A Mil por Hora
24 Horas de Le Mans

Análise: os desempenhos em Le Mans

RIO DE JANEIRO – Sempre interessante fazer paralelos entre os carros que disputaram as 24 Horas de Le Mans nas diferentes categorias, face a discrepância de desempenho entre as quatro categorias e mesmo dentro de algumas delas, principalmente pelo fato de haver uma separação entre equipes de fábrica e particulares na LMP1 e os times […]

RIO DE JANEIRO – Sempre interessante fazer paralelos entre os carros que disputaram as 24 Horas de Le Mans nas diferentes categorias, face a discrepância de desempenho entre as quatro categorias e mesmo dentro de algumas delas, principalmente pelo fato de haver uma separação entre equipes de fábrica e particulares na LMP1 e os times de LMP2 e LMGTE-AM que são obrigados a levar pilotos de graduação menor.

Vamos começar com a LMP1 e seus tempos de volta.

Em tempos de voltas rápidas, os Audi R18 e-tron quattro foram muito parecidos. Apenas 0″3 separando a volta mais veloz entre os três carros do construtor de Ingolstadt e a média das 20 melhores voltas foi 0″2 melhor que o Audi #8 do brasileiro Lucas Di Grassi. A Porsche ficou a 0″7 da melhor volta da prova, mas na média, os tempos foram apenas 0″4 inferiores. Em matéria de velocidade de ponta em prova, os carros do construtor de Weissach foram muito bons, mas a surpresa foi a medição do Rebellion #13, o mais rápido do evento, com 333,375 km/h, melhor que os 333,13 km/h aferidos para o Porsche #17.

A Toyota fez, em corrida, tempos até melhores que em classificação, rodando abaixo de 3’23”, mas faltou velocidade de ponta e sobretudo ritmo de corrida. A média das melhores 20 voltas em prova foi mais de três segundos inferior a Audi e Porsche. Já a Rebellion, na primeira prova do protótipo com motor AER Biturbo, além de surpreender com a melhor velocidade de ponta, se colocou como a quarta força entre os LMP1.

Nenhuma surpresa com relação aos Nissan, que decepcionaram nos tempos de volta, nas médias que foram perto de 20 segundos – ou mais – pior que Audi e Porsche e até na velocidade de ponta. Só ganharam do ByKolles, que mesmo assim teve melhores voltas e médias mais consistentes que os GT-R LM Nismo.

O que foi decisivo na vitória da Porsche na corrida do último fim de semana foi o ritmo de corrida do 919 Hybrid, que aliado à sua espantosa velocidade, levou ao histórico resultado.

Agora, vamos ao quadro da classe LMP2.

A tônica, aqui, foi o equilíbrio entre a maior parte dos 19 carros inscritos, notadamente os seis mais rápidos em tempo de volta, separados por diferenças de dois segundos. O mesmo hiato foi verificado do grupo de competidores a partir do Alpine A450B até o Ligier JS P2 da Krohn Racing. De resto, a equipe Jota Sport destacou-se no plantel, com a KCMG em segundo e a G-Drive a seguir – não à toa, estes carros ocuparam os quatro primeiros lugares da classificação. O Ligier HPD #34 e o Oreca #46 mostraram boas performances antes de abandonar – em que pese o protótipo da OAK Racing ficar devendo em reta e o carro da Thiriet by TDS Racing ser o melhor na speed trap, com velocidade próxima dos 305 km/h. A destacar que os carros da Extreme Speed ficaram entre os mais lentos de reta, mas ambos tiveram bom desempenho e ritmo em curvas rápidas, em especial nas temidas Porsche Curves.

A análise da LMGTE-PRO.

O primeiro espanto: apesar de ter os dois melhores tempos de volta e as duas melhores médias dos 20 tempos mais rápidos, a Aston Martin registriu as piores speed traps da LMGTE-PRO. O carro #99 do brasileiro Fernando Rees foi o mais lento de reta, com 290 km/h e o Porsche #92, cujo motor fundiu, registrou a melhor velocidade de ponta, seguida pelo Corvette C7-R, um carro difícil de ser batido em razão de sua cavalaria. O Aston Martin V8 Vantage mostrou melhor comportamento e equilíbrio nas curvas de média e alta, fazendo os dois melhores tempos nas Porsche Curves. Menos de um segundo separou as melhores voltas de quatro dos oito carros que participaram da disputa.

Finalmente, vamos ao quadro da LMGTE-AM.

Nenhuma surpresa quanto ao Viper ter registrado a melhor volta, face a potência do motor 8 litros V10 e também o bom desempenho do carro nas Porsche Curves. Surpresa foi a consistência dos melhores tempos da Ferrari #72 da SMP Racing, superando o rival mais próximo em seis décimos de segundo. Os dois Porsche da Proton Racing foram os mais rápidos na speed trap da classe, com o #77 alcançando a mesma velocidade de ponta do #92 da LMGTE-PRO, mas ironicamente os quatro carros inscritos do construtor alemão na LMGTE-AM foram os que tiveram pior desempenho… nas Porsche Curves. A janela de tempo entre a melhor e a pior média das voltas mais rápidas foi de apenas quatro segundos e meio, o que é bem considerável pelo fato da pista ter 13,6 km de extensão. O Aston Martrin #96 saiu da prova como o carro que registrou a pior velocidade de ponta – 288,5 km/h.