IMSA, 6h de Watkins Glen: WTR vence em corrida tumultuada e disputadíssima

RIO DE JANEIRO – A edição deste ano da tradicional disputa das 6h de Watkins Glen foi tão sensacional quanto tumultuada. E houve de tudo neste domingo, desde raios e trovoadas – literalmente – com pancada de chuva e interrupção por bandeira vermelha – até seis incidentes de bandeira amarela, incluindo entreveros, uma monumental explosão de motor, fogo no pit lane e algumas ‘pancas’ bem severas.

Apesar de tudo isto, a corrida ainda apresentou um final antológico após a bandeira vermelha – onde o cronômetro correu e a IMSA congelou a disputa faltando 35 minutos, para após um Safety Car iniciar uma reta final insana, onde o #10 da Wayne Taylor Racing, que vinha numa estratégia de tentar ganhar a corrida com um pit stop a menos, se saiu muito bem.

Numa ultrapassagem incrível de Filipe Albuquerque sobre Tom Blomqvist, a disputa se definiu. Foi a terceira vitória da WTR com “Albuquick” e Ricky Taylor em 2022, resultado que deixa a dupla na liderança do campeonato. A Meyer-Shank sai com um gosto de cabo de guarda-chuva na boca de todo mundo: o #60 dominou grande parte da disputa e, pela quarta corrida consecutiva, acabou em segundo – e com risco de perder o 3º lugar para Renger Van der Zande e Sébastien Bourdais no final.

A Action Express pouco pôde fazer: o #31 levou tam´bém um stop & hold de 60 segundos por fazer um trabalho de boxes com o pit lane fechado. Pipo Derani/Olivier Pla/Mike Conway chegaram em 5º, na mesma volta dos vencedores, enquanto Mike Rockenfeller/Jimmie Johnson/Kamui Kobayashi ficaram logo após. O #5 da JDC-Miller sobreviveu até a um contato com um retardatário e, com o resultado da corrida de hoje, perdeu a liderança do campeonato do IMSA Michelin Endurance Cup.

Na LMP2, mais um triunfo da PR1/Mathiasen Motorsports com o #52 de Ben Keating/Mikkel Jensen/Scott Huffaker – louve-se o esforço deste último em triunfar na batalha contra Louis Déletraz, o mais rápido piloto do #8 da Tower na batalha final. Apenas um décimo de segundo separou os dois pilotos na quadriculada.

A verdade é que a equipe de Lisa e Bobby Oergel esteve perto de fracassar na disputa: o #11 de Steven Thomas/Josh Pierson/Jonathan Bomarito levou um stop & hold de um minuto por furar o sinal vermelho no pit lane e Keating ultrapassou um rival em bandeira amarela, sendo penalizado com drive through.

Quem caminhava célere para a vitória era a DragonSpeed, só que nos instantes finais o time percebeu que Sebastián Montoya não cumprira o tempo mínimo pré-determinado para a equipe pontuar na disputa. O pai do colombiano, Juan Pablo Montoya, parou o carro na reta final da corrida e entregou ao filho. Depois, a trinca que tinha ainda o piloto bronze Henrik Hedman acabaria penalizada. Essa série de patacoadas levou o Racing Team Nederland ao pódio da categoria após uma corrida bem atribulada – incluindo uma refrega com o #20 da High Class Racing, onde o pior sobrou à CarBahn with Peregrine Racing, que teve seu Lamborghini Huracán inteiramente destruído.

Felipe Fraga e os parceiros Kay Van Berlo e Gar Robinson (este último chegou a dar uma rodada logo no início) dominaram amplamente a tumultuada divisão LMP3 – responsável direta por cinco das seis neutralizações da prova por FCY. Já há quem defenda que esta subclasse não pode ficar no portfólio da IMSA por conta do nível discutível de alguns pilotos – e realmente há gente que não é do ramo naquela categoria.

Mas ainda se salvam alguns bons nomes, como os de Fraga e Colin Braun, que normalmente não se envolvem em besteiras. O brasileiro e sua trupe venceram com sobras, mesmo com Felipe tendo que fazer um splash & dash final para não ficar sem combustível.

Entre os Grã-Turismo, a grande polêmica do dia: BMW M Team RLL, com Augusto Farfus/John Edwards/Connor de Philippi e Winward Racing, com Phillip Ellis/Marvin Dienst/Russell Ward venceram respectivamente na GTD Pro e GTD na disputa de pista.

Só que não levaram: a IMSA, por conta da bandeira vermelha, corrigiu o tempo mínimo de guiada para 1h17min. As equipes não se aperceberam disso e foram penalizadas. Regra é regra: o #25 e o #57 ficaram em último em ambas as divisões, independentemente do que fizeram na pista. Também na LMP3, o #36 da Andretti Autosport cometeu a mesma infração, ofertando a P3 daquela classe à Performance Tech Motorsports.

A The Heart of Racing não tinha nada a ver com o erro alheio: e incrivelmente venceu nas duas subclasses, com o #23 de Alex Riberas Bou/Ross Gunn e o #27 de Maxime Martin/Ian James/Roman de Angelis.

Apesar de um splash & dash no final – no que seria imitado pela maioria dos adversários, o brasileiro Daniel Serra e o parceiro Davide Rigon ainda conseguiram o 2º lugar na GTD Pro, seguidos de Mathieu Jaminet/Matt Campbell, da Pfaff Motorsports.

A próxima etapa será já no domingo que vem com a volta do Canadá ao calendário, no Chevrolet Grand Prix em Mosport, na cidade de Bowmanville, na província de Ontario. Das cinco classes da série, somente a LMP2 não vai participar desta vez. A GTD marca pontos apenas para o IMSA Weathertech Sprint Cup.

Inclusive, um dos vencedores estará nesta segunda-feira no meu canal no YouTube: Filipe Albuquerque bate um papo conosco sobre esta corrida, o WEC, as 24h de Le Mans e a vida de piloto até a esta altura da carreira – ao vivo, a partir de 20h de Brasília.

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