WRC: o genial e interminável Loeb vence na abertura da era híbrida

Faltam adjetivos nos dicionários para definir Sébastien Loeb: aos 47 anos, o monstro do off-road se torna o mais velho piloto de sempre em 50 temporadas a triunfar num evento do WRC

RIO DE JANEIRO – O World Rally Championship (WRC) inaugurou neste fim de semana a sua ‘era híbrida’ com os modelos RC1 dotados de sistemas elétricos, dando um passo rumo ao que muitas outras categorias já adotam no esporte automobilístico. O tradicional Rally de Monte-Carlo abriu o campeonato 2022 em grande estilo e com um piloto fazendo história – mais uma vez.

Aos 47 anos, Sébastien Loeb quebrou alguns recordes e tabus. O primeiro foi triunfar pela primeira vez por uma marca não-pertencente ao grupo PSA ou congêneres (Peugeot e Citroën, que hoje são subsidiárias da Stellantis). Com um lugar na equipe Ford M-Sport para uma temporada parcial, o nove vezes campeão mundial da modalidade também se tornou o mais velho em 50 temporadas a ganhar especiais – quebrando o recorde anterior de Björn Waldegaard – e também o mais velho de sempre a ganhar uma etapa do Mundial – igualmente suplantando o sueco, vencedor do Rally Safari no Quênia em 1990 aos 46 anos e 155 dias. Loeb está a pouco tempo de completar 48 anos – seu aniversário é em 26 de fevereiro.

A copilota Isabelle Galmiche, de 50 anos, protagonizou também uma marca histórica. Desde 1997, uma mulher não copilotava um carro do WRC e vencia uma etapa – a última antes dela foi a lendária Fabrizia Pons, justamente em Monte-Carlo, formando parceria num Subaru Impreza WRC com o italiano Piero Liatti.

A 80ª vitória de Loeb, que é o maior vencedor do WRC em todos os tempos, foi valorizada pelo outro Sébastien que também vem dando as cartas na modalidade e que em 2022 também estará em temporada parcial: Ogier, com seu Toyota Yaris, pôs as manguinhas de fora após um primeiro dia dominante do antigo multicampeão e com Benjamin Veillas substituindo Julien Ingrassia na navegação, o atual campeão chegou ao último dia de provas especiais na dianteira.

Ogier liderou até o SS15 e no penúltimo trecho antes do Power Stage (La Penne-Collongues 2), foi nocauteado por um furo de pneu. Perdeu 34 segundos em relação a Loeb/Galmiche e o piloto da M-Sport Ford assumiu a ponta por nove segundos e meio. No trecho final (Briançonnet-Entrevaux 2), Loeb abriu mais um segundo e ganhou o Rally de Monte-Carlo com dez segundos e meio de vantagem. Esta foi a 8ª vitória dele no evento e a primeira na abertura do Mundial desde 2013 – já naquela época, Sébastien optara por um calendário limitado de eventos do WRC.

A Ford sai bem do primeiro evento do ano: teve dois pilotos no pódio, com o veloz Craig Breen como 3º colocado e Gus Greensmith, quinto na geral, triunfou em sua primeira especial na carreira como piloto do WRC na sexta-feira. O único senão foi o violento acidente da quarta dupla, ocorrido também na sexta-feira onde felizmente o piloto francês Adrien Fourmaux e seu navegador Alexandre Coria nada sofreram além de um tremendo susto, depois de uma manobra mal executada onde Fourmaux pegou uma rocha na beira da estrada, provocando a capotagem e a queda do Ford Puma numa ribanceira.

Já a Hyundai só viu o carro de Thierry Neuville e de seu navegador Martjin Wydaeghe nos pontos, chegando em 6º na geral além dos três pontos extras do Power Stage. A estreia de Oliver Solberg na turma de cima acabou em desistência na antepenúltima especial por ordem médica e o antigo campeão Ott Tänak saiu após a SS12 por danos extensos em seu carro após um acidente.

Ogier salvou a pele da Toyota, mas Kalle Rovanpërä, mesmo tendo tido alguns percalços, seguiu mostrando velocidade a ponto de vencer o Power Stage para consolidar a 4ª posição geral. Elfyn Evans, que foi apenas o 21º colocado, fez o segundo melhor tempo no último estágio e coletou pontos importantes na classificação.

Vitória no WRC2 e sétimo posto geral para Andreas Mikkelsen e seu copiloto Torstein Eriksen, com um Skoda

A destacar – após a enorme desilusão no Rally Dakar – o bom 7º posto de Andreas Mikkelsen com um Skoda Fabia Rally 2 EVO. O nórdico é piloto bom o bastante para estar na turma de cima. Pena que haja poucas fábricas e carros envolvidos no WRC na chamada “Prioridade 1”. O tcheco Erik Cais e Nikolay Gryazin, da Federação Russa, com o país ainda proscrito na FIA, fecharam o top 10 geral do Rally de Monte-Carlo e o pódio no WRC2.

Resultado final do Rally de Monte-Carlo:

1 – Loeb-Galmiche (Ford Puma Rally1) – 3h00’32″8
2 – Ogier-Veillas (Toyota GR Yaris Rally1) – 10″05
3 – Breen-Nagle (Ford Puma Rally1) – 1’39″8
4 – Rovanpera-Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) – 2’16″2
5 – Greensmith-Andersson (Ford Puma Rally1) – 6’33″4
6 – Neuville-Wydaeghe (Hyundai i20N Rally1) – 7’42″6
7 – Mikkelsen-Eriksen (Skoda Fabia WRC2) – 11’33″8
8 – Katsuta-Johnston (Toyota GR Yaris Rally1) – 12’24″7
9 – Cais-Tesinsky (Ford Fiesta WRC2) – 12’29″2
10 – Gryazin-Aleksandrov (Skoda Fabia WRC2) – 13’41″3

Classificação do campeonato:

1. Sébastien Loeb - 27 pontos
2. Sébastien Ogier - 19
3. Kalle Rovanpërä - 17
4. Craig Breen - 15
5. Thierry Neuville - 11
6. Gus Greensmith - 10
7. Andreas Mikkelsen - 6
8. Takamoto Katsuta e Elfyn Evans - 4
10. Erik Cais - 2
11. Nikolay Gryazin - 1

Comentários

  • Rodrigo,

    Na verdade Ogier fez um power stage forcando tudo pra tentar recuperar a perda causada pelo furo de pneu no estagio anterior. Ele foi 9 segundos mais rapido que Loeb nesse estagio final, o que ainda daria a Vitoria geral ao alsaciano de 47 anos por meros 0,5 segundos !!!!
    A diferenca final ficou em 10,5 segundos porque Ogier recebeu uma punicao de 10 segundos nesse estagio, aparentemente por ter queimado a largada.

    De qualquer forma, foi uma grande vitoria de Seb Loeb, mostrando todo o seu talento . Um dos grandes pilotos de todos os tempos, nao só nos rallies, onde teve resultados estelares, mas tambem nos campeontos de turismo, nas poucas participacoes em endurance, e até nos poucos testes com Formula 1, onde apresentou desempenhos consistentes.

    Antonio