A Mil por Hora
Clip da Semana

“… E esquece este drama ou o que for… sem sentido”

RIO DE JANEIRO – No ano de 1969, há exatamente meio século, o Brasil vivia um dos seus mais agudos períodos da ditadura militar. Era o primeiro ano pós-Ato Institucional nº 5 – sem contar que ascendia ao poder o general Emílio Médici, de triste memória. A TV Cultura de São Paulo apresentava um programa […]

RIO DE JANEIRO – No ano de 1969, há exatamente meio século, o Brasil vivia um dos seus mais agudos períodos da ditadura militar. Era o primeiro ano pós-Ato Institucional nº 5 – sem contar que ascendia ao poder o general Emílio Médici, de triste memória.

A TV Cultura de São Paulo apresentava um programa comandado por Paulo Gaudêncio chamado Jovem Urgente, que na época discutia temas em linguagem acessível para pais e jovens. Dirigido por Walter George Durst, o debate tinha Gaudêncio no centro de um palco numa cadeira giratória. O programa era gravado em duas enormes fitas – a primeira, com o debate proposto pelo psiquiatra e a segunda, com participação da plateia.

Foram 32 programas exibidos, até o dia em que em pleno 1969, Jovem Urgente foi censurado por dedicar uma de suas edições ao tema da sexualidade – o que provocou (que novidade!) a reação das hostes conservadoras. A Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, afastou Gaudêncio do ar.

Enquanto durou, Jovem Urgente também teve atrações musicais: um dos programas teve a presença de Tom Zé e dos Novos Baianos – além d’Os Mutantes.

O grupo de Rita Lee, Sergio Dias, Arnaldo Baptista, Liminha e Dinho Leme tocou no programa e o blog traz aqui a apresentação ao vivo da banda, com Rita vestindo casaco de pele, tocando maracas e apito – e cantando com sua voz marcante a canção “Quem tem medo de brincar de amor” – que para evitar problemas com os censores foi creditada como “Quem tem medo de brincar de amar”.

A música fez parte do disco A Divina Comédia… ou Ando Meio Desligado, que seria lançado em março de 1970. E aqui está como o clip da semana.

Deem o devido desconto para a qualidade ruim do vídeo e do áudio. Porque vale – e muito – o registro.