A Mil por Hora
Fórmula Indy

15 anos depois

RIO DE JANEIRO – O automobilismo é um dos esportes que é capaz de nos proporcionar o que se comumente chama de “volta por cima”. Lembro que o anúncio da volta de Juan Pablo Montoya à Fórmula Indy, após uma razoável passagem pela Nascar, foi visto de forma muito positiva e, de fato, o colombiano […]

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RIO DE JANEIRO – O automobilismo é um dos esportes que é capaz de nos proporcionar o que se comumente chama de “volta por cima”. Lembro que o anúncio da volta de Juan Pablo Montoya à Fórmula Indy, após uma razoável passagem pela Nascar, foi visto de forma muito positiva e, de fato, o colombiano não decepcionou. E fez valer o investimento que Roger Penske fez nele. Com juros e correção monetária.

Uma década e meia depois de, quando tinha ainda 24 anos, vencer de forma magistral em sua estreia no Indianapolis Motor Speedway – curiosamente pela mesma Ganassi que ajudou a derrotar hoje – Montoya venceu a 99ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, duramente disputada da primeira à última volta entre as principais equipes da Indy, num final épico, de deixar o torcedor de pé. Agora, com 39 anos e perto de fazer 40, JPM supera o hiato histórico de triunfos na prova, que pertencia a A.J. Foyt, cujo intervalo entre a terceira e a quarta vitória na pista foi de 10 anos (1967 a 1977). E Montoya tem um aproveitamento incrível: duas vitórias em três participações na corrida. Um monstro!

Arrisquei até dizer nas redes sociais, sem estar nada definido, que a vitória tinha jeito e cara de Montoya. Pela performance espetacular ao longo das 200 voltas, recuperando do meio do pelotão para emergir entre os primeiros, ficou claro que ele estava com o apetite exigido de um piloto que tem como objetivo chegar na frente dos 32 rivais na corrida mais importante do campeonato. E por falar em apetite, a comemoração hoje promete: embora tenha emagrecido bastante, JPM é chegado a um rodízio de carnes, habitué que era das filiais ianques da conhecida churrascaria Fogo de Chão.

Enfim, a corrida foi marcada por uma luta titânica entre os pilotos de Penske e Ganassi, com Scott Dixon e Tony Kanaan sendo os principais artífices do time rival do quarteto fantástico da Penske, no qual Hélio Castroneves foi o único que ficou devendo, sem chance nenhuma de brigar pela liderança e principalmente pela vitória nas últimas voltas. O tricampeão da prova pelo menos terminou a corrida no top 10, já Tony Kanaan foi vítima de um acidente, provavelmente por excesso de confiança com pneus frios.

Por falar em batidas, o temor de uma tragédia felizmente não se confirmou. Embora tenha havido algumas pancadas bem fortes, principalmente a última envolvendo Jack Hawksworth, Sébastian Saavedra (que saiu de seu carro carregado) e Stefano Coletti, não houve incidentes mais graves. Felizmente Deus pôs sua mão nesta Indy 500 e iluminou os pilotos, mesmo os que cometeram as maiores mancadas. Além de Saavedra machucado, dois mecânicos da Dale Coyne Racing foram atropelados num incidente envolvendo TODOS os pilotos do time. O carro de James Davison pegou pela proa dois integrantes do pit crew de Tristan Vautier e um deles se feriu com gravidade no tornozelo esquerdo. O outro atingido foi liberado no centro médico do Indianápolis Motor Speedway e está pronto pra outra.

A Indy 500 foi um grande espetáculo de automobilismo. Parabéns a todos os envolvidos – sem nenhuma ironia embutida nisso. Pena que haja gente que se diz “entendida” no esporte, que diz que gosta de corrida e ignora não só a importância desta corrida como também outros campeonatos que hoje oferecem grandes doses de entretenimento e emoção ao público espectador nos autódromos e em suas casas.

Como diz o poeta, é disso que o povo gosta. E nós, também.