RIO DE JANEIRO – Manhã de quarta-feira. Você acorda, pensando que nada aconteceu lá na Europa. Afinal de contas, é apenas mais um dia, a antevéspera dos primeiros treinos para o GP do Bahrein de Fórmula 1.
Aí mexo no celular, vou às redes sociais e me deparo com uma bomba de proporções atômicas: Fernando Alonso anuncia que vai disputar as 500 Milhas de Indianápolis, abrindo mão da disputa do GP de Mônaco, no mesmo final de semana.
E quando a gente vê que não é sacanagem e que tanto a McLaren quanto a Honda deram o aval, é que o negócio é mesmo muito sério.
Alonso nunca escondeu que é um “racer”. Se vocês se lembram, a Porsche fez um convite para que ele disputasse as 24h de Le Mans em 2015. Ron Dennis e a Honda, naturalmente, disseram não. Ele não se conformou com aquilo… e nem deveria. No mesmo carro, Nico Hülkenberg fez a festa ao lado de Earl Bamber e Nick Tandy, vencendo a corrida.
Mas isso – por enquanto – são águas passadas. Voltemos à Indy 500: a McLaren costurou uma parceria com a equipe de Michael Andretti – que foi piloto do time na Fórmula 1 em 1993 – para alinhar um Dallara DW12 e assim Alonso poder competir. É uma jogada estratégica de alto nível. Mostra que os novos donos da McLaren podem inclusive voltar à categoria estadunidense de monopostos. E que Alonso, mais do que ser um “racer”, quer conquistar a Tríplice Coroa do automobilismo.
O espanhol já tem duas vitórias no GP de Mônaco (2006, pela Renault e 2007, inclusive pela McLaren). Faltaria ganhar a Indy 500 e as 24h de Le Mans, para igualar Graham Hill, o único piloto até hoje a vencer as três provas no automobilismo mundial. Aliás, Mansour Ojjeh já deu a dica de que a McLaren vai mesmo voltar a Sarthe – não se sabe de que forma, ainda, mas vai.
Zak Brown, CEO da McLaren, estará presente in loco para acompanhar a estreia de Alonso na Fórmula Indy a bordo de um Andretti-McLaren-Honda que será todinho pintado de laranja, numa homenagem ao fundador do time, Bruce McLaren, que decorava seus carros neste matiz.
E aí eu repasso a pergunta que um seguidor me fez no Twitter: se o Ron Dennis ainda estivesse no comando da McLaren e o Bernie Ecclestone fosse o manda-chuva da Fórmula 1, isso seria permitido?
Assim, Fernando Alonso repete Jim Clark como um campeão de F1 que deixou de lado o GP de Mônaco para estar presente na Indy 500. E além do próprio Escocês Voador e do já citado Hill, o asturiano iguala os feitos de Alberto Ascari, Jacques Villeneuve, Jack Brabham, Mario Andretti, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Nigel Mansell, todos campeões na categoria máxima e que disputaram a clássica corrida oval estadunidense.