A Mil por Hora
Fórmula Indy

A hora e a vez de Tony Kanaan

RIO DE JANEIRO – Leitores e leitoras, abro o coração para confessar toda a minha emoção neste domingo. Por um motivo nobre: um piloto brasileiro, de competência mais do que comprovada, reconhecida no país onde ele corre desde 1996, vence a corrida mais importante de sua categoria após 12 tentativas. Refiro-me logicamente ao feito de […]

Tony-Kanaaan

RIO DE JANEIRO – Leitores e leitoras, abro o coração para confessar toda a minha emoção neste domingo. Por um motivo nobre: um piloto brasileiro, de competência mais do que comprovada, reconhecida no país onde ele corre desde 1996, vence a corrida mais importante de sua categoria após 12 tentativas. Refiro-me logicamente ao feito de Tony Kanaan que, aos 38 anos, entra para a história do circuito oval mais tradicional do planeta. O baiano de Salvador é o mais novo a entrar no Winner Circle das 500 Milhas de Indianápolis.

Foi uma conquista soberba, com um carro muitíssimo bem acertado, contra um enxame de carros da Andretti – equipe que o defenestrou há alguns anos, sem contar o pole position Ed Carpenter e a turma da Penske, que também chegou a liderar numa das mais frenéticas edições da Indy 500 dos últimos tempos. Perdi a conta, sincera e honestamente, de quantas mudanças de líder esta corrida teve.

Se bem que isto não interessa, agora. Interessa saudar o triunfo de um guerreiro das pistas. Tony, como eu disse no parágrafo anterior, foi sacaneado pela equipe onde conquistou o título da própria Fórmula Indy em 2004 e buscou abrigo com o amigo Gil de Ferran que, sem patrocínio, se viu obrigado a dispensar TK e fechar sua equipe. Veio a KV Racing Technology, um time de estrutura menor, para salvar a pátria. Entre (muitos) erros e vários acertos – os erros, principalmente, do time – Kanaan deu ao time de Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven esperança e resultados. E hoje, a maior vitória de sua vida e também a do time em sua existência.

https://www.youtube.com/watch?v=T8v-X6S4wlU

Antoine Rizkallah Kanaan Filho, a você, meu muito obrigado. Você lavou a nossa alma neste domingo. Pena que sua conquista não foi tão valorizada no seu país como deveria e merecia. A sua vitória foi maiúscula, enorme, imensa. E nós, brasileiros, ficamos privados de compartilhar contigo a sua emocionada e incontida alegria.

Depois nos perguntamos o porquê do automobilismo brasileiro morrer aos poucos. Tivemos hoje mais uma resposta.

Adendo: uma informação para os compêndios. A edição #97 da Indy 500 torna-se a mais veloz da história, suplantando a corrida em que Arie Luyendyk triunfou há 23 anos. Na ocasião, o holandês ganhou à média de 299,243 km/h. Hoje, a vitória de Kanaan registrou 301,644 km/h de média.