Um título meritório de um piloto que, quando despontou, ganhou a minha antipatia por sua vitória fazendo “justiça com as próprias mãos” em Talladega, no Alabama, quando jogou o Ford de Carl Edwards na cerca de proteção, num dos acidentes mais aterradores que já vi. Para os torcedores e para Roger Penske, isto pouco importou. Ao volante do Dodge Charger #2, um número imortalizado por Rusty Wallace para a escuderia, Brad é o campeão.
Na última corrida da temporada, disputada neste domingo, em Homestead, a matemática foi quase sempre favorável ao campeão. Seu principal antagonista, o pentacampeão Jimmie Johnson, tinha que contar com uma estratégia mais ousada e/ou um acidente de Keselowski, apostando também numa improvável falha de concentração do piloto da Penske. Mas foi a experiente equipe Hendrick, do sempre saudado estrategista Chad Knaus, que pôs tudo a perder, quando num pit stop uma das porcas da roda traseira esquerda não foi corretamente aparafusada. Regra é regra, um dos fiscais da Nascar, de olho no pit stop do #48, imediatamente, chamou a atenção do time e Johnson fez um pass through. Perdeu uma volta e depois, com problemas mecânicos, JJ foi à nocaute junto com o sonho do hexa. E mais: desde 2004, quando o mal-amado Kurt Busch foi campeão, só dava Johnson ou Tony Stewart, que venceu em 2005 e no ano passado.
Aliás, Johnson sequer chegou ao vice, por conta do abandono. A posição de 2º colocado da Nascar Sprint Cup Series ficou com Clint Bowyer, num grande ano do piloto do carro #15 e da escuderia de Michael Waltrip, que fez um excelente trabalho ao longo do ano com o Toyota Camry.
A etapa final da Sprint Cup marcou também o fim da linha para a Dodge, ironicamente com o primeiro título da marca na principal categoria da Nascar desde… 1975, quando Richard “The King” Petty foi o campeão com o indefectível #43. A Penske resolveu mudar de fornecedor para 2013, passando da Dodge para a Ford. E sem uma equipe forte, a Dodge, que tinha carro apresentado há alguns meses para o próximo campeonato, resolveu tirar seu time de campo.
Keselowski pagou com juros e correção tudo o que sua família lhe fez para investir em sua carreira. Faliram, perderam tudo, mas o esforço não foi em vão. O “tuiteiro” Brad é o novo campeão da Nascar. Que desfrute da glória e não deite nos louros deste título, como muitos pilotos fizeram – e ainda fazem – vida afora.