A Mil por Hora
Clip da Semana

Cena de Cinema

RIO DE JANEIRO – Do tempo em que um artista muito conhecido por suas doideiras e por grandes sucessos nos anos 80 e até no início dos 90, ainda não tinha se transformado no sujeito ranzinza e reacionário que hoje ganha espaço na mídia verbalizando sua revolta contra tudo e todos. É um Lobão bem […]

RIO DE JANEIRO – Do tempo em que um artista muito conhecido por suas doideiras e por grandes sucessos nos anos 80 e até no início dos 90, ainda não tinha se transformado no sujeito ranzinza e reacionário que hoje ganha espaço na mídia verbalizando sua revolta contra tudo e todos. É um Lobão bem diferente, este do vídeo abaixo.

“Cena de Cinema”, faixa-título do seu primeiro trabalho solo, faz parte de um disco que ele, Lobão, apregoa como tendo sido o “primeiro trabalho independente” da música brasileira. Um equívoco histórico, pois Tim Maia lançou seus renegados álbuns Racional vol. 1 e vol. 2 de forma independente através da Seroma (as iniciais de Sebastião Rodrigues Maia) em 75/76 e Antônio Adolfo, o compositor de “BR-3”, campeã do FIC de 1970 com Tony Tornado e o Trio Ternura, fizera o mesmo com seu Feito em Casa, em 1977.

Enfim, nos anos 80 Lobão era um músico requisitado e versátil, pois compunha, tocava bateria, violão e guitarra. E bem, aliás. Notem que na faixa “Cena de Cinema”, quem dá uma palhinha com sua voz é Marina Lima, no trecho seguinte: Lá embaixo não tem estrelas… é a maior ficção… fico alucinado… e a luz no fim do túnel… vem me hipnotizar…

Lobão já era polêmico, pois gravara o primeiro disco da Blitz, aquele de “Você não soube me amar” e era o baterista oficial do grupo, quase um cofundador junto com Evandro Mesquita e o “homem-baile” Ricardo Barreto. Ao saberem da manobra dele, a Blitz não teve dúvidas: limou o nome de Lobão dos créditos como baterista e na foto de capa, seu rosto foi substituído pela colagem de um lobo mau.

Chega de papo. “Cena de Cinema”, rock brasileiro do bom, é o clip da semana. Por dois minutos e meio, esqueçamos que o Lobão hoje é um mero pastiche do que foi um dia.