RIO DE JANEIRO – Antes que façam com Interlagos o que deixaram fazer com Jacarepaguá na mão grande, a comunidade automobilística paulistana está se mexendo. E não só ela: a Confederação Brasileira de Automobilismo e a de Motociclismo também fazem parte do ‘levante’ que tentará impedir o odioso processo de privatização do complexo de Interlagos – autódromo e kartódromo.
Foi entregue uma petição ao Ministério Público Estadual (MPE) pela chamada comissão Interlagos Hoje e também pela Federação de Automobilismo do Estado de São Paulo (FASP), questionando os rumos e a finalidade dessa suposta privatização. O líder da comissão, Sergio Berti, afirmou o seguinte em comunicado emitido à imprensa.
“Nós entendemos que as propostas apresentadas pelo prefeito João Doria Júnior carecem de fundamento básico: sua promessa de privatizar Interlagos e garantir a continuidade do uso para o qual o circuito foi construído não encontra respaldo legal. Uma vez tornado propriedade particular, não há lei que garanta isso”.
“Eu acho que a privatização não vai acontecer. Por alguns motivos: primeiro, porque o autódromo não vale o que o Doria diz que vale hoje, não é a realidade do terreno. Ele começou falando em R$ 3,2 bilhões; agora baixou para R$ 2 bilhões. E mesmo que o terreno valesse isso, ele está querendo vender com a condição de o comprador adquirir 1 milhão de m² e usar apenas 300 mil. Ele está garantindo que o esporte a motor vai permanecer lá, mas, obviamente, não existe um empresário bem-sucedido e inteligente que vai investir desta forma – essa é minha percepção”, ponderou em declarações publicadas pelo Grande Prêmio.
“Agora, pelo lado político, [a privatização] é possível porque existe uma Câmara Municipal com alguns vereadores com o maior interesse que ali haja uma maior expansão e exploração imobiliária. A maioria dos vereadores não tem ideia do que é Interlagos. Meia dúzia sabe que Interlagos tem outras atividades fora da F1, mas a maioria não tem a menor ideia. Então é uma ideia populista do Doria, porque a maioria acha que Interlagos é só a F1. Alguns dos vereadores têm interesse nessa ação populista”, declarou Sergio.
“A nossa ação é muito clara. Desde que o Doria venceu as eleições, ou mesmo antes de ele assumir, nós tivemos uma reunião na Câmara a convite do ‘Zuzinha’ (Mário Covas Neto) sobre isso. Nessa reunião, nós achávamos que o Zuzinha traria uma proposta efetiva do Doria, na linha: ‘Vou vender, mas vou manter desta forma’. Mas a partir daquela reunião, percebemos que, do nosso lado, os automobilistas de São Paulo não estavam coerentes com a reinvindicação. Teve gente que queria voltar com o circuito antigo, teve gente que queria voltar com a curva 3. E na verdade, num primeiro momento a intenção primeira é preservar o esporte a motor [em Interlagos], agregando também moto e kart”, continuou.
Ah! Se no Rio de Janeiro a história tivesse sido diferente… se os políticos dessa terra onde vivo não fossem tão canalhas, tão vivaldinos, começando por Cesar Maia, passando por Eduardo Paes e desembocando em seus filhotes políticos – aliás, Paes é herdeiro direto de Maia no modo de ser e agir. E como não esquecer também de Carlos Arthur Nuzman? – sim, considero-o um dos grandes vilões da destruição do Autódromo de Jacarepaguá. Fizeram aquela ‘água’ toda com ele, o prenderam e depois o soltaram. Infelizmente é assim que funcionam as coisas.
Embora até ache o esforço da CBA louvável por Interlagos, não vou deixar de dar uma cotovelada na atual administração e principalmente na corrupta gestão de Cleyton Pinteiro.
E O AUTÓDROMO DO RIO DE JANEIRO? Vai virar conto do vigário?