24h de Spa: Porsche e ROWE Racing vencem em prova caótica

RIO DE JANEIRO – A edição 2020 das 24h de Spa-Francorchamps, a 72ª desse clássico do automobilismo, coroou mais uma vez a Porsche: a marca alemã conquista sua nona vitória no evento e a segunda seguida após o triunfo da GPX Racing numa corrida marcada por uma longa bandeira vermelha ano passado.

E nesse ano, as situações difíceis se repetiram – em menor escala, é verdade – mas a disputa teve os ingredientes básicos do circuito de 7,004 km de extensão localizado na Floresta das Ardenas, com alternância de pista seca, chuva, traçado úmido e chuva torrencial ao longo daquela que foi a 3ª etapa do Intercontinental GT Challenge e do GT World Challenge Europe Endurance.

Foram vários os concorrentes, inúmeras as brigas e dezenas de carros ficaram pelo caminho entre os 56 que deram a partida. E ao fim de tudo, a ROWE Racing, mesmo com um problema técnico, faturou a disputa com o #98 tripulado por Nick Tandy, Laurens Vanthoor e Earl Bamber. Enquanto o belga da trinca vence pela segunda vez em Spa (ganhou com a Audi em 2014), os antigos vitoriosos das 24h de Le Mans agora triunfam também num dos circuitos mais exigentes do mundo.

A disputa começou às 16h locais no sábado, com meia hora de atraso em relação ao previsto, porque numa das preliminares houve um violento acidente e as barreiras de proteção precisaram ser consertadas. Dada a largada, a disputa inicial foi entre o Mercedes-AMG #88 do Team AKKA-ASP com o Lamborghini #63 da Orange 1 FFF Racing Team, tendo também por perto o Audi #31 do Belgian Audi Club Team WRT.

O primeiro destes competidores a enfrentar problemas foi justamente o Audi: perto do fim do primeiro quarto de corrida, já de noite, o carro de Kelvin Van der Linde/Christopher Mies/Dries Vanthoor começou a ter dificuldades na altura de Blanchimont e se entregou na subida da Eau Rouge, envolto em fumaça. Àquela altura, o primeiro carro com brasileiros já havia desistido: a corrida para a BMW vencedora em Indianápolis e alinhada pela Walkenhorst Motorsport durou 107 voltas. Oficialmente, foram declarados fora da disputa com 5h40min decorridos.

A Porsche começou a surgir na disputa primeiro com a KCMG e o trio vencedor ano passado com Michael Christensen/Kévin Estre/Richard Lietz, além dos dois carros da GPX Racing, destacando-se o #12 de Matt Campbell/Mathieu Jaminet/Patrick Pilet. E eventualmente, o Honda-Acura NSX GT3 EVO, parando fora da janela, se destacava por aparecer e bem entre os primeiros classificados.

Nisso, o Mercedes-AMG #88 saiu definitivamente do páreo. O Team AKKA-ASP resolveu revezar Raffaele Marciello e Felipe Fraga durante a primeira metade da disputa, deixando Timur Boguslavskiy para o mínimo possível a bordo nos stints. Porém, uma explosão num disco de freio (e não uma falha de suspensão, desculpem!) limou as chances da trinca e o segundo brasileiro deixava a prova, próximo à metade da corrida.

Quem emergiu na frente com 12h de prova foi a Ferrari com a AF Corse e James Calado/Ale Pier Guidi/Nicklas Nielsen, que com excelente ritmo se aproximaram da ponta e efetivamente, antes da quebra do carro de Fraga, já eram líderes da disputa.

Antes que se completassem três quartos de prova, o Lamborghini #63 despediu-se definitivamente da corrida. Com Dennis Lind a bordo, o carro da Orange 1 FFF Racing Team despistou-se em Raidillon. Com pouco menos de 40 minutos para a 18ª hora, Louis Machiels, um dos pilotos da Ferrari Pro-Am que tinha o brasileiro Daniel Serra, além de Niek Hommerson e Andrea Bertolini, escapou na Courbe Paul Frére, bateu e deixou a disputa, provocando a neutralização com Safety Car.

A Ferrari #51 ficou na ponta até às 7h da manhã locais, quando o horário de verão europeu já tinha sido encerrado (isto aconteceu às 3h locais) e ao fim de três quartos de prova, emergiu em primeiro o Audi Sport Team Saintèloc Racing e o carro #25 de Dorian Boccolacci/Markus Winkelhock/Christopher Haase. Naquele momento, somente os oito primeiros estavam na mesma volta.

Parecia que os “Senhores dos Anéis” iriam para a quinta vitória em Spa nos últimos nove anos, mas a ROWE Racing arriscou tudo na reta final com duplos stints de pneus de chuva, quando novamente o Safety Car foi acionado por mais um acidente, daquela vez com o Lamborghini da Emil Frey Racing, guiado por Albert Costa/Franck Perera/Giacomo Altoè.

E sem ter sido protagonista em nenhum momento na luta pela vitória, o #98 assumiu a dianteira faltando 1h15min para o término e o final de disputa foi dramático. O Porsche tinha problemas mecânicos e poderia, também com pneus velhos e um câmbio que vazava óleo, perder performance.

A relargada final foi com 35 minutos na regressiva e Tandy, com absoluta maestria, liderou até o cair do pano, com os campeões da prova completando 527 voltas com vantagem inferior a 5 segundos para o Audi da Attempto Racing guiado por Luca Drudi/Patric Niederhauser/Fréderic Vervisch.

E foram três os Porsche 911 GT3-R no top 5, uma vez que a GPX Racing e o trio Jaminet/Pilet/Campbell fechou a disputa logo atrás de Sven Müller/Christian Engelhart/Mtteo Cairoli, num inesperado e excelente 3º lugar para a equipe italiana Dinamic Racing. A AF Corse completou os cinco melhores na classificação.

O top 10 geral teve ainda a Saintèloc em sexto, a melhor Mercedes-AMG (da Haupt Racing Team) em sétimo, o Porsche da Frikadelli Racing Team em oitavo, o Team Honda Racing com o nono lugar e a K-PAX Racing completando as principais posições com um de seus Bentley.

A Ferrari da HubAuto com Marcos Gomes/Kamui Kobayashi/Tom Blomqvist deixou a disputa faltando menos de 15 minutos para a quadriculada e o único brasileiro que terminou as 24h de Spa foi Rodrigo Baptista, 12º colocado após largar da última fila junto aos parceiros Andy Soucek e Álvaro Parente.

Nas demais subclasses, a Barwell Motorsport levou seu Lamborghini Huracán GT3 EVO à vitória com o quarteto formado por Leo Machitski/Ricky Collard Jr./Rob Collard/Sandy Mitchell. A Sky-Tempesta Racing chegou em segundo com Chris Froggatt/Giancarlo Fisichella/Eddie Cheever III/Jonathan Hui, enquanto a Garage 59 pescou o último lugar do pódio da divisão com Maxime Martin/Jonathan Adam/Chris Goodwin/Alexander West.

A Haupt Racing Team ganhou na Silver Cup com a Mercedes-AMG GT3 tripulada pelo próprio Hubert Haupt em parceria com Gabriele Piana, Michele Beretta e Sergey Afanasiev. Esse carro chegou em 18º na geral e com três voltas de vantagem sobre outro Mercedes, este da HTP Motorsport e guiado por Russell Ward/Indy Dontje/Philip Ellis. Florian Latorre/Taylor Proto/Hugo Chevalier/Baptiste Moulin levaram o Lamborghini #555 da Orange 1 FFF Racing Team ao terceiro posto da divisão e ao pódio, óbvio.

Já na Am Cup, porém, um único carro sobreviveu – e com grandes problemas. A CMR resistiu a uma série de incidentes com seu Bentley e levou os pontos da vitória com Stéphane Tribaudini/Stéphane Lemeret/Clément Mateu/Romano Ricci. Os demais carros capitularam: a Raton Racing, que liderava absoluta face os problemas dos rivais, saiu pouco depois da 15ª hora. Os demais carros – um Porsche da Herberth Motorsport e um Audi da Saintèloc – não passaram do primeiro terço de prova.

Ao todo, 38 carros foram classificados considerando a dist^ância percorrida – porém foram 30  que receberam a quadriculada e estavam na pista ao fim da disputa.

Comentários

  • Assisti grande parte da corrida pelo link disponibilizado aqui no site, até perto das 3h da manha daqui. Não fiquei o tempo todo, mas grande parte do tempo em frente ao computador, vendo a luta ferrenha entre o Lambo 63, a MB 88, o Porsche 47 e um dos Audi. Bem legal.
    Depois, com a Ferrari 51 já na lidernaça e a MB 88 parada, fui dormir, e não vi o resto da prova.
    Ou seja, quse não vi trechos da prova com luz do dia.
    Mas foi legal, bem legal.
    Gosto de corridas só com os GT’s.

    • Fala xará…que corrida hein…também assisti por aqui e assisti mais ou menos 18 horas da prova e turno diurno foi sensacional…também gosto de provas de GTs….

  • Alô alô nação “porschista”….ele voltou e voltou de forma arrasadora. Venceu e venceu com galhardia, lutou durante toda a prova e quem acompanhou as 24 Horas de Spa-Francorchamps viu as diversas dificuldades da prova. Vencemos as Mercedes, Audi e Bentley…vencemos as poderosas BMWs, Aston Martin e Honda e fomos protagonistas de uma ultrapassagem histórica no meio da Eau-Rouge, parabéns Matteo Cairoli….
    Para quem o considerava carta fora do baralho, informo que entre os quatro primeiros colocados, três foram 911.
    Quando numa prova do endurance mundial, não alinhar mais um PORSCHE 911, penso que o termo deverá ser repensado…FORÇA PORSCHEEEEE!

      • Pior que o bentley e um carro de ponta e muito rápido , presumo que a bronca ai não seja o carro mais sim os pilotos cujo em sua maioria são da AM , Silver , dai não tiram tudo que o carro tem a dar pois quando uma equipe forte de ponta adquire um carro GT como o bentley mesmo tira o maximo dele ai vc ver ele andando na frente como foi em varias corridas de enduro em 2018 e 2019 , e se tem circuito que o mesmo anda bem e em PAUL RICARD onde o mesmo praticamente reina na maioria dos enduros, enfim, e só uma opinião minha mesmo nobre!

  • Desde de que vejo automobilismo cujo no caso é desde de pivete onde hoje tenho 35 anos não conheço um carro de turismo pra gostar de água que nem os porsche , o nome nem deveria ser porsche mais sim peirsche pois parecem peixes , enquanto os outros carros batalham , fazem o que aumentando asa , calibrando pneu pra andar nas condições adversas de chuva, os porsche não andam mais nadam isso sim, é incrível a disparidade desse carro p´ara os demais, após um dominio da mercedes em boa parte com as ASKA , depois com o lamborghini que por sua vez na maioria dos eventos de 24 horas de spa sempre andam bem e na frente e ate liderando mais parecem que não foram feitos pra vencer em spa , depois a ferrari que parecia que iria levar esse ano , dai tudo mudou e parecia que a vitoria tinha caido no colo dos audi só que derrepente comecei a ver o porsche da rowe andar demais debaixo de chuva um verdadeiro tubarão e com um trio de pilotos pesados e experientes , acompanhei o on board e estavam determinados a vencer , e como mereceram esse vitoria , incrível . Adoro e acompanho corrida de GT seja qual for a categoria ou campeonato , mais em 20 anos acompanhando corrida de GT digo que ainda ta pra nascer um carro que não apenas ande bem na chuva, mais nade nela como um porsche , E a nova geração do mesmo já esta em testes no caso em questao o GT3 992 da nova geração assim como os cup ano que vem devem dar as caras já, só os 992 GT3 R que parece que só vai dar as caras em 2022 , enfim, só foi uma opinião amigos de alguém que entende pouco ou o básico como eu mais que ao menos no que conheço de corrida de GT nenhum carro e um tubarão como um porsche!

    • Prezado EDSON: No ano passado, Kévin Estre, literalmente “mergulhou” em SPA e venceu. Neste ano, não fosse um drive through penalty, o PORSCHE 20 da GPX RACING estaria no páreo também.
      Sou PORSCHISTA desde o primeiro dia de vida mas sou obrigado a reconhecer que o Huracan da ORANGE 1 FFF RACING TEAM merecia a vitória ou um lugar no pódio, andaram muito desde o início da prova e tinham todos os méritos por uma sorte melhor no final.
      Forte abraço.

      FORÇA PORSCHEEEEE!

  • Na câmera onboard do Porsche #98 dava para ouvir o carro falhando muito quando acelerava. Pensei que não chegaria até o final. Fui obrigado a tirar o chapéu para o 911 dessa vez. Grande corrida.

  • Conversei com o Timur no Instagram ontem, ele me disse que em relação a não entrada dele foi por que a equipe queria ele durante a chuva, que não aconteceu com intesidade e o Fraga e o Rafa vinham forte em posta seca. Já sobre a falha não foi a suspensão, o disco de freio do carro explodiu e arruinou o carro sem chances de conserto.

  • Rodrigo tem alguma novidade sobre a expectativa desses carros da classe gt3 enfim correrem em lê mans substituindo os escassos carros da gte?

      • Problema não é nem da SRO Ratel só organiza os seus campeonatos e cuida do regulamento , problema e o Fillon , que por birra , não quer colocar um produto do Ratel , pois , caso coloque , vai virar concorrente e , obviamente, Vai desvalorizar o seu campeonato .

        ProAm da Endurance Cup e basicamente British GT , Os principais carros estão lá ,

      • O problema é que teremos grid escasso na imsa apenas com corvette e bmw e no wec sabe Deus se a Aston vai continuar..

      • No WEC? Vai sim, o investimento num programa de GTE não é alto. E na IMSA está havendo gestões para que haja clientes Porsche, Ferrari e Aston na GTLM em 2021.