TotalEnergies 24h de Spa-Francorchamps: Ferrari e Iron Lynx triunfam em corrida emocionante

RIO DE JANEIRO – Mais de uma década e meia após a última conquista, a Ferrari volta a triunfar na lendária 24h de Spa-Francorchamps, disputada em sua 73ª edição e mais uma vez sob os auspícios da TotalEnergies – válida como 3ª etapa do Fanatec GT World Challenge Europe Endurance e como abertura do Intercontinental GT Challenge.

A última conquista foi em 2004. Naquela época, reinava o modelo 550 GTS Maranello, dentro do regulamento GT1 com motor 5,5 litros V12 e preparado pelo mesmo ateliê que faz os carros de Grã-Turismo do construtor do Cavalinho Empinado – a Michelotto.

Os vencedores daquela vez foram Lilian Bryner, Enzo Calderari (então casado com ela), Luca Cappellari e Fabrizio Gollin. Desta vez, a honra foi toda de Alessandro Pier Guidi, Côme Ledogar e Nicklas Nielsen, levando a marca a quebrar um longo tabu e a equipe Iron Lynx, de Andrea e Giacomo Piccini, ao maior triunfo de sua existência.

A corrida foi emocionante desde a largada, com dois períodos de pista muito molhada, um sério acidente, entradas de Safety Car, punições ao atacado, tensão e uma disputa acirrada que só terminou a nove minutos do estouro do cronômetro, numa manobra sensacional de Alessandro Pier Guidi, com a pista encharcada pela chuva.

Quem também tem muito mérito na conquista do time italiano é a WRT, que não se entregou em nenhum momento. Mesmo largando em 53º, o Audi #32 guiado por Kelvin Van der Linde/Charles Weerts/Dries Vanthoor chegou rápido aos primeiros postos e com atuação impecável dos três pilotos – ou quase, pois não escaparam de um drive through por excesso de velocidade – por pouco não ganharam. Quase que a aposta final, quando a chuva apertou, se pagou. A Audi perdeu a chance da 5ª vitória em Spa e a Ferrari iguala assim o construtor de Ingolstadt nas estatísticas do evento belga.

O trio formado por Nicki Thiim, Marco Sørensen e Ross Gunn conquistou um ótimo 3º lugar para a equipe Garage 59, deixando assim três marcas distintas nas três primeiras posições de uma disputa que teve fases de domínio primeiro do outro carro da WRT com Robin Frijns/Nico Müller/Dennis Lind, que chegou em quarto, do pole position Mercedes-AMG de Jules Gounon/Dani Juncadella/Raffaele Marciello, que abandonaria na madrugada, além do Lamborghini #63 de Marco Mapelli/Andrea Caldarelli/Mirko Bortolotti, que despencou a partir das primeiras penalizações e só terminou a corrida em 8º na geral, com duas voltas de atraso.

A Mercedes inclusive termina as 24h de Spa-Francorchamps com um travo amargo na boca, pois o melhor carro foi apenas 10º colocado na geral: os abandonos do #88 do Team AKKA-ASP e do #4 da HRT, que tiveram sérios problemas mecânicos, deixaram Felipe Fraga e os parceiros Timur Boguslavskiy e Lucas Auer como os melhores representantes da estrela de três pontas ao final da corrida, com quatro voltas de atraso.

Pelo menos uma alegria o construtor alcançou: a vitória na Silver Cup, com o carro da Madpanda Motorsport guiado por Rik Breukers/Ezequiel Pérez-Companc/Ricardo Sánchez/Patrick Kujala, 11º geral e que venceu na categoria em 1-2 com outro Mercedes-AMG: o carro da Toksport WRT inclusive se socorreu de uma mudança de última hora, em que Axcil Jefferies foi chamado às pressas para o lugar de Berkay Besler, compondo o quarteto com Óscar Tunjo, Marvin Dienst e Paul Petit.

A Garage 59 fez outro pódio nas 24h de Spa, com o terceiro posto do #159 de Valentin Haase-Clot/Alex MacDowall/Tuomas Tujula/Nikolaj Kjaergaard.

Na Pro-Am Cup, a AF Corse não deu hipóteses aos rivais e triunfou com o #53 de Miguel Molina/Rino Mastronardi/Duncan Russell Cameron/Matt Griffin em dobradinha liderando o #52 de Louis Machiels/Alessio Rovera/Andrea Bertolini/John Wartique. A Barwell fechou o pódio com Sandy Mitchell/Miguel Ramos/Henrique Chaves/Leo Machitski.

A divisão Am Cup, esvaziadíssima no ano de 2021, teve apenas dois carros e, como um deles bateu no complexo Eau Rouge-Raidillon, sobrou o #166 da Haegeli by T2 Racing, guiado por Manuel Lauck/Marc Basseng/Dennis Busch/Pieder Decurtins, para fazer as honras.

Dos 58 carros que largaram, só 32 viram a quadriculada e 37 foram classificados mesmo que muitos não tenham sequer terminado, já que cumpriram o número mínimo exigido de voltas. Entre os diversos abandonos, pelos mais variados motivos, a registrar o acidente mais sério de toda a competição.

Na 10ª volta, Jack Aitken, com o Lamborghini Huracán da Emil Frey que dividiria com Arthur Rougier e Konsta Lappalainen, perdeu o controle do carro no complexo Eau Rouge-Raidillon e se acidentou na parte interna da subida.

O carro voltou ao meio da pista e foi atingido a mais de 200 km/h por outro Lambo da Emil Frey – o de Franck Perera/Albert Costa/Giacomo Altoè. A colisão levou de roldão a outra Ferrari da equipe vencedora da corrida, alinhada para Davide Rigon/Antonio Fuoco/Callum Ilott, além do Porsche da Rutronik para Kévin Estre/Richard Lietz/Sven Müller.

O socorro levou os quatro acidentados ao Centro Médico do circuito: Estre e Perera foram logo liberados, com Rigon e Aitken merecendo mais cuidados e tendo de ser hospitalizados para exames.

Todavia o ambiente se tranquilizou quando, apesar da violência do choque, constatou-se que todos estavam fora de perigo. A razão de um longo período de FCY e posterior Safety Car antes do reinício da disputa foi que o helicóptero médico tinha de estar presente quando a disputa fosse reiniciada.

Rigon foi dado como ok por um boletim médico assinado à noite e Aitken acabou sofrendo algumas lesões. O piloto teve uma fratura de clavícula, uma vértebra igualmente fraturada e uma pequena lesão pulmonar, contudo sem gravidade. Aitken, por redes sociais, tranquilizou seus fãs e familiares dizendo estar bem.

O Fanatec GT World Challenge Europe retorna com a 4ª etapa em 5 de setembro, com a disputa das 6h de Nürburgring, na Alemanha. Já o Intercontinental GT Challenge espera um pouquinho mais: a próxima disputa será as 8h de Indianápolis, em outubro, no dia 17 daquele mês.

Comentários

  • Um show de corrida, carros fantásticos.

    A última hora foi eletrizante, com chuva e dez carros rodopiando na entrada do box, ao mesmo tempo. Depois secou… só vendo.

    Eu bato na tecla: o tempo de ver corridas nos canais (abertos ou pagos) vai passando e tem muito conteúdo de grande qualidade, grátis, na internet.

    A melhor “fonte” é o A Mil Por Hora, obrigado, Rodrigo.

  • Entre afazeres domésticos e resquício de um problema de saúde recente que me fez ir descansar na cama a cada momento oportuno acabei não vendo esta corrida. Porém, lendo o post dá para ver que foi fantástica e só vendo o vídeo no fim de semana. Talvez até melhor que o GP da Hungria de F1 (cuja temporada esta incrivelmente boa).
    E que azar dos Lamborguinis da Emil Frey hein. Bem, dos males o menor. Nesta circunstância, o importante é que os pilotos envolvidos estejam bem.
    Agora é se preparar para a outra prova de 24h que teremos neste mês que se inicia…