WEC 2022: o que pode vir por aí amanhã…

RIO DE JANEIRO – A Le Mans Endurance Management (LMEM) anuncia amanhã (12) a partir de 10h pelo horário da Europa Central (6h da manhã de Brasília) a lista de entradas da 10ª temporada da retomada do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC).

Prevista para começar em 18 de março – se a Pandemia permitir – com as 1000 Milhas de Sebring, a temporada de seis eventos contempla a realização em junho, pela data tradicional, das 24h de Le Mans – que em 2020 e 2021 foram adiadas por motivo de força maior e que no ano retrasado nem público houve nas arquibancadas de La Sarthe.

Será um campeonato de transição em todas as categorias. A Hypercar terá o aguardado retorno da Peugeot, exatamente dez anos após o inexplicável forfait de última hora para o primeiro ano da série. A LMP2 vive um momento de incógnita face o enorme interesse que desperta a LMDh para o campeonato de 2023 em diante. Mas mesmo assim deve ter um bom grid neste ano.

E os Grã-Turismo sofrerão pouco a pouco mudanças drásticas. A temporada que vem em breve será a última da LMGTE-PRO no atual formato – aliás, não haverá mais times de fábrica entre os GTs a partir de 2023 e todos serão obrigatoriamente Pro-Am. No ano de 2024, o regulamento vigente será o de GT3, já adotado nos EUA este ano pela série IMSA.

O blog traz um panorama do que pode vir por aí nesta quarta-feira, dia 12.

O rugido do Leão: com o inovador 9X8, a Peugeot será uma rival à altura da Toyota na classe LMH em 2022?

LMH (Hypercar)

A classe principal Le Mans Hypercar, ainda sem a adoção do regulamento de convergência com a plataforma LMDh que só entra em vigor no ano de 2023, conta com o reforço da Peugeot – mas a montadora francesa, que já fez o ‘rollout’ do inovador protótipo 9X8, não confirmou ainda sua presença na temporada completa – porém, tudo indica que o fará.

A Toyota traz como única novidade o japonês Ryo Hirakawa para a vaga de Kazuki Nakajima, que assumiu um cargo de dirigente dentro da nova estrutura da Toyota Gazoo Racing (TGR). Kamui Kobayashi, cuja retirada do programa está em curso, assume o papel duplo de piloto e Team Principal da equipe oriental na campanha do WEC.

Na Alpine, não há mudanças entre os pilotos e tampouco no equipamento: a FIA deu mais um ano de homologação para o bom e velho Rebellion R13 travestido de Alpine A480 – a marca de Dieppe, coligada à Renault, só entra na LMDh em 2024 – e possivelmente nos EUA virá como Nissan.

A Peugeot contratou um time de peso para guiar seus 9X8, incluindo três nomes com passagem pela F1 – Paul di Resta, Jean-Éric Vergne e Kevin Magnussen – sem contar o experiente Loïc Duval e jovens valores como Gustavo Menezes e Mikkel Jensen. A conferir o que a marca do leão fará com seu planejamento técnico-esportivo.

Quanto à ByKolles, a inscrição (paga, inclusive, com a ressalva de que saltariam Sebring) do Hypercar que traria de volta o nome Vanwall, primeiro campeão mundial de F1 em 1958 entre os construtores, foi rejeitada pelo comitê de seleção do WEC porque o modelo não cumpriu os processos de homologação determinados pela FIA.

Também a DragonSpeed demonstrou interesse de inscrever – lembram do protótipo BR01 que a SMP Racing mandou a Dallara construir? – o antigo LMP1 usado na temporada bienal 2018/19 pelo time de Elton Julian para participar da competição – ou pelo menos em Le Mans, onde a inscrição em 2021 foi negada. Particularmente, acho improvável a presença da equipe na Hypercar em 2022.

Atual campeã do WEC na LMP2, o Team WRT terá dois carros e o segundo, em parceria com a RealTeam de Esteban Garcia

LMP2

Dentre as escuderias presentes na temporada passada no WEC, a certeza é que pelo menos duas não regressam: a High Class Racing e o Racing Team Nederland optam por disputar neste ano o programa Michelin Endurance Cup da IMSA por uma questão de ranqueamento dos pilotos Pro-Am e também de custo.

E há outro detalhe: a LMP2 sofrerá outro decréscimo de potência para 2022 no WEC, ELMS e 24h de Le Mans, uma vez que em princípio o regulamento usado para as competições é o mesmo. Afora a necessidade de uso de um pneu mais duro da Goodyear já como foi feito ano passado e do kit de baixo arrasto aerodinâmico.

Todavia, o interesse ainda é grande, ainda mais que muitas equipes devem usar esse ano como preparação visando os programas de LMDh a partir de 2023. O Team WRT, que deve ser a equipe Audi no WEC, é um exemplo: o time de Yves Weerts e Vincent Vosse terá dois carros neste ano e dois pilotos já foram anunciados: Sean Gelael no carro #31 e Rui Andrade no #41, este em parceria com o RealTeam de Esteban Garcia, que desta vez fica de fora.

A nova equipe britânica Vector Sport, coordenada pelo experiente engenheiro Gary Holland, promove a participação de Nico Müller como preparação para a participação do suíço como piloto Audi em 2023 e traz a experiência de Sébastien Bourdais, de 42 anos, ao campeonato. Falta definir o piloto de graduação prata para completar o time.

Na Inter Europol Competition, do alemão Sacha Fassbender, a novidade é Esteban Gutiérrez no posto de Renger Van der Zande: o mexicano vai dividir o protótipo do time com os outros dois recrutas – Alex Brundle e Kuba Smiechowski.

A United Autosports vem para tentar recuperar o título perdido ano passado para o Team WRT com várias novidades. A começar que serão dois carros no plantel e não somente um. Fabio Scherer deixou a escuderia e volta o estadunidense Will Owen. Outro piloto dos EUA entra para a história: ainda com 16 anos incompletos, Josh Pierson será o mais jovem participante de todos os tempos no WEC e também nas 24h de Le Mans. O garoto dividirá o segundo carro com Oliver Jarvis, que dará duplo expediente com a IMSA, e Alex Lynn.

Duas inscrições Pro-Am pelo menos já são conhecidas: a AF Corse, que fará o running da Ferrari Hypercar em 2023, tem um LMP2 cliente para François Perrodo, que volta a esta divisão após a parceria com a TDS Racing. Nicklas Nielsen e Alessio Rovera serão seus colegas de esquadra. Já a Ultimate Racing vem do ELMS e terá uma inscrição 100% francesa, com François Hériau, Jean-Baptiste Lahaye e Matthieu Lahaye.

Entre os times cujos programas ainda estão pendentes de confirmação, duas forças de determinados continentes: equipe ‘rainha’ das categorias de base na Europa, a Prema Powerteam associou-se à IronLynx para alinhar pelo menos um LMP2 este ano no WEC, visando um possível empenho como time cliente Ferrari na Hypercar para além de 2023.

E como forma de preparar o terreno para o desafio de ser o time Porsche na IMSA, no Mundial e nas 24h de Le Mans, o Team Penske deu pistas de que poderia entrar na LMP2 no WEC, pois fez a compra de um modelo Oreca 07, testou o carro e pode aproveitar – por que não? – seus dois nomes já confirmados para o próximo ano: Felipe Nasr e Dane Cameron, mesclando-os com um bom piloto jovem de graduação prata. A ver.

Também a G-Drive Racing, da Federação Russa, deve voltar ao WEC numa parceria com a Algarve Pro Racing, de Portugal, com pelo menos um carro. O time de Albufeira ainda pode dar suporte ao ARC Team Bratislava, que esteve presente na última temporada com uma inscrição Pro-Am.

A JOTA Sport confirmou hoje que Stoffel Vandoorne e Tom Blomqvist não regressam ao time e tampouco se há possibilidade de participação em 2022 com pelo menos um carro para o cliente Roberto González. Um de seus parceiros, Anthony Davidson, retirou-se do esporte após o fim do último campeonato.

Especulou-se também que diversas outras equipes poderiam permanecer ou estrear no Mundial, casos da Richard Mille Racing (que pode não ter um time 100% feminino), da DragonSpeed, da francesa TDS Racing de Xavier Combet e também de times como a Duqueine e a Panis Racing. Melhor esperar amanhã e saber as novidades.

Única e última chance: a Corvette terá o C8.R inscrito no ano final da LMGTE-PRO com o time oficial de fábrica chefiado por Laura Wontrop-Klauser

LMGTE-PRO

Para o último ano da divisão com equipes oficiais de fábrica dentro do regulamento que será pouco a pouco extinto para dar lugar aos modelos GT3, a LMGTE-PRO ganha o reforço da Corvette Racing com pelo menos uma inscrição a tempo inteiro para a temporada 2022.

O único C8.R que marcará pontos nas seis provas do Mundial será guiado por Nick Tandy e Tommy Milner. Logicamente o construtor estadunidense deve ter dois carros nas 24h de Le Mans, onde Alexander Sims deve reforçar a tripulação das demais etapas do WEC.

A Porsche traz de volta Michael Christensen para dividir o carro #92 com Kévin Estre, na vaga que era de Neel Jani. Gianmaria Bruni e Richard Lietz foram mantidos no #91 e o construtor de Weissach já confirmou as adesões de Fred Makowiecki e Laurens Vanthoor pelo menos nas 24h de Le Mans.

A AF Corse representará a Ferrari pela última vez na LMGTE-PRO: o time de Amato Ferrari vai se ocupar dos Hypercars e essa temporada será decisiva para os pilotos ligados ao construtor de Maranello com vistas ao novo desafio em 2023. Até o momento, nenhum dos pilotos que esteve presente ano passado foi confirmado – a tendência é que todos permaneçam. Mas… vai saber, né?

Pelos lados da Aston Martin, a TF Sport de Tom Ferrier tinha vãs esperanças de conseguir fundos capazes de garantir a presença do construtor britânico para um último ano de LMGTE-PRO. Até agora nada indica que terão conseguido esse apoio visando o campeonato de 2022.

A Dempsey Racing-Proton deve mais uma vez figurar no plantel de entradas do WEC na LMGTE-AM

LMGTE-AM

Ùnica classe de Grã-Turismo a figurar no radar do WEC nas próximas duas temporadas, a LMGTE-AM pode se beneficiar dessa mudança, mas apesar de um incremento grande de participantes em 2021, muitos gentleman drivers e times estão inclinados a não voltar neste ano.

A Cetilar Racing já está fora, optando por um programa limitado de provas no IMSA Michelin Endurance Cup e porque o chairman da indústria farmacêutica que leva o nome do time – o também piloto Roberto Lacorte – prospecta o ingresso de sua firma no mercado dos EUA.

Também Egidio Perfetti, o norueguês herdeiro do grupo Perfetti-Van Melle, não volta ao WEC pelo menos em 2022 e a GR Racing, de Michael Wainwright, não tem planos de regressar ao Mundial, talvez competindo no ELMS neste ano.

A IronLynx não deve ter as “Iron Dames” pelo menos no WEC, já que o time italiano deve concentrar no Mundial os esforços com a Prema na LMP2. Sendo assim, ficam disponíveis duas Ferrari 488 GTE EVO, enquanto duas outras da AF Corse já estão confirmadas para clientes.

Simon Mann e Christoph Ulrich vão alinhar um dos carros em parceria com o veloz finlandês Toni Vilander, enquanto o cliente francês Franck Dezoteux, que fez o debute pelo time no ELMS em Portimão, terá Pierre Ragues a bordo e mais um terceiro nome a ser definido.

Por outro lado, o chairman da VistaJet Thomas Flöhr deve permanecer para mais um ano com o carro #54, possivelmente com o nome fantasia de Spirit of Race, o braço helvético da AF Corse. Amato Ferrari cogitava fechar com uma quarta possibilidade de running na LMGTE-AM para 2022 – que pode ser tanto via Inception Racing (apesar de esta escuderia estar comprometida com a série IMSA via Optimum Motorsport) ou mesmo a Rinaldi Racing.

Outra Ferrari que pode aparecer no grid é a da CarGuy Racing, do Japão, em parceria com a Kessel Racing, do suíço Ronnie Kessel – que não descarta ter dois carros full season na LMGTE-AM, fazendo o running de outro cliente.

A Porsche deve ser representada, como de hábito, pela parceria entre Patrick Dempsey e os alemães da Proton Competition, com um esquema que pode acabar ampliado para três clientes, uma vez que poderá haver chassis disponíveis para tanto. Especula-se que o ator-piloto austro-irlandês Michael Fassbender esteja cogitado para fazer sua estreia no WEC e, por conseguinte, nas 24h de Le Mans. A conferir.

Mesmo sem Egidio Perfetti, Axel Funke, do Team Project 1, visava angariar clientes para cobrir o orçamento para alinhar pelo menos um carro em 2022. Absolute Racing, HubAuto Corsa e Herberth Motorsport – esta última com chances mínimas, a princípio, visavam possibilidade de participação completa e/ou parcial do WEC na LMGTE-AM.

Pela Aston Martin, via TF Sport, está assegurada a participação do carro do cliente texano Ben Keating, que novamente vai se desdobrar entre IMSA e WEC em 2022. Possivelmente Felipe Fraga está fora e o luso-luxemburguês Dylan Pereira foi alçado à condição de piloto ouro pela nova graduação FIA. Keating teria que buscar assim um novo piloto de graduação prata, pois pelo regulamento só pode haver um ouro ou platina numa tripulação LMGTE-AM e um bronze (Keating) obrigatório.

O velho conhecido Paul Dalla Lana deve competir em mais uma temporada com sua estrutura NorthWest AMR, novamente com o V8 Vantage AMR, enquanto a organização D’Station Racing, de Satoshi Hoshino, pode permanecer em 2022 para mais uma temporada se assim os orientais o desejarem.

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