A Mil por Hora
Nascar

It’s Truex!

RIO DE JANEIRO – Quantas e quantas vezes vimos injustiças no automobilismo? Como, aliás, em qualquer esporte? Felizmente o dia 19 de novembro de 2017 entra para a história como um daqueles momentos em que se fez justiça. Pelo conjunto da obra. Para provar que vale a pena sonhar, lutar, perseverar. Martin Truex Júnior, aos […]

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RIO DE JANEIRO – Quantas e quantas vezes vimos injustiças no automobilismo? Como, aliás, em qualquer esporte?

Felizmente o dia 19 de novembro de 2017 entra para a história como um daqueles momentos em que se fez justiça. Pelo conjunto da obra. Para provar que vale a pena sonhar, lutar, perseverar.

Martin Truex Júnior, aos 37 anos, tornou-se o 32º piloto na história da Nascar a conquistar o troféu de campeão da divisão principal, a Monster Energy Cup Series.

Um desfecho perfeito para uma campanha irrepreensível. Foram 36 corridas, oito vitórias (Las Vegas, Kansas – duas vezes, Kentucky, Watkins Glen, Chicagoland, Charlotte e Homestead-Miami), o maior número de voltas na liderança em todo o campeonato (2.200 no total), maior total de Top 5 (19) e Top 10 (26) no ano, bem como as melhores performances nos segmentos implantados pela Nascar neste ano – foram 19 segmentos ganhos antes da final, quando os quatro postulantes não ganharam pontos extras. Tanto ele quanto Kyle Busch, Brad Keselowski e Kevin Harvick partiram de uma base de 5000 pontos e quem chegasse à frente levava neste domingo.

Os deuses do esporte foram muito justos com Truex e sua equipe, a Furniture Row. A única escuderia fora do círculo de times da Nascar, sediados na Carolina do Norte – a sede dos novos campeões é em Denver, no Colorado – é também uma estrutura pequena se comparada aos grandes times de ponta da categoria.

Não obstante, Martin era um piloto sem lenço e sem documento após o fim da temporada de 2013, quando a NAPA retirou o patrocínio de seu carro em razão do escândalo de Richmond, quando sua equipe, a Michael Waltrip Racing, foi acusada de manipular o resultado daquela corrida.

A partir de 2014, Truex passou a conduzir o carro #78 e o entrosamento foi ganhando força com o passar dos anos. E nesta temporada, o piloto chegou à perfeição, ao apogeu. E tudo isso num ano em que um dos integrantes da equipe morreu, o patrão Barney Visser enfartou e, pior das situações, a companheira de Truex – Sherri Pollex – teve de fazer um doloroso tratamento contra um câncer de ovário, diagnosticado há três anos.

Por vezes, Martin foi às corridas sem seu porto seguro. Algumas vitórias em 2017 não tiveram o sorriso de Sherri no Victory Lane e nem as selfies comemorativas nas redes sociais. Mas na mais importante, na mais bonita, na mais justa de todas as oito, ela estava lá para ver o campeão chorar de emoção.

Como nós, da equipe do Fox Sports, também choramos e nos emocionamos de forma genuína e sincera com essa conquista.

Porque não é apenas automobilismo. Porque foi como tinha que ser.

Fiquem à vontade para dizer – e até criticar a equipe de transmissão, formada por mim, Thiago Alves e Edgard Mello Filho – que nós torcemos. E eu vou responder: “Sim. E daí?”

Por mais que Kyle Busch tivesse o melhor carro em ritmo de prova e Harvick e Keselowski sejam igualmente merecedores de todo o respeito, não dava para torcer contra Truex Jr. por tudo o que ele passou em 2017.

Cansamos de ver, por vezes, os melhores perderem. Hoje, o melhor venceu.