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Fórmula Indy

Indy na Band: deu ruim

RIO DE JANEIRO – O GRANDE PRÊMIO trouxe a notícia com exclusividade: o Grupo Bandeirantes de Comunicação não deve renovar o contrato de transmissão da IndyCar tanto para TV aberta quanto para a fechada, com vistas à temporada 2020. Algumas horas após o anúncio, veio uma outra nota da direção de esportes, chefiada por José […]

RIO DE JANEIRO – O GRANDE PRÊMIO trouxe a notícia com exclusividade: o Grupo Bandeirantes de Comunicação não deve renovar o contrato de transmissão da IndyCar tanto para TV aberta quanto para a fechada, com vistas à temporada 2020.

Algumas horas após o anúncio, veio uma outra nota da direção de esportes, chefiada por José Emílio Ambrosio, dizendo o seguinte.

“A emissora tem muito interesse em manter a Fórmula Indy e diz que um futuro próximo será discutido de que forma o evento pode ser aproveitado.”

Sem querer ser pessimista, mas já sendo, eu diria no jargão popular que “deu ruim”. A categoria ficaria restrita apenas aos assinantes do serviço de streaming esportivo DAZN, que inclusive reduziu preços de sua mensalidade para atrair mais público.

A Band tem uma relação praticamente umbilical com a Indy. Via Luciano do Valle, impulsionada pela presença de Emerson Fittipaldi, a emissora paulista começou a transmitir a categoria nos anos de 1984/85 – numa época em que a Globo chegou a ‘namorar’ a categoria norte-americana.

Não eram raras as vezes em que o correspondente lotado em Washington, Sérgio Motta Mello, trazia matérias na revista dominical Fantástico, por causa da rápida ascensão do Rato na categoria ao protagonismo.

O auge foi no título alcançado pelo bicampeão mundial de Fórmula 1 com a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis e o título na temporada de 1989. Luciano, que sempre acreditou na viabilidade do produto, dizia que era difícil convencer a emissora a manter a Indy na grade do Show do Esporte – e isso aconteceu até 1992.

Foi a época em que a Indy – ainda não dividida entre CART e IRL – foi para a Manchete e depois para o SBT. Só que com a cizânia provocada por Tony George, foi a Band quem exibiu as 500 Milhas de Indianápolis vencidas por Buddy Lazier em 1996 e depois pelos anos subsequentes até 2019 – mesmo quando os donos dos direitos da categoria encaixaram a IRL no SporTV.

Abre parêntese: eu mesmo cheguei a comentar algumas corridas da Indy em 2003, ano do triunfo de Gil de Ferran em Indianápolis e de uma maiúscula vitória de Tony Kanaan numa prova à noite – talvez tenha sido no Texas, se não me falha a memória.  Fecha parêntese.

Voltando ao assunto Indy e Band, acho que houve golpes muito rudes para que se chegasse ao possível desfecho de não exibição em 2020.

Um, no meu entendimento, são os problemas gerados pelo cancelamento da corrida de Brasília. A própria Band estava muito envolvida na promoção do evento, a multa foi muito alta e isso pode ter refletido seriamente na área financeira do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

Houve ainda a morte de Luciano do Valle, em 2014 – e quatro anos mais tarde, a dispensa do hoje colega de Fox Sports Teo José, que assumiu o posto de número #1 da locução até sua saída, ano passado.

E para completar, a contratação de Felipe Giaffone pelo Grupo Globo, agora oficializado como o substituto de Reginaldo Leme nas transmissões da Fórmula 1, foi mais outra lenha nessa fogueira.

É uma pena e – para piorar – não há nenhum brasileiro confirmado a tempo pleno na Indy para 2020.

Hélio Castroneves só disputará as corridas de Indianápolis – misto e oval – pelo Team Penske, como já é praxe desde 2018;

Tony Kanaan tem acordo verbal firmado com A.J. Foyt, mas a princípio apenas para andar nos ovais;

E Matheus Leist firmou contrato para fazer a temporada de Endurance da IMSA em 2020, o que não atrapalharia seus planos de prosseguir na categoria de monoposto. Mas o gaúcho, a bem da verdade, foi muito atrapalhado pela barafunda que é a equipe Foyt e não conseguiu se firmar na Indy.

Sem transmissão em televisão, apenas por streaming, fica bem difícil qualquer patrocinador de qualquer piloto brasileiro interessado em cruzar o oceano e chegar aos EUA, fazer algum investimento – já que será complicado obter retorno.

Eu só posso lamentar pelo fã da categoria, que ficará órfão das transmissões televisivas – a menos que haja um milagre.