RIO DE JANEIRO – Meninos, eu vi!
Sim… tive a honra de comentar a primeira decisão da Sprint Cup depois de onze anos. Desde que Tony Stewart foi campeão em 2005, não tinha esse privilégio na minha carreira. Não que eu não quisesse: existe um negócio chamado escala e nem sempre somos indicados para trabalhar em todos os finais de semana. Paciência. Saber esperar é uma virtude.
E desde a saída da Nascar do SporTV e a consequente passagem para o Speed Channel e depois para o Fox Sports, quem se estabeleceu como uma potência dominante nos Stock Cars dos EUA foi o piloto da foto acima: Jimmie Johnson.
É, leitores… de 2006 a 2010 só deu ele. Quem pôde aproveitar depois, aproveitou, como Tony Stewart e Brad Keselowski. O #48 voltou ao topo em 2013 para conquistar o sexto troféu na principal divisão e aí a Nascar decidiu mudar o formato do Chase, para evitar que o piloto da Hendrick se estabelecesse de forma hegemônica na categoria.
Os rumos pareciam tomar uma outra direção quando Kevin Harvick e Kyle Busch venceram os últimos campeonatos dentro da regra de “mata-mata” estabelecida para se conhecer o campeão, com quatro pilotos em igualdade de condições. Para complicar, Jeff Gordon e agora Tony Stewart, dois grandes campeões, estavam – e estão – se aposentando.
A Nascar precisava de algo que fizesse o torcedor esquecer que duas lendas não estarão mais nas pistas em 2017. A outra lenda tinha que fazer sua parte.
Assegurado no Chase desde a 2ª etapa em Atlanta, Johnson venceu ainda em Fontana. E ficou um longo tempo – creio ter sido o maior jejum de sua carreira – sem ganhar uma única prova.
O piloto de 41 anos já era questionado e sua equipe, também.
Mas a Hendrick, de repente, acordou para a vida. Lembrou que havia um campeonato e que tinha um hexacampeão. E Johnson cravou todo mundo em Martinsville, carimbando seu passaporte para a final em Homestead-Miami. Depois, ele saberia que seus oponentes seriam Carl Edwards, Joey Logano e Kyle Busch. Desses três, apenas o Buschinho poderia dobrar seu total de campeonatos. Os outros rivais perseguiam uma conquista inédita em seu palmarés.
Johnson tinha contra si o fato de jamais ter vencido qualquer prova anterior na Flórida, embora TODOS os seus campeonatos ganhos fossem ali conquistados. Ele tinha a enorme responsabilidade de se igualar às lendas Richard Petty e Dale Earnhardt. E mostrou que estava preparado – mesmo que seu carro caísse na vistoria técnica e fosse obrigado a largar da última posição.
Com grande competência, ultrapassou quem pôde e logo chegou ao top 10. Pouco a pouco, galgou para o top 5. Mas seus mecânicos resolveram (não) colaborar. Um deles “catou cavaco” numa parada, pisando e escorregando em duas porcas de roda caídas no meio do pitbox. Se não me falham as contas, ele teve três paradas muito ruins.
Mas a Nascar, meus caros, é dinâmica.
Carl Edwards, que tinha o melhor carro entre os quatro finalistas e mostrou força desde o início, resolveu fazer besteira numa relargada e bateu. Bandeira vermelha. Adrenalina abaixada e meia hora de paralisação.
Era a hora de Jimmie Johnson mostrar serviço e fazer valer que o verdadeiro “cheirinho de hepta” era o da Nascar e não o do violento esporte bretão.
E não deu outra: com duas relargadas sensacionais – a última, genial, o piloto do #48 liderou quando precisava e levou para a Califórnia mais uma taça de campeão.
JJ é mais um gênio da raça. Como o são Michael Schumacher, Tom Kristensen, Valentino Rossi e Sébastien Loeb. Todos dominadores. Monstros em suas especialidades. O título está em boas mãos. E onde quer que esteja, Earnhardt Sênior aplaude o que o mundo inteiro aplaudiu depois da bandeira quadriculada de ontem.
Meninos, eu vi!
#Se7en