A Mil por Hora
Fórmula 3

A F-3 e sua enésima volta por cima

RIO DE JANEIRO – Ninguém, mais do que eu, gostaria de ver o automobilismo brasileiro forte na base, como já o foi em priscas eras. A situação é deveras preocupante. Só temos um piloto na Fórmula 1, algo que não acontecia havia 35 anos e na Fórmula Indy, são dois nomes apenas. Nos acostumamos mal com […]

RIO DE JANEIRO – Ninguém, mais do que eu, gostaria de ver o automobilismo brasileiro forte na base, como já o foi em priscas eras. A situação é deveras preocupante. Só temos um piloto na Fórmula 1, algo que não acontecia havia 35 anos e na Fórmula Indy, são dois nomes apenas. Nos acostumamos mal com um excesso de pilotos do nosso país lá fora e hoje sentimos vergonha por tão pouco. Está certo: nem todos esses pilotos foram dignos de figurar nas categorias top do automobilismo mundial, mas por méritos ou outros motivos chegaram lá.

O que eu quero dizer é o seguinte: se ninguém tomar providências, o esporte morre aqui antes do prazo que eu acho que teremos que esperar para o seu renascimento. Com Copa do Mundo e Olimpíada, todo mundo precisa fazer planejamento a médio-longo prazo e muitas empresas se retraem aqui no país quando o assunto é motorsport. Por isso a carência de patrocinadores e de pilotos. Sem dinheiro não se vai a lugar algum – a começar pelo kartismo, que atingiu patamares proibitivos para muita gente. Nem todos os pais de aspirantes a Piquet, Senna ou Fittipaldi dispõem de dinheiro para encaminhar seus herdeiros nas competições.

Já que não temos categorias intermediárias de monoposto para os que saem do kart, qual a solução mais óbvia? Revitalizar a Fórmula 3, certo? Essa tentativa foi feita sem muito sucesso já no ano passado, mas sempre há a esperança de que tudo vai mudar. O importante foi manter a categoria viva em 2012 e isso, a Vicar conseguiu.

Para este ano, com custos estimados em R$ 500 mil para a categoria principal e metade do valor para a divisão Light, a Fórmula 3 quer e precisa dar a volta por cima. O empenho parece vir desta vez em via de mão dupla. As equipes também acenam com vagas e carros disponíveis para que o grid seja superior à média de 2012 já na primeira rodada, marcada para 7 de abril em Interlagos.

De acordo com informações passadas pela própria Vicar, vamos aos que já estão confirmados e aos que devem competir na categoria em 2013.

Na Hitech Racing, equipe de origem britânica com filial brazuca dirigida pelo xará engenheiro Rodrigo Contin, três pilotos já estão assegurados: Felipe Guimarães, Gustavo Frigotto e Gustavo Myasava. A Hitech tem condição de pôr mais um quarto carro no grid, que está em aberto.

A RR Racing Team/Weissach, do Rogério Raucci e dirigida pelo competente Sergio Burger, confirmou que Raphael Raucci, vice-campeão da divisão Light em 2012, sobe este ano para a categoria principal. A equipe tem dois carros da Light e ainda pode conseguir um terceiro, oferecendo assim quatro vagas.

Na Cesário Fórmula, eterna favorita, Augusto “Formigão” Cesário testa com pilotos em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, visando preencher  os cockpits dos seus cinco carros – ele tem dois F301 da Light e três F308 na divisão principal. Um deles deverá ser de Higor Hoffmann, que após ganhar a Light ano passado quer brigar pelo título da divisão principal.

Com três rodadas previstas para o Centro-Oeste, o piloto Caio Zananni tem, a princípio, participação assegurada para Brasília e Goiânia. Mas ele pretende conseguir o apoio necessário para disputar todo o ano pela Scuderia JK. Eduardo Banzoli Fº deve seguir na Fórmula 3 Light pela equipe Capital Motorsport e Leonardo de Souza vai permanecer mais uma temporada com a Kemba Racing.

Tem mais: a Comtec, que volta à categoria, após alguns anos ausente, deve vir com dois carros. Yuri Pinafo seria nome certo para o primeiro e Arthur Ortolani tenta viabilizar parcerias para ocupar o segundo cockpit.

Outros velhos conhecidos também podem reaparecer em 2013: Luiz “Dragão” Trinci, o experiente chefe de equipe, tem possibilidade de alinhar carros nas duas divisões, assim como Dárcio dos Santos, da PropCar. Ele tem dois F3 Light e um carro da divisão principal com vagas em aberto. Chemin Racing e EMB, com um Dallara F301 cada, têm igualmente vagas disponíveis.

Com relação a pilotos que querem ou podem voltar, Cláudio Cantelli Jr., vice-campeão em 2009, está em busca de apoio para regressar à categoria neste ano, assim como Daniel Politzer, que fez corridas esparsas em 2010 e no ano retrasado.

Numa conta muito, mas muito otimista, são 25 os carros que as equipes dizem ter disponíveis para a temporada 2013. Se pelo menos mais da metade desses cockpits for preenchida, a Fórmula 3 estará salva de um fim que parecia iminente.

Vamos aguardar, então.