A Mil por Hora
Fórmula 1

Maldonado: um mal necessário?

RIO DE JANEIRO – Poucas horas após a publicação da reportagem da Autosport cravando Kevin Magnussen da Renault, Pastor Maldonado pôs fim às especulações. Em comunicado emitido na própria conta do Twitter, o venezuelano confirmou sua ausência da Fórmula 1 em 2016. Noutras palavras, acabó la plata. A fonte secou. Tem muita gente comemorando. Maldonado, repito, […]

1647598-34949902-1600-900
A Fórmula 1 precisou de Vittorio Brambilla, como também precisou de Andrea De Cesaris. É por isso que afirmo: Pastor Maldonado fará falta

RIO DE JANEIRO – Poucas horas após a publicação da reportagem da Autosport cravando Kevin Magnussen da Renault, Pastor Maldonado pôs fim às especulações. Em comunicado emitido na própria conta do Twitter, o venezuelano confirmou sua ausência da Fórmula 1 em 2016. Noutras palavras, acabó la plata. A fonte secou.

Tem muita gente comemorando. Maldonado, repito, angariou antipatia por ser patrocinado pela PDVSA, empresa do governo venezuelano, que com um generoso aporte do falecido presidente Hugo Chávez, alavancou a carreira de vários pilotos do país no esporte. De repente, os venezuelanos se multiplicaram feito os Gremlins do mal quando comiam depois da meia-noite ou eram molhados com água. Com o rótulo de pay driver pegando nele feito coisa ruim, Maldonado alternou bons e maus momentos – alguns péssimos. Ganhou fama de tresloucado e trapalhão, embora sua velocidade poucas vezes fosse contestada – por sinal, esta capacidade já tinha sido demonstrada no kart, Fórmula Renault 2000, Fórmula 3000 italiana, World Series by Renault e GP2 Series, da qual saiu até campeão. Com 32 abandonos em 95 corridas que disputou – um a cada três GPs, quase – bateu em doze, afora as confusões que se meteu que lhe custaram várias penalidades de grid durante sua passagem pela categoria.

Mas tenho que dizer aos leitores o seguinte: de repente, a presença de “Crashtor”, como muitos falavam ou “Maldanado”, apelido que mais pegou por aqui, é um mal necessário.

A Fórmula 1 e o automobilismo precisam de pilotos que mantenham vivo um certo folclore e a equação velocidade + trapalhadas = diversão garantida. Por que até hoje lembramos de Vittorio Brambilla? Por que Andrea De Cesaris foi e ainda é celebrado como o “mito dos acidentes”? Porque eles eram um mal necessário para o esporte.

Você até pode não gostar. Mas Pastor Maldonado fará falta a um mundinho como o da categoria máxima: cada vez mais asséptico, chato e sem-graça.

Vamos sentir saudades dos memes, muchacho

E em quem vamos apostar como pule de dez para o primeiro abandono, nos bolões da vida?