A Mil por Hora
Automobilismo Nacional

Casa da Mãe Joana

RIO DE JANEIRO – O automobilismo brasileiro é mesmo a Casa da Mãe Joana. A Folha de S. Paulo, nesta matéria assinada por Paula Cesarino Costa, coloca mais um dedo na purulenta ferida de um esporte que agoniza neste país. A ser verdade tudo o que é relatado nas trocas de mensagens via WhatsApp, relatadas […]

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RIO DE JANEIRO – O automobilismo brasileiro é mesmo a Casa da Mãe Joana. A Folha de S. Paulo, nesta matéria assinada por Paula Cesarino Costa, coloca mais um dedo na purulenta ferida de um esporte que agoniza neste país.

A ser verdade tudo o que é relatado nas trocas de mensagens via WhatsApp, relatadas pela reportagem, é de enojar. Por mais que tenha sido uma “molecagem”, como diz um dos envolvidos, mexe com coisas sérias do passado. Reabre suspeitas e coloca em descrédito a atuação dos comissários da egrégia Confederação Brasileira de Automobilismo, a mesma em que dirigentes se locupletam por anos e cuja principal fonte de lucro, hoje, é a emissão de carteirinhas de piloto. A entidade também reagiu passivamente, é sempre bom lembrar, ao fim de três autódromos – Jacarepaguá, Brasília e Pinhais.

Cacá Bueno se coloca no papel de vítima e fala que o diálogo é “repugnante”. Mas se eu pudesse aconselhá-lo, diria para deixar o coitadismo de lado (até porque fazer papel de coitado nem sempre pega bem, especialmente entre os haters), pegar o boné e ir embora. O cara já ganhou tudo o que pôde aqui e ainda tem fòlego, idade e mercado para emplacar uma bela carreira internacional – sem esquentar a cabeça com suspeitas ou suspeições. Se não está satisfeito, se manda. Mas parece que aqui a grana é boa…

Do lado da Vicar, Maurício Slaviero teria se manifestado pela exclusão sumária dos envolvidos na troca de mensagens que – dizem – vai trazer mais coisas à tona. Teve gente da CBA que pôs panos quentes: na matéria da Folha, Nestor Valduga fez questão de elogiar os envolvidos, mas um comunicado enviado pela assessoria da entidade afirma que os comissários foram “preventivamente afastados”. E que irá abrir inquérito administrativo “para apurar supostas irregularidades”, além de encaminhar a matéria para a apreciação da Procuradoria do STJD da CBA, “ante a gravidade do narrado”.

Mas, conhecendo a turma como a gente conhece, sabendo quem está à frente da entidade, não vai dar em nada. Os envolvidos seguirão elogiados pelos dirigentes e o automobilismo morre um pouco mais a cada dia no país. Como diz o filósofo, mais um gol da Alemanha, outro 7 x 1 na nossa cara. O detalhe é que a temporada 2016 está para começar: a primeira rodada da Stock é no próximo domingo, com a Corrida de Duplas, em Curitiba.

Acho que está mais do que na hora dessa palhaçada terminar de CBA e comissários fazendo o que bem dá na telha terminar. Ou os patrocinadores, promotores e demais interessados tomam uma atitude, ou tudo continuará como dantes no Quartel de Abrantes. Urge a criação de ligas para gerir o esporte. Por que a Nascar deu certo? Porque é uma organização INDEPENDENTE do jugo de qualquer confederação ou clube nos EUA. E se sustenta no seu modus operandi há quase 60 anos.

Só que há uma diferença abissal: lá, são os EUA. Aqui, ainda tem gente que acha que a Stock Car deveria ser chamada de “Nascar Brasileira”.

Sabem de nada, inocentes.