Murray Walker, a voz da F-1

RIO DE JANEIRO – Murray Walker se foi neste sábado. O veterano locutor britânico, nascido em Birmingham no dia 10 de outubro de 1923, partiu aos 97 anos depois de, por décadas, ser a voz da Fórmula 1 em língua inglesa. Ele tinha um câncer linfático, descoberto desde quando quebrou a pélvis.

Com seu estilo característico de narração, Murray tornou-se uma lenda – iniciou a carreira como narrador aos 25 anos, em 1948 – e no ano seguinte, antes da criação da Fórmula 1 propriamente dita, transmitiu as corridas daquela temporada, que ainda não era considerada o Campeonato Mundial de Pilotos.

Entre 1976 e 1996, trabalhou para a rede BBC (sem deixar de narrar uma única vez, é bom lembrar) e dentro deste período – entre maio de 1980 e junho de 1993 – compôs com James Hunt uma das melhores duplas de narrador e comentarista de qualquer tempo em qualquer veículo de mídia. A morte precoce de James, de ataque cardíaco, aos 45 anos, desfez a parceria. O substituto de Hunt foi o antigo piloto de Fórmula 1 Jonathan Palmer, mas a química nunca seria a mesma.

De´pois que a BBC perdeu os direitos da Fórmula 1, Walker foi trabalhar no canal ITV e por lá ficou até 2001, onde atuou full time pela última vez até o GP dos EUA. Apesar de todo o carisma, Walker era criticado pelos seus erros (e erros acontecem, pois errar é humano), mas um deles o público não perdoou: no GP da Alemanha de 2000 ele insistiu em dizer que Rubens Barrichello havia se acidentado – e não Michael Schumacher. O que só piorou as coisas é que Rubens foi o vencedor da corrida – vindo de 18º no grid.

Aliás, alguns errinhos verbais de Walker foram apelidados de “Murrayisms”. Step´hen Moss, da publicação The Guardian, observava que “os erros eram, no fundo, uma espécie de marca registrada de suas narrações. Ele não conseguia se controlar e às vezes isso o levava à catástrofe.”

Outra característica única do narrador foi muito bem notada por Moss. “A voz dele se assemelha a um guincho de um motor de Motocicleta 500cc sendo acelerado. Ele tinha uma tonalidade áspera, barulhenta, rápida e agressiva, o que era perfeito para as corridas em que havia constantes mudanças”, disse o jornalista.

Um estilo único que, entre os ingleses, certamente deixou e ainda deixará mais saudades.

Para sempre, Murray Walker. #RIP

Comentários