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Nascar

Quatro homens, um objetivo

RIO DE JANEIRO – Chegou a hora. No próximo domingo, termina a temporada 2015 da Nascar Sprint Cup Series com a decisão do campeonato no oval de Homestead-Miami, na Flórida. São quatro homens na pista em busca de um objetivo: o título. Título que dois desses pilotos já possuem e os outros dois querem levar […]

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RIO DE JANEIRO – Chegou a hora. No próximo domingo, termina a temporada 2015 da Nascar Sprint Cup Series com a decisão do campeonato no oval de Homestead-Miami, na Flórida. São quatro homens na pista em busca de um objetivo: o título.

Título que dois desses pilotos já possuem e os outros dois querem levar pela primeira vez. Será uma decisão de contrastes, reunindo um mito da categoria, o maior vencedor de provas sancionadas da categoria após Richard “The King” Petty, o piloto da equipe de um só carro e o atual campeão da Sprint Cup.

O mito não podia ser outro: aos 44 anos, Jeff Gordon coloca no próximo dia 22 de novembro um ponto final numa carreira de, até aqui, 793 corridas disputadas (initerruptamente, é bom lembrar) em 24 temporadas. Dono de quatro títulos na Sprint Cup, Gordon quer se aposentar pentacampeão, o que ratificaria o status de lenda viva que já possui. Seu cartel inclui, também, 93 vitórias, 81 pole positions e 474 provas no top 10 em provas da principal categoria da Nascar.

Com apenas uma vitória conquistada neste ano, na etapa de Martinsville, Jeff é um dos maiores azarões da decisão. Muitos acreditam que o piloto do #24 talvez nem fosse para a última prova da carreira com chances de conquistar seu 5º troféu da Nascar, se não fosse a confusão entre Matt Kenseth e Joey Logano naquele circuito da Virgínia. Certo é que Gordon agarrou a oportunidade e comemorou com a empolgação de quem conquistava sua primeira vitória na vida. Apesar das adversidades e de uma temporada em que chegou apenas cinco vezes entre os cinco primeiros, Jeff quer fechar sua carreira com chave de ouro.

Em contrapartida a Gordon, Kyle Busch quer, mais do que a primeira taça da Sprint Cup, pôr fim ao estigma de “amarelão” que carrega desde o ano de 2008, quando venceu nada menos que oito etapas na temporada regular da categoria e fracassou de forma espetacular no Chase, terminando naquela oportunidade em último entre os 10 postulantes ao título. Aliás, de qualquer forma, o “Rowdy” já supera o melhor resultado da carreira na categoria principal, pois seu melhor desempenho fora a 5ª colocação em 2007.

Buschinho teve um início de ano para esquecer: sofreu um grave acidente na corrida inaugural da Xfinity Series em Daytona e ficou fora das onze primeiras etapas da temporada. Quando voltou, iniciou uma luta para terminar nos pontos entre os 30 melhores da Sprint Cup – o que o qualificaria para o Chase em caso de conquistar pelo menos uma vitória. Ganhou quatro corridas, três delas consecutivas, no melhor momento que a Joe Gibbs Racing alcançou na temporada. Como único representante de sua escuderia e da Toyota na final, o piloto de 30 anos, dono de 33 vitórias na Sprint Cup (153 nas três divisões da Nascar, somente atrás das 200 de Richard Petty), quer seu segundo título nos Stock Cars, já que venceu a Xfinity Series em 2009.

Outro campeão da divisão de acesso (em 2004 e 2005) chega à decisão pela primeira vez: Martin Truex Jr. é a grande surpresa da temporada. O piloto de 35 anos defende uma equipe pequena, a Furniture Row Motorsports, que conta com motores preparados pela ECR Engines e é uma organização que cresceu muito sob o comando de Barney Visser, a partir do momento que deu uma oportunidade para Kurt Busch renascer dentro da Nascar.

A situação de Truex Jr. foi mais ou menos parecida: ele foi personagem indireto da embaraçosa armação que lhe teria dado uma vaga no Chase de 2013 quando defendia a equipe de Michael Waltrip, na corrida de Richmond. A Nascar percebeu que havia mutreta, julgou a rodada de Clint Bowyer proposital para ajudar o companheiro de equipe e acabou por excluir Truex da fase decisiva, dando sua vaga para Ryan Newman e elevando Jeff Gordon a um Chase com 13 participantes, pela primeira vez na história. A NAPA Auto Parts, patrocinadora do time, decidiu cair fora, bandeando-se para Chase Elliott. E Truex buscou na Furniture Row um novo caminho. Neste ano, fez uma temporada excelente: venceu no triângulo de Pocono, com 22 top 10 em 35 corridas e oito top 5. Números, de fato, respeitáveis.

Mas o grande favorito a conquistar o título – mais uma vez – é Kevin Harvick. Sem a sombra de Joey Logano, que todos tinham como o seu grande adversário para a finalíssima, o piloto da Stewart Haas Racing pode bisar o feito do ano passado. Harvick, que completa 40 anos no próximo dia 8 de dezembro, parece ter atingido o ápice de sua carreira na Nascar.

Com 537 provas disputadas e 31 vitórias, Kevin ganhou apenas três vezes neste ano contra cinco em sua temporada de estreia pela SHR após 13 anos de serviços prestados à escuderia de Richard Childress. Além de uma velocidade impressionante em muitas das pistas do calendário nos últimos dois anos, Harvick tem tido uma consistência igualmente assustadora.

Os números estão aí para não me deixar mentir: embora tenha completado menos voltas neste ano que Gordon e Truex Jr. (Kyle Busch, é bom lembrar, disputou 11 etapas a menos), Harvick é disparado o piloto com o maior número de voltas na liderança. São 2.248 giros ocupando a P1 em todas as provas do ano. Buschinho completou 695, Truex 564 e Gordon 256.

Também dentre os quatro postulantes ao título, Harvick é o que tem a melhor média de posições de largada (8,2) e chegada (8,9). Não por acaso, somou 22 top 5 e 27 top 10 neste ano. Números que o credenciam como o grande favorito em Homestead-Miami.

Mas Nascar é Nascar. Tudo pode acontecer. E quem viu Joey Logano ficar fora num campeonato que parecia destinado às suas mãos, pode se surpreender quando a bandeira quadriculada baixar ao fim da corrida do próximo dia 22.

E vocês, leitores, para quem torcerão na decisão? Gordon? Buschinho? Truex Jr.? Harvick?