Impecáveis: Derani e Nasr vencem GP de Sebring na IMSA

A celebração dos “mascarados” (no sentido pandêmico do termo, é claro) Nasr e Derani no pódio do Cadillac Grand Prix of Sebring. Foi a quarta vitória de Pipo em cinco corridas no exigente circuito da Flórida (Foto: Divulgação)

RIO DE JANEIRO – Foi um fim de semana que ninguém ousou chamar de outro adjetivo que não incontestável – talvez, impecável. Pole position, vitória de ponta a ponta, giro mais rápido da disputa e domínio absoluto do Cadillac Grand Prix of Sebring. Assim pode ser definido o triunfo de Pipo Derani/Felipe Nasr neste sábado, na 3ª etapa do IMSA Weathertech SportsCar Championship.

Oposição, talvez, apenas no início quando Renger Van der Zande, no Cadillac #10, largou bem e assustou. E a diferença, que subiu ao longo do primeiro e do segundo stints, diminuiu um pouco no início do terceiro. Mas Ryan Briscoe, que até andou bem quando entrou no lugar do holandês, teve de maneirar para não acabar sem gasolina. O resultado foi que, ao cabo de 83 voltas percorridas na janela de 2h40min de disputa, a vantagem de Pipo e Nasr sobre a dupla que chegou em segundo foi superior a 36 segundos.

“Tive de tomar cuidado com os pneus e economizar combustível, mas o carro estava perfeito”, lembrou o piloto de 26 anos. “Acredito que este lugar, realmente, gosta de mim. Foi um dia fantástico para nós. Nossa última vitória foi no ano passado, em Petit Le Mans, e esta equipe é tão acostumada a vencer. As duas corridas em Daytona não foram boas para nós, não foi o que a equipe esperava. Mas, finalmente, voltamos ao lugar mais alto do pódio”, comemorou.

“Esta é minha quarta vitória em Sebring em cinco tentativas. Obviamente, não foi nas 12 Horas de Sebring desta vez, mas eu amo este lugar. Tivemos um carro dominante e é fantástico quando o carro desce do caminhão com um acerto tão bom como este que tivemos aqui. Fomos os mais velozes no segundo treino livre, conquistamos a pole position e vencemos. Meu muito obrigado a toda equipe Whelen Engineering Cadillac. Eles fizeram um trabalho fenomenal para nos colocar nesta posição”, continuou Derani, que também celebrou o retorno de Nasr ao cockpit.

“Muito bacana ter o Felipe de volta, ele que perdeu a última corrida, infelizmente, mas é uma grande peça do nosso quebra-cabeça e ter ele de volta também foi essencial para esta vitória. Agora, vamos trabalhar muito para entrar na briga pelo campeonato. Espero que a gente possa vencer mais corridas e lutar pelo título até o final”, disse Derani, que ao lado de Nasr venceu o Campeonato Norte-americano de Endurance em 2019 e foi vice-campeão do IMSA.

Foi a segunda vitória dos brasileiros correndo juntos – a primeira, evidentemente, foi nas 12h de Sebring, a corrida mais celebrada do Endurance dos EUA, ano passado.

Por falar em pane seca, os Mazda RT24-P que animaram a disputa no turno final acabaram vítimas da falta de gasolina. O último turno de pilotagem deixou Oliver Jarvis e Harry Tincknell na mão e os britânicos se arrastaram pelos metros finais com o combustível no fim. Sébastien Bourdais/João Barbosa, que vinham em quinto, acabaram premiados com o pódio, num excelente 1-2-3 da marca Cadillac num evento patrocinado por ela.

A Penske foi vítima de uma má estratégia e de uma falha mecânica que atrasou o #7 de Hélio Castroneves/Ricky Taylor. Vítima de uma súbita perda de potência, Helinho teve de parar nos boxes: uma braçadeira do turbocompressor saíra do lugar no motor do Acura DPi. Felizmente veio um ciclo de bandeiras amarelas, o carro foi reposicionado na volta dos líderes e a equipe decidiu arriscar contar com novas intervenções do Safety Car para retornar ao jogo.

Não deu: com evidente falta de ritmo em relação a Caddies e Mazdas, os Acuras acabaram em sexto e sétimo na geral e na categoria porque o #85 de Stephen Simpson e Tristan Vautier fez um pit extra perto do final, para evitar ficar sem combustível.

Na classe LMP2, que fez finalmente sua primeira corrida valendo pontos para o campeonato – nas 24h de Daytona, os carros competiram apenas pelo certame de Endurance e na prova passada, não foram inscritos – a DragonSpeed cruzou na frente com Gustavo Menezes/Henrik Hedman. Só que não levou: o time não respeitou o tempo mínimo de 45 minutos de corrida para o sueco Hedman, que tem graduação bronze. A dupla perdeu todos os pontos conquistados e, pior, acabou excluída da classificação final.

Assim, a vitória ficou com Patrick Kelly/Spencer Pigot, da PR1/Mathiasen Motorsports, seguidos por Cameron Cassels/Kyle Masson (Performance Tech) e Dwight Merriman/Kyle Tilley (ERA Motorsports)

A GTLM viu um incidente no mínimo incomum na primeira parada em bandeira amarela: um enrosco entre os dois Porsche 911 RSR do time oficial de fábrica custou a perda de um parachoque dianteiro e uma penalização ao carro #912 de Earl Bamber/Laurens Vanthoor e logo depois um furo de pneu ao #911 de Fred Makowiecki/Nick Tandy – este último, inclusive, evitou um acidente de grandes proporções.

A dupla “Bamthor” ainda conseguiu um ótimo ritmo de prova e roubou da BMW um lugar no pódio. A batalha, sem a Porsche, foi doméstica entre os dois Corvette C8.R: sem nenhum jogo de equipe, venceu a dupla Tommy Milner/Oliver Gavin, seguidos por Jordan Taylor/Antonio Garcia.

Aaron Telitz/Jack Hawksworth foram de novo dominantes na GTD e ofertaram à AIM Vasser Sullivan a segunda vitória consecutiva em 2020: essa prova valeu apenas pelo IMSA Weathertech Sprint Cup e não contou pontos na classe para o campeonato geral. Toni Vilander/Cooper MacNeil (Ferrari) levaram a segunda colocação e Robby Foley/Bill Auberlen (BMW) completaram o pódio.

A próxima etapa será no dia 2 de agosto, o GP de Road America, em Elkhart Lake, com as quatro classes de novo na pista.

Comentários

  • O melhor piloto brasileiro na atualidade tem nome e sobrenome: Luis Felipe Derani.
    Periga até de ser o melhor desde o fim da era Senna.

  • É impressionante (imprecionante para um certo ex-ministro) como Pipo Derani casa bem com esta pista, que é muito seletiva. Um feito e tanto mesmo mais esta vitória. E que grande retorno do Nasr, mostrando mais uma vez que há vida e felicidade para um piloto fora da F1.
    Na GTLM, após um início de ano ruim, o Corvette C8R mostra que é um grande carro e é realmente uma pena que não estará na próxima edição das 24h de Le Mans, porque já se credenciaria como sério candidato na LMGTE-Pro.
    Assim como citei noutro post da ELMS, acho que o ACO deve realmente considerar adotar a configuração GT3 para suas classes GTE, o que possibilita, além da manutenção dos atuais fabricantes, a inclusão de outros que não fabricam carros GT2.