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Cruyff

RIO DE JANEIRO – Cruyff está no panteão de grandes craques que desfilaram sua categoria nos gramados e que não vi jogar. Como Pelé, Mané Garrincha, Didi, Gerson, Sindelar, Di Stefano, Puskas, Eusébio, Fontaine, Kopa, Beckenbauer e tantos outros que não tive a chance de admirar. Pra mim, o holandês está no patamar dos gênios. […]

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RIO DE JANEIRO – Cruyff está no panteão de grandes craques que desfilaram sua categoria nos gramados e que não vi jogar.

Como Pelé, Mané Garrincha, Didi, Gerson, Sindelar, Di Stefano, Puskas, Eusébio, Fontaine, Kopa, Beckenbauer e tantos outros que não tive a chance de admirar.

Pra mim, o holandês está no patamar dos gênios. Ou, como o companheiro de Fox Sports Rodrigo Bueno costuma dizer, dos diferenciados. Hendrik Johannes Cruyff era diferenciado. Filho de faxineira do Ajax, moleque franzino que para superar uma poliomielite criou uma simbiose com a bola que jamais existiu e jamais existirá no seu país.

A Holanda não existia no mapa-mundi do futebol europeu e internacional até Cruyff e o seu Ajax que demoliu a oposição no continente no início dos anos 1970. E é preciso fazer justiça também a dois nomes: Stefan Kóvacs e Rinus Michels.

Foram eles que fizeram a revolução do futebol total, em que os jogadores se multiplicavam em campo, não guardavam posição e se movimentavam em campo, deixando os adversários atordoados.

Quem enfrentou a Holanda em 1974 sabe muito bem disso. Um uruguaio (não lembro o nome), disse que sua seleção foi “massacrada”. A Argentina virou pó. O Brasil idem. O gol contra a Alemanha na final é uma síntese do que era aquela seleção e do que Cruyff representava para a “Laranja Mecânica”. Pena que a Holanda não foi premiada com um título mundial. E nem Cruyff.

Foi ídolo no Ajax, no Barcelona e até no Feyenoord, no qual encerrou a carreira. Era tido como mercenário, tanto que na Copa de 74 jogou com uma camisa de duas listras (a dos demais tinha três) e em 78, dizem, teria se recusado a defender a seleção porque queria a garantia do prêmio em dinheiro e também havia o papo da ditadura argentina.

Como treinador, foi igualmente brilhante. Celebrado no Barcelona, montou um dos maiores esquadrões dos Culés, com Stoichkov e Romário. E quem há de duvidar de Cruyff quando chamava o Baixinho de “Gênio da Grande Área”?

Cruyff gostava de desafios e consta que, num jogo, desafiou o Romário a fazer um número x de gols para ganhar uma folga e vir ao carnaval do Rio. No primeiro tempo, o Baixinho fez x + 1 de gols e deixou o jogo no intervalo. A mala já estava o esperando no vestiário. O resto é história.

Vai-se o homem, fica a lenda.