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Automobilismo Nacional

Às vésperas de mais uma eleição presidencial, CBA se vê envolvida em escândalos

RIO DE JANEIRO – No próximo dia 20, uma sexta-feira, o futuro do automobilismo brasileiro, tão espiaçado pela tenebrosa gestão do sr. Cleyton Pinteiro à frente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) será definido. Duas chapas se enfrentam no pleito: a da situação, liderada pelo pernambucano Waldner Bernardo, o “Dadai”. Do lado da oposição, a […]

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A gestão do presidente Cleyton Pinteiro é uma das piores da história do automobilismo brasileiro, pior até que a de Reginaldo Bufaiçal. Às vésperas de um novo pleito, mais escândalos vêm a tona para manchar uma administração frouxa e pífia

RIO DE JANEIRO – No próximo dia 20, uma sexta-feira, o futuro do automobilismo brasileiro, tão espiaçado pela tenebrosa gestão do sr. Cleyton Pinteiro à frente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) será definido.

Duas chapas se enfrentam no pleito: a da situação, liderada pelo pernambucano Waldner Bernardo, o “Dadai”. Do lado da oposição, a Chapa Bandeira Verde, capitaneada pelo ex-piloto paranaense Milton Sperafico. A responsabilidade da eleição está nas mãos dos presidentes das federações com direito a voto e também da Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo (ABPA).

A CBA conseguiu a façanha de, em sua atual gestão, dilapidar o esporte a motor no país. Além de uma administração frouxa, pífia e que sempre se jactou dos lucros alcançados com a emissão de carteiras de piloto – como se isso bastasse para fazer o automobilismo interno evoluir… – a entidade se vê envolta em dois tenebrosos escândalos, às vésperas da eleição.

Quem trouxe à tona as denúncias contra a CBA foi o querido e combativo Jorge Kraucher, que voltou mais afiado do que nunca com o seu Speedonline, que nunca deveria ter ficado inativo.

A primeira denúncia foi publicada no último dia 5. Kraucher soltou uma matéria falando da farsa do prêmio oferecido pela CBA ao campeão brasileiro da categoria Sudam de Kart, que seria uma temporada completa na Fórmula 3 Brasileira, via RR Racing. O gaúcho Pedro Goulart fez jus ao prêmio – que nunca viu. A equipe RR Racing paralisou – e não encerrou –  suas atividades e o garoto não só não guiou o prometido prêmio como também seu pai, Volnei Goulart, promete acionar a entidade na justiça.

De forma covarde, a atual administração tenta empurrar – para surpresa alguma – o problema para a nova gestão, quer seja da situação ou da oposição. Volnei Goulart ouviu da CBA que o problema seria “resolvido até janeiro” e que Dárcio Dos Santos, via PropCar, teria se oferecido para sanar o problema. Mas o próprio Dárcio relata que o problema é muito mais sério do que se imagina. Segue um trecho da matéria do Kraucher no Speedonline.

“Eu conversei com o Paulão (Paulo Gomes), que me respondeu que quem teria de resolver a questão seria o próximo presidente, e sequer obtive retorno do Cleyton Pinteiro quando o contatei”, contou Dárcio Dos Santos, que apesar da inatividade do time por falta de pilotos desde metade da temporada da F-3 Brasil do ano passado mantém toda a estrutura do time. “Como pode uma Confederação Nacional, reconhecida pela FIA, fazer um papelão desses? É um absurdo, uma falta de respeito” desabafou Dárcio.

Pensam que acabou? Calma que tem mais…

Numa postagem datada do dia 10, mais conhecido como ontem, Kraucher contou que uma empresa fantasma, com o nome de “NR Lima Racing” foi usada como fachada para desviar um valor de cerca de R$ 784 mil dos cofres da CBA. O contrato de “prestação de serviços” assinado a partir de março de 2011 garantia a essa empresa um valor de R$ 14 mil mensais. Multiplicando por 56 – o número de meses da vigência desse “contrato”, saiu essa dinheirama toda sem que o Conselho Fiscal da entidade contestasse a saída do dinheiro e muito menos ao que se prestava ou destinava.

E para quem não sabe, a CBA hoje é absolutamente irrelevante no contexto do automobilismo mundial: o Brasil foi “saído” do Conselho Mundial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), para o qual havia sido reconduzido na adminsitração de Piero Gancia, perdendo a vaga entre os países sul-americanos – com a saída do sr. Paulo Enéas Scaglione do cargo – para Venezuela e Paraguai, acredite quem quiser.

O país participa das reuniões na base do “entra mudo, sai calado”. São quatro reuniões ao ano. A última delas foi em Viena, na Áustria. E a farra de dinheiro gasto com essas viagens é absurda. Um escárnio com a crise que vive o esporte a nível interno. Hotéis caríssimos e passagens de primeira classe fazem parte da brincadeira.

A agência que faz as viagens do presidente da CBA fica em Florianópolis – para nenhuma surpresa curral eleitoral de Jairo Albuquerque, ex-presidente (e não atual, desculpem) da FAUESC (Federação de Automobilismo do Estado de Santa Catarina), a única confederação do eixo Sul-Sudeste que apoia publicamente a candidatura de Waldner Bernardo, o “Dadai”.

Também não é nenhuma surpresa, não é mesmo?

E para pôr mais lenha na fogueira, tem ainda esta matéria da IstoÉ, publicada na versão eletrônica da revista em 2014 e atualizada em janeiro do ano passado. Vejam vocês: há três anos, começavam a pulular as denúncias contra a administração caótica do sr. Cleyton Pinteiro e sobre o advogado da entidade, o sr. Felippe Zeraik. Até hoje, nada foi esclarecido.

É hora dessa palhaçada acabar.

O automobilismo brasileiro pode caminhar para um buraco sem volta, caso as federações e a própria ABPA indiquem que estão “satisfeitas” com a atual gestão.

Pelo que vejo e sinto, ninguém deveria estar.

Mas para uma Confederação que nada fez diante do absurdo que foi a destruição do Autódromo de Jacarepaguá para a construção de vários elefantes brancos à guisa de “legado olímpico”, tudo pode. Menos ajudar o esporte como ele merece e precisa.