RIO DE JANEIRO – O cinema brasileiro tem, a partir de hoje, uma dívida de gratidão com Roberto Farias.
Mesmo sem ter dirigido uma única película nos últimos 30 anos – a última delas foi a releitura d’o Auto da Compadecida, projeto que Ariano Suassuna aprovou para ser estrelado por ninguém menos que Os Trapalhões – e depois disso, foi trabalhar com televisão, como diretor artístico de minisséries como “Decadência”, “As Noivas de Copacabana”, “Memorial de Maria Moura” e “A Máfia no Brasil”, este fluminense de Nova Friburgo já poderia figurar em qualquer documento como um dos mais importantes nomes da sétima arte no país.
Não por ter sido o diretor dos três filmes estrelados por Roberto Carlos e do documentário sobre Emerson Fittipaldi. Mas, principalmente, por duas películas. “Assalto ao Trem Pagador” e, em especial, “Pra Frente, Brasil”. Para entender melhor o que era viver neste país em tempos sufocantes, o filme produzido em 1982 é uma obra-prima. A caracterização do canalha Dr. Barreto, vivido por Carlos Zara, é uma das melhores coisas já vistas na telona.
E já que falei dos filmes de Roberto Carlos e de “O Fabuloso Fittipaldi”, Roberto teve o mérito de fazer seu xará, já um fenômeno pop do país no final dos anos 1960, deixar de interpretar a si mesmo em películas sem nexo para ser um mecânico da revenda Ibirapuera da Chrysler (lembram?), que sonhava em ser piloto de corridas.
Claro que o roteiro era absolutamente pueril, Roberto, ops… Lalo se enamorava pela mocinha, músicas do próprio RC como “Todos estão surdos” e “De tanto amor” servem de pano de fundo constante para a trama, mas o melhor daquilo tudo são as imagens do velho Interlagos e os carros que por aqui correram. Que saudades…
Em homenagem à morte do diretor, nesta segunda-feira, fulminado por um câncer, o blog traz “Roberto Carlos a 300 km/h”. Na íntegra.