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Extraterrestre: Lewis Hamilton e uma pole que desafia qualquer concepção humana, para o GP da Estíria. O britânico foi avassalador num sábado molhado no Red Bull Ring

RIO DE JANEIRO – Normalmente, não me sento à frente do meu computador para tecer análises após as qualificações que definem o grid de largada das corridas de Fórmula 1. Já escrevi muito no passado. Hoje, não mais.

Mas vou abrir uma exceção porque o treino do GP da Estíria saltou mais uma vez aos olhos de todos o porque de Lewis Hamilton estar furos acima do resto e caminha para ser o maior piloto da história da Fórmula 1.

Ele encontra níveis de aderência no molhado, que aparenta ser fácil demais o que ele está desempenhando na pista. E o traçado do Red Bull Ring estava com uma camada de água suficiente para permitir erros – afora que os carros têm uma prancha de madeira no assoalho, o que aumenta exponencialmente os riscos de aquaplaning.

O britânico da Mercedes-Benz preta tira coelho da cartola de uma forma natural. Enfiar um segundo e dois décimos (ok, Max Verstappen perdeu a volta boa, mas não pela rodada e pelo tanto que ele vinha corrigindo o carro) no rival da Red Bull é algo fora do normal.  Pra mim, acima de qualquer concepção humana.

A pole – 89ª da carreira, ampliando o recorde histórico – em 1’19″273 foi excepcional para as condições difíceis do traçado austríaco e, com o acúmulo de água, não foi o melhor tempo do dia. O próprio Hamilton, no Q2, chegou a rodar em 1’17″825 – e Max, em 1’17″938. Seria sem dúvida um duelo ansiado pela pole, mas o britânico não tem culpa de ser superior em condições mais adversas.

Alguém lembrou daquela vitória dele em Silverstone/2008? Então…

Sim, sei que grandes pilotos também erram e no ano passado aconteceu aquela cagada master em Hockenheim. Mas, pombas! Senna já errou, Prost também, Schumacher, Alonso, Vettel, Clark, Piquet, Lauda… longa lista. Sepp Maier, o grande arqueiro da seleção alemã dizia:

“Só os grandes goleiros tomam grandes frangos.”

Grandes pilotos cometem erros crassos de vez em quando.

Enfim, vida que segue. E o treino para o glorioso GP da Estíria, o primeiro evento com nome de um local específico desde a corrida de Pescara no longínquo 1957, foi muito legal.

Teremos quatro equipes no grid entre os cinco primeiros: Mercedes-Benz (única com dois carros), Red Bull, McLaren e Renault. Foram seis equipes no top 10.

E o que anda essa nova geração no molhado hein? Que barbaridade… ótimo treino de Ocon, Norris, Gasly e, especialmente, George Russell.

Esse menino britânico é um desperdício de talento. Levou a Williams a um Q2 desde Sergey Sirotkin no Brasil em 2018. Ficou com o 12º lugar no grid. À frente não só do colega de box Latifi, mas também das duplas de Alfa Romeo, Haas e da superestimada (é provocação, hein?) Racing Point.

As condições de pista devem ser diferentes de hoje e pode não chover. Uma pena: queria ver uma corrida ‘aquática’. Mesmo nessa situação de piso seco, acho que Hamilton larga com o favoritismo, embora Verstappen venha pra cima com a faca nos dentes – e precisa: a Red Bull está zerada e, num campeonato com previsão de pelo menos sete corridas abaixo do previsto, a princípio, todo ponto perdido é um prejuízo ainda maior no campeonato.

Comentários

  • Concordo 200% com tudo que você escreveu sobre o Hamilton.

    Tem gente que ainda duvida que ele será hepta.Eu vejo um pouco mais a frente. Penso que em breve nós iremos presenciar Lewis Hamilton sendo octacampeão. Esse octa poderá até ser igualado e, talvez, batido, mas , supondo que isso aconteça, vai demorar muito para esse dia chegar.

  • Comente sempre, Rodrigo, não nos prive da sua boa visão dos treinos.
    Alguém falou, e é verdade, a diferença de Hamilton pro segundo colocado foi maior que a diferença do segundo (Max) para o decimo colocado (Vettel) .
    Pra mim, a decepção dos treinos foi Perez. Suponho que algo de errado aconteceu, porque o mexicano normalmente anda bem no molhado.