Le Mans 2020: Rebellion e Déletraz surpreendem e lideram treino noturno

A Ponte Dunlop, lendário cenário de cartão postal emoldurado pelo crepúsculo em La Sarthe e um Porsche 911 RSR: símbolos vivos e autênticos de uma edição atípica das 24h de Le Mans (Foto: Harry Parvin/AdrenalMedia.com/FIA WEC)

RIO DE JANEIRO – O charme das 24h de Le Mans sempre é a atividade noturna. E o Automobile Club de l’Ouest (ACO), organizador do evento, mesmo em tempos de Pandemia, programou uma sessão específica para as equipes – tão acostumadas até o ano passado a usar esse período do dia para as sessões classificatórias, aproveitando a combinação perfeita de ar mais frio e temperatura mais baixa – o que ajuda na refrigeração dos motores, no óleo e também no comportamento dos pneus macios, que ganham em durabilidade e performance.

Por isso, o terceiro treino livre – com nada menos que quatro horas de duração – fechou a quinta-feira cheia em La Sarthe, com 10h de pista em três treinos de acertos, afora a qualificação de 45 minutos, que aconteceu mais cedo. A atividade foi das 20h locais até a meia-noite. E dá-lhe trabalho agora nos boxes, com mecânicos certamente varando a madrugada em busca dos ajustes finos.

E surpreendeu a Rebellion Racing, vindo de uma sessão classificatória difícil e um dia até aqui problemático achar um belo caminho e fazer o melhor tempo da sessão noturna em ótima volta do suíço Louis Déletraz, companheiro de Pedro Piquet na Fórmula 2, onde defendem a Charouz.

O novato, que inclusive andou muito bem no fim de semana passado em Mugello, estabeleceu 3’19″158, uma marca que dá esperanças à equipe de conseguir, quem sabe, dar trabalho à Toyota numa sessão tão específica da corrida quanto o trecho noturno – que neste ano é bem mais longo que nos últimos anos por força do fim do verão. As noites são maiores e os dias, mais curtos.

Essa marca inclusive daria à trinca formada por Déletraz, Romain Dumas e Nathanaël Berthon a 3ª posição entre os LMP1 que avançaram à Hyperpole. Veremos amanhã, noutra situação de pista, se eles vêm mesmo mais pra frente.

Em resumo: foi a sessão de treino mais equilibrada entre os carros da principal classe, talvez porque a Toyota não forçou tanto o ritmo em seus TS050 Hybrid. O #7 fez parte do recheio do sanduíche de Rebellion na sessão noturna, com 3’19″638 enquanto o #1 da tripulação de Bruno Senna também virou melhor que no classificatório, em 3’19″775.

A ByKolles teve seu treino bastante prejudicado por uma saída de pista seguida de bandeira vermelha, provocada pelo canadense Bruno Spengler. O carro do time austríaco deu somente 11 voltas na sessão, a melhor delas em 3’31″596 – nem de longe perto de todos os outros protótipos da principal categoria.

Curioso notar que na LMP2 os tempos sequer foram próximos do que as equipes andaram mais cedo no classificatório: o Duqueine Team fez a melhor volta do treino noturno com 3’28″013, enquanto a melhor marca mais cedo foi 3’26″648 com Nyck De Vries.

A diferença da equipe francesa para o resto do pelotão no terceiro treino livre foi de incríveis nove décimos de segundo – muito numa categoria pretensamente de equilíbrio, com motor e ECU padronizados – tendo a United Autosports em segundo e depois somente mais outros três carros rodando entre 3’28” alto e 3’29”.

Na Signatech-Alpine Elf, do brasileiro André Negrão, a opção do time foi passar em revista todos os tipos de compostos possíveis para serem usados ao longo da prova – tanto pneus macios da Michelin quanto os de composição média e dura, também. O carro #36 foi um dos que menos voltas percorreu na sessão – 31 no total, a melhor delas em 3’30″652 – nono na categoria, 13º na geral.

Após um primeiro treino difícil, a Porsche encontrou um caminho. Foi a mais rápida no FP2 e repetiu a dose no FP3, faltando ainda alguma coisinha em ritmo de classificação. Mas os alemães sempre são perigosos adversários. O #92 dos atuais campeões Kévin Estre e Michael Christensen, mais Laurens Vanthoor, estabeleceu o melhor tempo da sessão em 3’52″177, quase três décimos abaixo do Aston Martin #97 do trio Alex Lynn/Maxime Martin/Harry Tincknell.

Com 3’52″800, a trinca campeã do ano passado na prova, formada por Ale Pier Guidi/Daniel Serra/James Calado estabeleceu o quarto melhor tempo da sessão noturna na LMGTE-PRO.

Entre os LMGTE-AM, a MR Racing e sua Ferrari 488 GTE EVO operada pela Car Guy do Japão e assessoria da AF Corse foi a mais rápida com 3’54″490, exatamente um décimo de segundo abaixo do Aston Martin #98 que tem entre os tripulantes o brasileiro Augusto Farfus.

A Luzich Racing – equipe de Oswaldo Negri – fez o 7º tempo do FP3, enquanto o Team Project 1 foi 13º colocado com o carro de Felipe Fraga. A Hub Auto foi décima-sexta com a Ferrari do novato Marcos Gomes.

Nesta sexta-feira, a quarta e última sessão livre será realizada a partir das 10h da manhã na França (5h de Brasília). A Hyperpole, com a participação dos cinco protótipos LMP1 e dos seis mais rápidos das divisões LMP2, LMGTE-PRO e LMGTE-AM, tem início às 11h30 locais – 6h30 de Brasília. Esses treinos podem ser vistos pelo streaming (pago) do FIA WEC.

O Fox Sports 2 transmite nesse fim de semana AO VIVO a 88ª edição das 24h de Le Mans nas seguintes janelas: sábado por volta de 9h30 até 13h30 e também em flash após o beisebol, antes da Nascar (sinceramente, sigo torcendo por chuva em Bristol) e a chegada no domingo a partir de 8h da manhã, tudo pelo horário de Brasília.

Comentários