John Paul Jr. (1960-2020)

RIO DE JANEIRO – Os últimos suspiros de um tenebroso 2020 nos trazem a notícia da morte precoce de John Paul Jr., aos 60 anos. O piloto dos EUA, duas vezes vencedor das 24h de Daytona, uma vez das 12h de Sebring, vice-campeão das 24h de Le Mans de 1984, vencedor de provas da CART e participante de corridas da IRL e da Indy 500, lutava desde o início dos anos 2000 contra uma doença degenerativa progressiva chamada Huntington Disease.

John Paul fez parte da controvertida leva de pilotos que surgiram sem qualquer vestígio de patrocínios em carros da IMSA e da Indy, mas com muito dinheiro – de origem ilícita – financiando suas atividades no esporte. Ele, o pai John Paul Sr., Randy Lanier e os irmãos Bill, Don e Dale Whittington fizeram parte do tempo em que a International Motor Sports Association virou, jocosamente, ‘International Marijuana Smugglers Association’. Em bom português, associação internacional dos traficantes de drogas.

Porque foi esse o negócio nos quais eles eram metidos. O automobilismo ‘lavava’ o dinheiro sujo do tráfico colombiano e os pilotos foram parceiros nas operações ilegais dos cartéis sul-americanos. O FBI prendeu todo mundo e a justiça condenou, um por um, todos os envolvidos. John Paul Jr. pegou uma pena de cinco anos por tráfico e posse de 700 kg de maconha. Randy Lanier, prisão perpétua, da qual incrivelmente foi libertado há seis anos após uma petição.

John foi preso em 1986 quando tentava a qualificação para as 500 Milhas de Indianápolis naquele ano e posteriormente libertado com metade da pena cumprida numa cadeia no Alabama, em outubro de 1988. Imediatamente, aos 29 anos, voltou às pistas, como se nada tivesse acontecido. Fez provas esporádicas da CART com as equipes de Dave Mann, Tony Bettenhausen e Dale Coyne, além da ProFormance e seu melhor resultado foi o 10º lugar na Indy 500 de 1992 nesse período.

A partir de 1996, integrou a Indy Racing League, defendendo as equipes PDM Racing, Team Pelfrey, Byrd-Cunningham Racing e McCormack Motorsports, tendo vencido uma prova no Texas, em 1998 – a primeira vitória dele em qualquer prova desde o triunfo numa etapa da CART em Michigan, 1983.

Em 2000, estava com tudo preparado para passar ao posto de piloto oficial da Corvette Racing. Mas a telemetria do seu teste com o C5-R da equipe oficial de ´fábrica revelou que John Paul Jr. tinha problemas com a perda de sensibilidade na aceleração do carro.

Um exame médico mais detalhado confirmou que John era portador da doença de Huntington e sua história como piloto virou livro, de autoria de Silvia Wilkinson – e publicado em 2018.

Comentários

  • Por coincidência essa última semana estava lendo sobre os campeonatos dos anos 90 e lembrei da IRL naquela divisão maluca entre os promotores e vi o nome do piloto lá…vários outros veteranos se aventuraram naquela empreitada exclusiva dos ovais, para se diferenciar da CART.