A Mil por Hora
Brasileiro de Marcas

Nenhuma vitória + 10 pódios = campeão

RIO DE JANEIRO – Nos últimos dez anos, o automobilismo brasileiro tinha conhecido somente um piloto campeão de uma categoria nacional sem ter vencido uma única corrida sequer. Esse piloto em questão foi Sérgio Jimenez, vitorioso na primeira temporada da história da Fórmula Renault por aqui. Mas ele não fora o único, como me chamou a […]

timthumbRIO DE JANEIRO – Nos últimos dez anos, o automobilismo brasileiro tinha conhecido somente um piloto campeão de uma categoria nacional sem ter vencido uma única corrida sequer. Esse piloto em questão foi Sérgio Jimenez, vitorioso na primeira temporada da história da Fórmula Renault por aqui. Mas ele não fora o único, como me chamou a atenção o diligente Paulo “McCoy” Lava: os irmãos Affonso e Zeca Giaffone ganharam a Stock Car em 1981 e 1987, respectivamente, sem terem ganho qualquer etapa dos dois campeonatos. Zeca, aliás, foi campeão no ano em que a Stock adotou a pontuação da Nascar. Lembram disso?

Muito bem: feito o aposto e dado o devido crédito à memória de elefante do Paulo Lava, neste dia 2 de dezembro, conhecemos mais um nome para esta galeria: Ricardo Maurício, numa temporada pautada pela regularidade, levou o título de campeão do Brasileiro de Marcas numa corrida sofrida e difícíl em Curitiba. Um modesto 11º lugar foi mais do que suficiente para o pequeno grande piloto levar a taça para casa com grande justiça. O mérito de Ricardinho foi ter feito dez pódios num total de 16 corridas, com três segundos lugares como melhor resultado no ano.

A mesma regularidade, todavia, não foi mostrada pelos pilotos que mais venceram na temporada. Por isso, nenhum deles pôde comemorar a conquista que foi do piloto da Full Time Sports, numa corrida com pontuação dobrada e 100 pontos em jogo. As vitórias foram de Ricardo Zonta na primeira bateria e de André Bragantini Jr. na segunda. O piloto da JLM, aliás, constituiu-se no que a turma de fora chamaria de “from zero to hero”, partindo da 18ª e penúltima posição do grid para o topo do pódio, numa atuação impecável e exemplar, sem apelar para qualquer tipo de subterfúgio. Andrezinho provou, aliás, que dificilmente existe outro piloto hoje no país que guie um carro com tração dianteira tão bem quanto ele. Na minha opinião, é o melhor da matéria.

Outro que fez corrida exemplar, mesmo ficando fora do pódio, foi Vítor Meira, que liderou boa parte da disputa mas acabou em 5º. Marcos Gomes conseguiu se livrar da pena de doping e completou pelo menos a última corrida com a terceira posição, jogando fora aliás todos os 27 pontos somados no início do ano antes da suspensão, de acordo com o regulamento do campeonato. Ao deixar uma marca no decorrer do certame, o piloto não leva os pontos consigo.

Também cabe destacar a pancadaria desenfreada nesta última corrida do ano, presenciada por um baixíssimo público nas arquibancadas do Autódromo Internacional de Curitiba. Tem piloto com experiência internacional e tudo agindo de forma desnecessária em disputas por posição. E a direção de prova, conivente, não puniu com o rigor necessário nestas ocasiões.

Uma pena. Mas isto não apaga, de nenhuma forma, os méritos do novo campeão do Brasileiro de Marcas entre os pilotos. Entre os construtores, a Toyota faturou o caneco, contra Honda, Chevrolet e Ford. E nas escuderias, o título foi da Full Time Sports, do competente Maurício Ferreira, filho do antigo preparador Miguel Ferreira e sobrinho de Amândio Ferreira, o “Gigante”, ex-piloto e que também punha a mão na graxa como preparador. Família de grande tradição no automobilismo é isso aí.

Parabéns a todos os campeões de 2012!