Rubens, 20 anos

RIO DE JANEIRO – Como é bom olhar no retrovisor da memória e recordar que em 30 de julho, há 20 anos, Rubens Gonçalves Barrichello conquistou naquela data uma primeira vitória que foi e continua sendo histórica em todos os sentidos.

Por todos os ingredientes: a posição difícil na classificação que definiu o grid, a corrida totalmente de ataque, a ousadia da estratégia que deu muito certo e a quebra de um tabu que ultrapassou mais de cem GPs – 123, para ser mais exato.

O talento do piloto, então com 28 anos, foi fortemente questionado. De revelação instantânea na Jordan, teve oportunidades de ir para Williams e McLaren, antes mesmo que a própria Ferrari o descartasse em 1996 em favor de Eddie Irvine. Mas Jackie Stewart acreditou em Barrichello, ergueu sua equipe de Fórmula 1 em torno dele e a Stewart Grand Prix recolocou Rubens num patamar de opção para Maranello, que enfim o trouxe em 2000.

Não está em julgamento o depois. Brasileiro tem mania de questionar os esportistas que não conquistam títulos e isso não é assunto. A primeira vitória de Barrichello é um épico do esporte. Acompanhada de uma narração não menos épica de Galvão Bueno, emocionado por poder chamar o Tema da Vitória após sete anos, desde que Ayrton Senna triunfou em Adelaide no encerramento do Mundial de 1993.

Hoje, Barrichello, aos 48 anos, impressiona pela fome e pelo tesão em busca das vitórias. Não é qualquer piloto que consegue ter essa vitalidade e alegria de fazer o que gosta. E acho que ele tem consciência do que fez na vida – embora muitos da imprensa e principalmente o torcedor brasileiro não reconheça o seu devido valor.

O triunfo em Hockenheim está no rol de suas três maiores vitórias na F1. Sem ordem, as outras duas são o GP da Grã-Bretanha em 2003 e também o triunfo em Monza no ano de 2009, revestido de importância por ser, desde então, o último de um brasileiro na categoria.

Obrigado, Rubens. Por toda essa emoção que sentimos e que completa 20 anos hoje. Que venham outros anos mais para que consigamos ainda reunir em palavras o nosso sentimento em relação à essa primeira e inesquecível vitória no GP da Alemanha de 2000.

Comentários

  • Mattar,

    Um grande piloto que não soube, em determinado momento da carreira, tirar das próprias costas “a esperança de todos os brasileiros”.

    Talvez por erro próprio, talvez por imposição da televisão. Mas como vc mesmo disse, não é isso que se trata…

    Um grande piloto brasileiro que esteve na melhor equipe de um período no momento errado, mas que sem dúvida tem o carinho e a torcida de quem gosta de Automobilismo, não de quem “gosta de ver o Brasil vencer”.

    Se não me falha a memória, em Donington Park, circuito que recebeu o GP da Europa de 1993, a “melhor primeira volta da História do Automobilismo” que é atribuída ao Ayrton Senna, também viu um show de Barrichello, me corrija se estiver errado, por favor…

    Parabéns pela data Barrica, e que continue com esse tesão por muitos e muitos anos!!!

    • Perfeito André,
      Quanto a Donnigton, o Rubens teve o azar de uma quebra da bomba de combustível a 5 voltas do fim, quando estava em terceiro.
      Tendo largado em 12º , ao final da primeira volta já estava em 4º e certamente dividiria a chamada “melhor primeira volta da história” com o Ayrton.

      • Então Ricardo, nesse ponto acho estranho considerar a volta do Senna e não a do Barrica…

        Estamos falando da primeira volta, e Barrica passou mais carros do que o Senna!!!

    • Monstro, até hoje extremante rápido e competitivo dando calor em menino que usava fraldas no auge dele na F1. Pena que uma enorme parte dos filhotes da era Senna mas que efetivamente não conhecem de automobilismo desmerecem o que ele é. Vida longa Rubens!!

  • Foi emocionante demais, como torci por ele, principalmente na Stewart… tanto que não tenho este sentimento de que “faltou título”, pra mim o que fez falta foi ele ter vencido com a Stewart, aquela vitória tinha que ser dele.

    Eu fui acompanhar a Indy porque ele foi correr lá, pena não ter ido tão bem, faltou mais um ano na minha opinião, mas é um cara que faz o que gosta e é sempre muito bom ver isso.

  • Com certeza, essa 1ª vitória é inesquecível, mas pelo andar da carruagem, acho que durante um bom tempo nós ainda falaremos muito sobre Monza/2009, pois já são 11 anos sem um piloto brasileiro vencer na F-1.

    Para aqueles que detonam o Rubinho e o Massa, por não terem sido campeões, eu gosto de comparar a carreira deles com o superestimado Jean Alesi, que foi tratado como gênio quando estreou, e que em breve seria campeão mundial.

    Rubinho foi vice-campeão duas vezes e Massa uma vez. Jean Alesi conseguiu a “inacreditável e impressionante” façanha de vencer apenas uma única corrida, e teve como melhor colocação o 4º lugar em 1996 e 1997.

    Hoje cedo, lembrei do Rubens ao ler a seguinte notícia na Folha de S.Paulo:

    “Cerca de 600 clientes, que desembolsaram US$ 250 mil por cabeça e a Virgin Galactic designa como “futuros astronautas”, esperam há anos para embarcar no SpaceShipTwo”.

    A SpaceShipTwo deve, finalmente, decolar até o fim desse ano, e eu lembrei que o Barrichello foi um dos primeiros clientes a comprar uma passagem. Acredito que, mesmo estando mais velho, ele ainda irá encarar essa viagem.

    • Apesar de ter sido campeão por alguns momentos, coloco Massa abaixo do Barrichello…

      Mas ambos, indiscutivelmente, foram excelentes pilotos!!!

  • Lembro dessa corrida como se fosse ontem, tinha 16 anos e a menos de um mês havia chegado na Alemanha – Altona, ao lado de Hamburgo – para um intercâmbio de um ano, ou seja, assisti em meio a uma armada de torcedores fanáticos do Schumacher. No final, eu virei pra eles e disse – em um alemão muito rudimentar, diga-se – que aquilo era só o começo e que Rubens seria maior que o companheiro alemão, até hoje minha “família alemã” me zoa por causa disso!

    Rubens é um gigante, merece toda reverência, eu adoraria analisar o currículo dos “especialistas” que o menosprezam, adoraria ver se toda a protagonismo e brilhantismo que cobraram tanto está minimamente presente na vida profissional de seus detratores.