A Mil por Hora
Brasileiro de Gran Turismo

Sem graça

RIO DE JANEIRO – Assisti ontem à segunda corrida da 3ª rodada do agora chamado “Sudamericano” de Gran Turismo, disputada em Tarumã. Escrevi a palavra entre aspas porque achei o emprego dela estranho. Primeiro, porque nosso idioma não é o espanhol, é o português. E em sendo assim, a competição deveria ser grafada como Sul-Americana. […]

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RIO DE JANEIRO – Assisti ontem à segunda corrida da 3ª rodada do agora chamado “Sudamericano” de Gran Turismo, disputada em Tarumã. Escrevi a palavra entre aspas porque achei o emprego dela estranho. Primeiro, porque nosso idioma não é o espanhol, é o português. E em sendo assim, a competição deveria ser grafada como Sul-Americana. Enfim, vida que segue, como diz o cronista.

Embora o calendário aponte para os circuitos de Interlagos, Curitiba e Santa Cruz do Sul as corridas que restam no ano, há planos de se fazer uma corrida fora do Brasil – no Uruguai ou na Argentina. Por isso a intenção de se fazer um “Sudamericano”.

E de boas intenções, o inferno está lotado. A competição é a mesma que segue prejudicada por egocentrismos, vaidade e cizânia, que primeiro fizeram cair fora o pessoal que criou a já extinta Top Series. Não obstante, houve a marmelada do ano passado e bons competidores potenciais, afora vários outros carros, nunca mais foram vistos nas pistas.

O Gran Turismo voltou a patinar como em 2009 e, se não fosse a criação da GT Premium, para aproveitar modelos já defasados e que ainda resistiam nestas plagas, podia ser pior. Muito pior.

Em Tarumã, havia 14 carros na pista. Desses catorze, somente dois de fato competitivos: o Lamborghini LP600 de Allam Khodair/Marcelo Hahn e o Audi R8 LMS Ultra dos irmãos Fábio e Wagner Ebrahim. A Ferrari F458 prometida para voltar após uma revisão e posterior atualização na Europa, até agora nada. O Corvette Z06 não reapareceu no circuito gaúcho. E os restantes GT3 eram os já citados GT Premium. Na GT4, só quatro carros: um Lotus, um Maserati, uma Ferrari e um Aston Martin.

Como não vi a corrida de Curitiba que, dizem, foi muito boa, a impressão deixada pela etapa deste domingo não foi das melhores. Ok… um pneu do Audi furou e o carro #20 levou uma volta de Hahn/Khodair, que venceram de novo. Mas a prova de Tarumã foi muito da sem graça. Não houve disputa nenhuma, só um desfile de belos carros durante 50 minutos. Nada mais do que isso.

Lamento que a situação do Brasileiro de Gran Turismo tenha chegado a esse ponto. É apenas mais um reflexo da crise que grassa no automobilismo em terras tupiniquins, com dirigentes sem credibilidade e outros que se eternizam no poder, afora os aproveitadores de sempre. Sem contar a ausência de circuitos de nível no território nacional e o desinteresse de patrocinadores, investindo rios de dinheiro em Copa do Mundo e Olimpíadas, deixando o automobilismo e o esporte a motor em geral à míngua.

A categoria tinha tudo para ser melhor que a Stock Car, mas nunca decola. Culpa do que já apontei aqui: o egocentrismo e a vaidade de poucos, prejudicando o coletivo.

Está cada vez mais difícil fazer um bom automobilismo no Brasil. Infelizmente.