A Mil por Hora
Automobilismo Nacional

Tirando da reta

RIO DE JANEIRO – A menos de seis meses de encerrar seu segundo mandato (graças a Deus) como prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes deu entrevista ao companheiro Mauro Cezar Pereira, da ESPN. Inclusive, um dos assuntos da pauta foi o Autódromo Internacional Nelson Piquet, que foi extinto para dar lugar ao Parque Olímpico […]

HOME-Autodromo-Jacarepagua-Gilvan-Souza_LANIMA20120505_0007_26
Pouco importa se o prefeito é A, B, ou Z: o município do Rio de Janeiro tem TOTAL RESPONSABILIDADE com relação à extinção do Autódromo de Jacarepaguá. Assinou um acordo com três partes interessadas e todas se omitem sobre um novo circuito. Agora, o sr. Eduardo Paes quer tirar o seu da reta. É brincadeira…

RIO DE JANEIRO – A menos de seis meses de encerrar seu segundo mandato (graças a Deus) como prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes deu entrevista ao companheiro Mauro Cezar Pereira, da ESPN. Inclusive, um dos assuntos da pauta foi o Autódromo Internacional Nelson Piquet, que foi extinto para dar lugar ao Parque Olímpico e, depois, ficará à disposição da especulação imobiliária, um sonho acalentado pelo antecessor do alcaide, Cesar Maia, desde 2003, uma vez que desde aquela época ele alterou o zoneamento do IPTU da região – originalmente chamada de Camorim, para Barra da Tijuca, para arrecadar mais impostos, é claro.

A entrevista pode ser vista aqui.

No assunto Autódromo, Paes saiu pela tangente (fico imaginando o jeito debochado dele falando com o nobre colega da emissora paulista). Tirou o dele da reta. E jogou no colo da União a responsabilidade de entregar um novo circuito ao Rio de Janeiro.

“Isso eu vou deixar você perguntar para o governo federal. Eles se comprometeram a fazer um autódromo em Deodoro, em uma área do Exército, e não fizeram. Acho que é uma necessidade da cidade.”

Até concordo que seja uma necessidade para a cidade. Mas não da forma como tudo foi conduzido nos últimos 13 anos. Cesar Maia já queria se ver livre de uma pista na qual ele – ironicamente – despejou recursos para ter o GP do Brasil de Motovelocidade e a Fórmula Indy. Para depois cancelar os contratos com os organizadores.

A administração de Paulo Enéas Scaglione, com todos os recursos que pôde mover, impediu o quanto foi possível a destruição total do autódromo – mas não a construção da HSBC Arena, do Parque Aquático Maria Lenk e do Velódromo.

O que fez seu sucessor, Clayton Pinteiro? Além de brincar com a verdade e dizer que se “acorrentaria” aos portões do autódromo (eu fui testemunha desse depoimento à imprensa numa etapa da Stock Car aqui no Rio), foi omisso e aceitou um acordo, assinado entre CBA, PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO e GOVERNO FEDERAL para a demolição de Jacarepaguá e a cessão de um terreno do Exército, em Deodoro, para a substituição da pista antiga por uma nova.

Fato é que ninguém fez nada: a CBA foi omissa. É omissa e continuará sendo, quem quer que seja seu novo presidente – também nos livraremos (graças a Deus) de Pinteiro em breve. Assiste calada ao descalabro das destruições de Jacarepaguá e Brasília e o fim de Curitiba. O governo federal, que nunca fez nada pelo automobilismo, não cumpriu com sua parte.

E a prefeitura, sr. Eduardo Paes, tem sua parcela de culpa nessa história. Não saia como vítima ou tergiverse sobre um acordo que o município assinou. Não importa se era o prefeito A, B ou Z. Era um compromisso. Um acordo. E se o acordo não foi cumprido, qual a sua moral, sr. prefeito do Rio de Janeiro, em atribuir somente à União a responsabilidade da obra do novo circuito?

Nunca é demais lembrar: a demolição do Autódromo de Jacarepaguá foi um ato absolutamente ilegal, pois o terreno, embora de responsabilidade da prefeitura carioca, era do Rio Previdência, o Fundo Único de Previdência Social ao estado do Rio de Janeiro.

E cuidado: haverá políticos em busca de votos prometendo o que não podem cumprir. O sr. Carlo Caiado, do partido DEM,  que se diz “defensor do automobilismo”, sem nunca ter posto os pés num, é um deles. Até procurou o blogueiro para conversar, mas nunca me recebeu em seu gabinete. Não caiam em conversa fiada de políticos, enquanto os representantes do povo forem esses que aí estão, em todas as esferas – municipal, estadual e federal.