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Imprensa

Teatro do absurdo

RIO DE JANEIRO – Sobre o principal fato do jornalismo nesta segunda-feira, gostaria de dizer apenas e tão somente que o Flavio Gomes disse tudo aquilo e mais um pouco que poderia ser falado sobre Claudio Carsughi. Mas eu vou dar também o meu pitaco, embora saiba que não vai resolver mais nada. Conheci o […]

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RIO DE JANEIRO – Sobre o principal fato do jornalismo nesta segunda-feira, gostaria de dizer apenas e tão somente que o Flavio Gomes disse tudo aquilo e mais um pouco que poderia ser falado sobre Claudio Carsughi.

Mas eu vou dar também o meu pitaco, embora saiba que não vai resolver mais nada.

Conheci o Carsughi, evidentemente, quando ele participava do extinto Linha de Chegada – que nos seus bons tempos ainda era um programa digno de ser assistido. Suas intervenções eram precisas, o homem era um monstro – conhece automobilismo como poucos neste país – e nunca teve meias verdades em suas palavras. A opinião dele era aquilo mesmo, azar de quem não gostasse. Ponto final.

Depois que o Linha no formato original foi pro vinagre, Carsughi foi participar de um outro programa do SporTV e, no fim do ano passado, foi dispensado. Achei um absurdo, mas em se tratando de quem o dispensou, não era surpresa.

E dói saber que Carsughi, velho de guerra nos seus 82 anos e muito tempo de profissão, foi chutado da JP sem dó por motivos “político-ideológicos”. A que ponto chegamos! Quer dizer que agora até no esporte é proibido o direito de ter posição partidária? Pior: se você não concorda com a linha partidária da referida emissora, que agora é tida e havida como opositora aos que estão no poder em Brasília (e nisso não está embutida nenhuma preferência partidária do blogueiro, que fique bem claro), você não serve mais pra porra nenhuma? É isso? Fim da linha, acabou, rua!

Vejo essa história, no fim das contas, como uma amostra cruel do sectarismo que divide o Brasil em duas metades, de uma forma perigosa que alimenta ódios e ressentimentos como nunca vimos igual nos últimos tempos. É engraçado como neste país as pessoas vão para as ruas manifestar a sua “indignação” envergando a camisa da seleção brasileira! Quanta coerência! Logo com o símbolo da entidade mais corruptora e corrompida do esporte brasileiro, a CBF de dirigentes abjetos que todos nós conhecemos e não precisamos citar nomes. Depois, vão tirar selfies para mostrar que são engajadas. Ah, façam-me o favor!

O que fizeram com o Carsughi no SporTV e na JP foi uma tremenda sacanagem. Nada mais do que a encenação do famoso teatro do absurdo. Porque ele é daqueles jornalistas que ainda tem muito o que fazer – e não vejo a idade como um empecilho. Só aqui nesse país é que os idosos são vistos como lixo, como rebotalho.

Tenho muito medo de envelhecer e ser tratado como um pária.