A Mil por Hora
Automobilismo Nacional

Obrigado, Walter Derani

RIO DE JANEIRO – Há alguns minutos, estava aqui atualizando o blog com as crônicas das provas de hoje no Estoril e Paul Ricard, quando me deparo com dois recados em diferentes lugares falando sobre o mesmo assunto. O primeiro, porque vi no Twitter, foi do Luc Monteiro. O segundo, via WhatsApp, enviado pelo amigo Eduardo […]

Walter Derani tem grandes expectativas com a nova parceriaRIO DE JANEIRO – Há alguns minutos, estava aqui atualizando o blog com as crônicas das provas de hoje no Estoril e Paul Ricard, quando me deparo com dois recados em diferentes lugares falando sobre o mesmo assunto.

O primeiro, porque vi no Twitter, foi do Luc Monteiro. O segundo, via WhatsApp, enviado pelo amigo Eduardo Homem de Mello. Ambos, com o mesmo teor: morreu hoje, após uma luta contra um câncer, o engenheiro de formação, empresário e gentleman driver Walter Derani, pai de Rafael Derani e de Pipo Derani, atual campeão das 12h de Sebring pela IMSA.

A Walter, devemos muito. Em meados dos anos 2000 (mais precisamente em 2007), ele e Antonio Hermann trouxeram para o Brasil, com as bençãos da Stéphane Ratel Organisation (SRO), o GT3 Brasil. Saíamos da idade da pedra em termos de automobilismo com a vinda de carros importados com os quais jamais sonhávamos nos deparar na Terra de Vera Cruz.

Vimos Ford GT40, Porsche 911 GT3, Ferrari 430 e 458, Dodge Viper Competition Coupé, Lamborghini Gallardo (em diferentes versões), Aston Martin GT4, BMW GT3 e GT4, Lotus Évora e Ginetta. Tempos bacanas, aqueles, bons enquanto duraram. Infelizmente, o campeonato pereceu em 2013 por uma série de motivos que não vale a pena elencar.

Walter engoliu muitos sapos em prol do esporte. Viu um filho (Rafael) campeão na categoria que criou, em dupla com Cláudio Ricci. E via o mais novo, Luiz Felipe, o Pipo, fazer o diabo nas pistas da Europa, vestindo os Esporte-Protótipos como se sempre estivesse dentro deles e guiando em Le Mans feito um veterano.

Coisas que fariam um pai ter muito orgulho de ter tido os dois como filhos, amigos, companheiros e parceiros.

É um momento de dor tremenda para quem perde seu ente querido e eu, que perdi meu pai em 2005, vítima de graves problemas relacionados a álcool e cigarro, sei dimensionar o tamanho do que representa um acontecimento tão triste.

Pêsames ao Pipo e ao Rafa, nesse momento tão duro.

Já nesse processo terminal, há cerca de 10 dias, tive a satisfação de receber um “muito obrigado” do Walter, via Pipo, num dia em que trocamos mensagens falando da contratação dele pela AF Corse para disputar Le Mans novamente. Porque desejei, sincera e honestamente, que se recuperasse de sua grave enfermidade.

Mas não, Walter.

Não sou eu que tenho que receber o seu agradecimento.

Nós é que temos que dizer o nosso muito obrigado por tudo o que você tentou fazer pelo automobilismo brasileiro que, assim como vocês que estão lendo essa homenagem, tanto amava.