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Piquet na Stock

RIO DE JANEIRO (Que guinada!) – Nelsinho Piquet volta a correr em pistas brasileiras após o título da Fórmula 3 Sul-Americana em 2002 e eventuais aparições nas Corridas de Duplas da Stock Car e até na Pick-Up Racing (lembram disso?). Pois é: o piloto da equipe Panasonic Jaguar na Fórmula E foi anunciado hoje como […]

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Nelsinho Piquet é a grande novidade do grid da Stock Car para 2018 (Foto: Rodrigo Berton/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO (Que guinada!) – Nelsinho Piquet volta a correr em pistas brasileiras após o título da Fórmula 3 Sul-Americana em 2002 e eventuais aparições nas Corridas de Duplas da Stock Car e até na Pick-Up Racing (lembram disso?). Pois é: o piloto da equipe Panasonic Jaguar na Fórmula E foi anunciado hoje como o novo companheiro de Rubens Barrichello na temporada 2018 da Stock Car, a principal categoria do automobilismo brasileiro.

É uma guinada e tanto para o filho do tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet. Mas se explica: a Texaco, patrocinadora integral do carro #33 apresentado hoje nos boxes de Interlagos, investiu forte para ter o piloto na equipe Full Time, do competentíssimo Maurício Ferreira. O versátil Nelsinho, que já correu na Nascar, esteve no Rallycross e fez a temporada completa do WEC em 2017, também foi o primeiro campeão da história da Fórmula E, categoria que disputa desde o início.

Em entrevista ao PH Marum, no Grande Premium, Nelsinho mostrou parte da insatisfação com a equipe Rebellion – que inclusive planeja a volta à LMP1 em 2018/19 no Mundial de Endurance e não contará com o piloto brasileiro na Super Season. As razões passam desde a desclassificação do carro #13 nas 24 Horas de Le Mans por um erro primário da equipe, que para ter acesso ao motor de arranque furou a carenagem do Oreca 07 Gibson LMP2 (o que não é permitido pelo regulamento), até a preferência escancarada da escuderia para fazer do carro de Bruno Senna o campeão da temporada, derrotando a Jackie Chan DC Racing.

Antes que você, leitor, pense que Nelsinho e Bruno têm problemas, esqueça mais uma cizânia Piquet versus Senna. Os dois são amigos. O problema foi entre os pilotos pagantes, o francês Julien Canal e o dinamarquês David Heinemeier-Hänsson.

Em Fuji, na reta final da temporada, a Rebellion decidiu fazer jogo de equipe com a trinca do #13 (Nelsinho inclusive) ajudando o #31 de Senna, Prost e Canal. Heinemeier-Hänsson disse em alto e bom som que não pagava para abrir passagem aos companheiros e sim para correr e ajudar sua tripulação a conquistar bons resultados. Naquela corrida, o nórdico radicado nos EUA ameaçou não sentar no carro. E também o clima entre os engenheiros Simon Cayzer, do carro de Piquet e Fabrice Roussel, que cuidou do equipamento de Senna, era simplesmente péssimo.

Por isso, Piquet saiu atirando farpas contra a equipe e, sem boas vagas na manga para continuar no WEC (por enquanto), começou a prospectar a volta para o Brasil – precisamente na Stock Car. Aí a Texaco, pensando na concorrência com a Shell e a Ipiranga, abriu a carteira e financiou a vinda do piloto.

Mas acho que Nelsinho não deve fechar os olhos para o WEC e para as 24 Horas de Le Mans. Ele tem condição de estar em qualquer equipe LMP1 em 2018/19, exceto a Rebellion. O problema é ter o pacote certo para vencer. E a princípio a única equipe que poderia abrir esse horizonte para ele seria a Toyota. Mas a Manor tem pinta de equipe promissora entre os times independentes, por seu histórico e pelo chassis Ginetta ter, entre os projetistas, gente do calibre de Paolo Catone – que desenhou o Peugeot 908 – e  Ewan Baldry, afora Adrian Reynard, ele mesmo.

Quanto à Stock, a vinda de Piquet é um marco para a categoria, que em 2018 chegará à quadragésima temporada de sua história. A Stock tem seus (vários) erros, mas seria leviano fechar os olhos para a realidade quando se fala da força dos nomes que compõem o grid da categoria. Hoje, a Stock não deve nada a várias categorias de Turismo no mundo inteiro. Talvez o panorama fosse outro se o país fosse diferente e não houvesse tantos desmandos a ponto de Jacarepaguá sumir do mapa, Brasília ficar fora do calendário por falta de autódromo e – principalmente – o risco da perda de Interlagos, ante a sanha privatista do prefeito de São Paulo, João Doria.