ACO anuncia entry list das 24h de Le Mans 2021

RIO DE JANEIRO – Adiada para agosto por conta da Pandemia, a edição 2021 das 24h de Le Mans, a 89ª da história, teve sua lista de inscritos anunciada nesta terça-feira. Por volta das 18h30 da França, 14h de Brasília, tomamos conhecimento do plantel que disputará a maior corrida longa do planeta.

Alguns detalhes têm que ser ditos: o primeiro é que essa lista deveria ter sido divulgada há uma semana atrás e o Automobile Club de l’Ouest estendeu o prazo até o dia 8, vulgo ontem, esperando por possíveis desistências – o que, felizmente não aconteceu.

Só que é uma relação que, pela primeira vez em muito tempo desde que acompanho com muito mais interesse e atenção às 24h de Le Mans, não apresenta nenhum concorrente na lista de espera. Inquietante? Talvez – mas, vejamos: possivelmente alguns interessados ficaram pelo caminho após a notícia do adiamento do evento para além da data original ou não se cumpriu as exigências do ACO a tempo.

Certo é que temos a capacidade máxima do grid com 62 carros – pelo menos por enquanto – garantida com a participação “hors concours” do Innovative Car da equipe do quadriamputado Fréderic Sausset, que alinhará um Oreca 07 Gibson LMP2 para Takuma Aoki, Nigel Bailly e François Hériau, cujo nome foi confirmado após a divulgação oficial da lista do ACO.

Aoki é aquele mesmo que foi piloto de motocicletas na MotoGP – quando era 500cc – e após um acidente, teve os movimentos limitados. Além dele, Bailly também é portador de necessidades especiais. O carro será adaptado às condições físicas de ambos.

As demais 61 vagas foram preenchidas mediante o plantel do WEC – com 33 carros – os competidores ‘de ofício’, cujas vagas não foram totalmente preenchidas – como, por exemplo, a vaga de Ryan Hardwick como o melhor piloto bronze da IMSA em Grã-Turismo e a GPX Racing, que ganhou uma vaga via Asian Le Mans Series e não consta da relação.

Em contrapartida, das entradas automáticas, a United Autosports tinha nada menos que cinco – claro, o regulamento esportivo limita a dois carros cada escuderia, mas foi aberto um precedente para que o time de Zak Brown e Richard Dean tenha três bólidos em La Sarthe – um inscrito sob o nome fantasia United Autosports USA (o carro do WEC) e os restantes com o nome United Autosports UK (em tese, as inscrições do ELMS).

Outra equipe com três carros no plantel é a italiana Iron Lynx, que terá três Ferrari 488 GTE EVO na LMGTE-AM, sendo dois via WEC e o terceiro pelo título no Michelin Le Mans Cup.

A distribuição de vagas nos mostra números ‘iguais’: 31 Protótipos (cinco LMH, 25 LMP2 – onze com divisão Pro-Am de pilotos – e um “Innovative Car”) e 31 GTs, com sete LMGTE-P´RO E 24 LMGTE-AM – e a necessidade de passarmos rápido a 2023 para vermos o grid da principal categoria ganhar corpo e destaque – o que já acontecerá com a estreia da Peugeot em 2022, mas sem dúvida o interesse maior é na edição do Centenário, com o retorno de Ferrari, Porsche e Audi, além da possível participação da Acura, bem como o momento de o ACO assumir o regulamento GT3 como forma de viabilizar uma competição melhor na classe principal de Grã-Turismo, que sofreu golpes duríssimos com os programas de BMW, Ford e Aston Martin extintos num espaço de menos de dois anos.

Apesar dos números pouco satisfatórios de inscritos na LMH e LMGTE-PRO, não podemos deixar de mencionar o retorno da Corvette, que pode fazer sua primeira e única aparição com o novo C8.R na atual configuração – a marca não correu em La Sarthe ano passado por opção de logística e por causa da Pandemia.

E também as estreias de nove organizações: Glickenhaus Racing, PR1/Mathiasen Motorsports, Team WRT, Realteam Racing, Absolute Racing, Herberth Motorsport, Inception Motorsport, Rinaldi Racing e D’Station Racing debutam em Le Mans.

Das novatas, quem chama mais a atenção sem dúvida é o Team WRT. A equipe belga de Yves Weerts e Vincent Vosse disputará WEC e ELMS e vai com dois trios já definidos. O carro do Mundial com Charles Milesi/Ferdinand Von Habsburg/Robin Frijns e o do europeu com Yifei Ye/Louis Déletraz/Robert Kubica.

A destacar também a surpreendente adesão da Risi Competizione ao plantel da LMP2 após 23 anos longe das provas de Protótipos em Le Mans – no ano de 1998, a equipe estadunidense inclusive venceu a subdivisão LMP1 com uma Ferrari 333SP.

Outro destaque é a presença sólida de equipes do Asian Le Mans Series, que disputaram o campeonato realizado recentemente em fevereiro, nos Emirados Árabes. Além dos times já envolvidos com o WEC, como o Jota, a D’Station e a United Autosports, ganharam o direito a disputar a temporada os times com vagas “de ofício”: Herberth, Rinaldi e Inception, todos com Ferrari e as orientais Absolute Racing e HubAuto, que vão de Porsche, além do Racing Team India – que para Le Mans 2021 fechou uma parceria com a Eurasia.

Em matéria de modelos na pista, a local Oreca domina. Terá 24 chassis LMP2 (dois deles com o nome Aurus 01) e mais o Alpine A480 Gibson na Hypercar. Haverá 14 Ferraris e 11 Porsches, além de quatro Aston Martin Vantage com uma inscrição extra da TF Sport (a do ELMS) e dois carros de Corvette, Toyota, Glickenhaus e Ligier.

Quatro brasileiros constam da relação oficial do ACO para Le Mans 2021: André Negrão, pela Alpine Elf Matmut; o estreante Pietro Fittipaldi, via G-Drive Racing; Daniel Serra na Ferrari da AF Corse e Felipe Fraga com a TF Sport na LMGTE-AM.  Pipo Derani não está com o nome na lista, mas será um dos pilotos da Glickenhaus para 2021. Esperemos que esteja em breve confirmado.

Comentários

  • Mattar, você já contou por aqui a história do 1955 RAC Tourist Trophy? A corrida se deu após a tragédia de Le Mans, contou com o time em peso da Mercedes e ainda ceifou a vida de 3 pilotos!

  • Olha, levando-se em conta todas as dificuldades impostas pela pandemia, além da situação financeira desfavorável mesmo antes, é um ótimo grid. Esperamos que realmente não tenha nenhuma desistência em cima da hora.
    Além do mais, estou muito ansioso para ver as empreitadas da Rizi e da WRT.
    Que venha Agosto, que venham as vacinas!!