WEC 2021, Prólogo: United Autosports dita a lei em dia de acidentes e Hypercars superados pelos LMP2

RIO DE JANEIRO – O primeiro dos dois dias do Prólogo do Mundial de Endurance 2021 em Spa-Francorchamps, local da primeira etapa do campeonato no próximo sábado, já deu o que falar: os protótipos LMP2 superaram os Hypercars e lideraram a folha de tempos no traçado belga, numa segunda-feira de muitos acidentes e problemas para algumas equipes.

A começar para Toyota e Alpine, que se defrontaram com essa realidade, pelo menos nas duas primeiras sessões cronometradas, de ficar atrás de um grupo de Esporte-Protótipos que já terão limitações de aerodinâmica, restrição mecânica com menos potência motriz, peso mínimo maior e composto de pneu padrão – o Hard da Goodyear – para todo o campeonato.

O carro #22 do trio Filipe Albuquerque/Phil Hanson/Fabio Scherer, da atual campeã United Autosports, foi o mais veloz do dia. A marca de 2’04″822 foi ainda superior à do primeiro treino, quando o português virou em 2’04″968.

Aliás, registre-se que Albuquerque foi melhor que Job Van Uitert (Racing Team Nederland) pela escassa margem de um milésimo de segundo. O Team WRT, novato na competição este ano, apareceu em 3º lugar com Robin Frijns a marcar 2’05″043.

Só em quarto no acumulado das duas sessões é que veio o melhor Hypercar – o Alpine A480 Gibson LMP1 conduzido por Matthieu Vaxivière, que virou 2’05″230. A Toyota ficou em sexto na geral com o #8 de Kazuki Nakajima marcando 2’05″413.

O #7 do construtor japonês pouco andou hoje, por razões mecânicas. Foram problemas hidráulicos e de parte elétrica que se manifestaram no carro dos campeões mundiais José María López (de aniversário hoje) e os parceiros Mike Conway e Kamui Kobayashi.

Na Alpine, André Negrão deu 24 voltas – dezenove no treino da tarde. O piloto brasileiro fez seu melhor giro do dia em 2’05″980.

Cabe lembrar que o BoP da classe LMH para as 6h de Spa começa com uma diferença de peso de 110 kg favorável à Alpine – 930 kg de peso mínimo para o LMP1 francês e 1040 kg para o GR010 Hybrid dos orientais. Outro detalhe será o gasto de energia por stint: 964 MJ para a Toyota por conta do sistema híbrido e 920 MJ para a concorrente.

A Porsche dominou os ensaios da LMGTE-PRO, classe que conta com a luxuosa presença da Corvette na prova de abertura do campeonato. O carro #92 de Kévin Estre/Neel Jani fez a melhor volta nas duas sessões e a mais rápida do dia veio no primeiro treino – 2’14″104. A AF Corse ficou em segundo com o #51 de Ale Pier Guidi/James Calado e o #52, apenas com Miguel Molina – já que Daniel Serra está em trânsito e entra para a Europa via Dubai, ou seja, pegando dois voos cansativos – ficou em terceiro.

Na LMGTE-AM, o carro mais rápido foi a Ferrari #47 da Cetilar Racing, do trio italiano Roberto Lacorte/Giorgio Sernagiotto/Antonio Fuoco marcando 2’14″509. Além deles, somente o Porsche #56 da Project 1 do trio Matteo Cairoli/Riccardo Pera/Egidio Perfetti virou abaixo de 2’15” nesta segunda-feira.

Augusto Farfus dividiu os trabalhos com Paul Dalla Lana, porque Marcos Gomes vai para a Europa da mesma forma que Daniel Serra, pegando dois voos para chegar à Bélgica. De manhã, o experiente piloto brasileiro fez sua melhor volta em 2’15″874.

Felipe Fraga chegou a andar no seu novo ‘brinquedinho’ e virou 2’15″761, pouca coisa mais lento que Dylan Pereira, que fez o melhor tempo do Aston Martin #33 da TF Sport. Aí…

Ben Keating, o terceiro piloto, sofreu um forte acidente na Eau Rouge-Raidillon e destruiu o carro. E não foi o único. Nem do dia e nem dos Aston Martin – muito menos da TF Sport. O #777 inscrito sob a bandeira da D’Station Racing também sofreu um acidente com Satoshi Hoshino. A equipe de Tom Ferrier vai perder longo tempo hoje reconstruindo os carros e pouco se sabe quanto a informações se andarão amanhã…

ATUALIZAÇÃO: o chassi do ELMS usado nas 4h de Barcelona já saiu da Inglaterra, na sede do time, para ser usado nesse fim de semana em Spa-Francorchamps como substituto do carro #33, irremediavelmente destruído.

Na segunda sessão, que ganhou meia hora por conta das ‘pancas’ da TF Sport, mais dois incidentes: o primeiro com o Oreca da JOTA guiado por Sean Gelael e o segundo com o outro Porsche do Team Project 1, guiado pelo novato norueguês Anders Burchardt.

A registrar também que as trincas femininas tiveram desempenho ok nesta segunda-feira. Com a marca de 2’07″540, o carro #1 da Richard Mille Racing Team completou hoje 89 voltas e a melhor passagem foi da jovem pilota alemã Sophia Flörsch. Tatiana Calderón chegou do Japão a tempo de pilotar à tarde e andou 24 voltas.

As “Iron Dames”, do trio da Ferrari #83 da Iron Lynx, começaram em último na folha de tempos na primeira fase do Prólogo e melhoraram na segunda. Saíram com 2’16″126, tempo da suíça Rahel Frey, já bastante ambientada com a máquina. Katherine Legge ficou a dois décimos da colega e Manuela Göstner andou na casa de 2’20”.

Nesta terça haverá mais duas baterias de testes – a primeira com 2h55min de duração e começando às 9h55 locais, 4h55 de Brasília. O último treino terá 3h de duração e início às 14h locais, 9h da manhã aqui no Brasil.

Com relação à transmissão pela TV para a América do Sul, consta na relação dos Broadcasts o Grupo Disney via Fox Sports – porém, para efeito de informação, apenas como Fox Sports 3, canal inexistente aqui. Por via das dúvidas, eu vou assinar outra vez o pacote do app e acompanhar o campeonato por lá.

Comentários

  • Acho interessante que, nas entrelinhas dessas not´ícias, vemos nomes de alguns que, na falta de chance de subir pra F-1, vão descobrindo vida competitiva e atuante em outras categorias. Nem tudo é Fórmula 1. Eu confio que um dia o brasileiro ainda vai descobrir isso, e, em vez de lamentar que não temos nenhum brasileiro lá atualmente, irá descobrir que temos brasileiros de muita qualidade técnica espalhados pelo mundo, sendo competitivos, relevantes, respeitados e fazendo bonito, tanto nas categorias de acesso quanto em campeonatos “pra gente grande”.

  • Jajá irão dar jeito em “capar” mais os P2 para não ofuscar a categoria principal. Já com relação a GTPRO/GTAM a diferença de tempo entre as categorias está mais próxima, na casa de 1.5 segundos.

  • Isso é ruim, porque já limitaram bastante os LMP2 e, se nem mesmo assim os Hypercars andaram na frente, vem mais limitações por ai. Não vão deixar os LMP2 prevalecerem no “overall”.

    • Fernando, melhor não achar que os LMH vão ganhar todas porque toda a medição de performance será por sensores. Se um desses sensores falhar durante a disputa, terão de ser consertados. O André Negrão explicou isso superbem na live de que participou comigo semana passada.