álvaro Parente/Misha Goikhberg. Cooper MacNeil/Toni Vilander completaram o top 5. Dentre as equipes estreantes, nenhuma se destacou muito em ritmo de prova: a Compass Racing fez a pole, mas foi prejudicada por penalidades e terminou em penúltimo, atrás da Gradient Racing e à frente do Team Hardpoint.

A próxima prova será no dia 18, daqui a duas semanas – o Cadillac Grand Prix of Sebring. A classe LMP2, ausente em Daytona, retorna para sua segunda aparição valendo pontos pelo campeonato de 2020.

Comentários

  • Pelo jeito a parceria com o Team Joest, mesmo recém desfeita, fez muito bem à Mazda e os caras tomaram gosto mesmo pela vitória. Os dois carros estão fortes e são postulantes ao título, juntamente com os carros da Penske. Os Cadillac, dominantes no passado, agora dependem de ajustes do BoP para retornarem para a briga.
    Legal também a vitória da Corvette Racing com o novo C8-R “ex-trovão”, de ronco acanhado mas, sem dúvida, o bais belo GTLM do grid. Apesar disso, a corrida da classe poderia ser melhor, assim como também a GTD.
    Que venha Sebring.