Kunimitsu Takahashi (1940-2022)

Com Jim Redman (o mais alto) e Luigi Taveri (centro): Kunimitsu Takahashi foi uma autêntica lenda do esporte a motor do Japão enquanto vivo e será para sempre, por ter sido o primeiro do país a vencer uma corrida do Mundial de Motovelocidade, em 1961

RIO DE JANEIRO – O esporte a motor do Japão perdeu hoje, 16 de março, um de seus mais proeminentes nomes: fundador da escuderia de Super GT que leva seu nome, Kunimitsu Takahashi morreu nesta quarta-feira aos 82 anos – dias antes de mais uma sessão de testes de pré-temporada da categoria onde foi campeão duas vezes num intervalo de três anos.

A import^ância de Takahashi para a história da participação oriental em provas de duas e quatro rodas é imensa – o país não tinha ninguém no topo do pódio em provas do Mundial de Motovelocidade (hoje MotoGP) até 1961. Até Kunimitsu, então um jovem de 21 anos, vencer nomes como Mike “The Bike” Hailwood, Tom Phillis, Jim Redman, Bob McIntyre, dentre outros.

Ele ainda disputaria mais etapas do Mundial até 1964 e subiria ao topo do pódio outras duas vezes, na classe 125cc, na Espanha e França, sempre de Honda.

No Super Formula, antigamente também denominado Fórmula 2 e Fórmula Nippon, competiu ativamente entre 1975 e 1994 – vejam bem: o homem só foi se retirar como piloto de monoposto aos 54 anos de idade – e, pasmem!, ainda subindo ao pódio numa das provas no Fuji Speedway em seu ano de despedida com um 3º lugar.

Dividindo uma das curvas do Fuji Speedway com ninguém menos que Gilles Villeneuve: Takahashi fez uma única prova de F1 e foi 9º colocado na corrida de 1977, com um velho Tyrrell

Ganhou quatro corridas, colecionou mais de uma dezena de pódios e foi vice-campeão em 1977 pela Speed Star Racing – coincidência, ou não, o ano da única participação dele em Fórmula 1. Com um velho Tyrrell 007 – o mesmo que Kazuyoshi Hoshino, outra lenda, guiou de forma alucinada na chuva um ano antes, foi 9º colocado no GP do Japão disputado em Fuji.

Polivalente, Takahashi atacou também de piloto de GT, Turismo e Esporte-Protótipo. Com oito participações entre 1986 e 1996 no currículo, subiu ao pódio duas vezes e conquistou a subclasse GT2 em 1995, dividindo um Honda NSX com Keichi Tsuchiya (hoje também dono de equipe) e Akira Iida.

No All-Japan Group C Championship, foi quatro vezes campeão – de 1985 a 1987 e, posteriormente, em 1989, sempre defendendo o Advan Team Nova.

O Team Kunimitsu, fundado por Takahashi, existe desde 1994 e ele começou primeiro com um modelo Porsche nas indefectíveis cores da Yokohama e, quando o Super GT mudou seu regulamento para o que conhecemos hoje como GT500 e GT300, sua escuderia passou a ser uma cliente fiel e regular da Honda. A aposentadoria definitiva como piloto veio somente em 1999 aos 59 anos e a partir daí, dedicou-se à administração do time.

Com muito empenho, ganhou o título de 2018 com o campeão mundial de F1 Jenson Button (que o homenageou no Twitter, como mostra o registro acima) e o pupilo Naoki Yamamoto, que bisaria com Tadasuke Makino a conquista, num final dramático em 2020, derrotando o Toyota de Ryo Hirakawa a 700 metros da quadriculada final da última corrida da temporada daquele ano, em Fuji.

A exemplo de muitos outros, Kunimitsu Takahashi está gravado na memória e na história do motorsport japonês.

Que receba nos testes pré-temporada e na abertura do campeonato deste ano as homenagens mais do que merecidas a uma autêntica lenda das pistas.

RIP, Godspeed.

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