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24 Horas de Le Mans

Bomba! Audi deixa WEC… ao fim desta temporada!

RIO DE JANEIRO – Aconteceu o que mais se temia: a Audi anunciou nesta quarta-feira um “realinhamento de estratégias” em seu setor de motorsport. E o programa do Mundial de Endurance será extinto. Não em 2017, como a imprensa internacional chegou a ventilar. Mas já ao término desta temporada, o que cai como uma bomba […]

WEC Fuji 2016
Auf wiedersehen: após 18 temporadas, treze vitórias em Le Mans, títulos mundiais de pilotos e construtores no WEC, a Audi surpreende todo mundo e deixa o Mundial de Endurance ao fim desta temporada. O foco será Fórmula E e DTM (Foto: Audi Sport/Divulgação)

RIO DE JANEIRO – Aconteceu o que mais se temia: a Audi anunciou nesta quarta-feira um “realinhamento de estratégias” em seu setor de motorsport. E o programa do Mundial de Endurance será extinto. Não em 2017, como a imprensa internacional chegou a ventilar. Mas já ao término desta temporada, o que cai como uma bomba de proporções atômicas para os organizadores do campeonato, já que a saída da turma de Ingolstadt e o anúncio da Rebellion mudando para a plataforma LMP2 deixa a categoria principal no ano que vem com apenas três equipes – Porsche, Toyota e ByKolles.

É o fim de uma era iniciada em 1999. Dezoito temporadas com treze vitórias nas 24h de Le Mans, a maior predominância dos últimos anos. Foram pioneiros no uso de motores a diesel, vencendo a prova de Sarthe com o Audi R10 TDi em 2006 e posteriormente marcaram território como o primeiro construtor a ganhar o evento com um bólido dotado de sistemas híbridos de recuperação de energia – o R18 e-tron quattro, no ano de 2012.

Na ponta do lápis, contando as sete etapas do WEC neste ano, a Audi disputou 185 corridas com seus Esporte-Protótipos. Ganhou nada menos que 106 delas, com 80 pole positions e 94 voltas mais rápidas em corrida. A marca ganhou o Mundial de Endurance duas vezes. E levou também nove títulos – consecutivos – na American Le Mans Series, hoje extinta.

“Para nós, tão identificados com a Endurance, é muito duro ter que deixar a modalidade depois de tantos anos de sucesso”, explicou o chefão Wolfgang Ullrich. “Gostaria de agradecer à montadora, à Reinhold Joest e toda sua equipe, aos pilotos, parceiros e patrocinadores por essa cooperação de muito sucesso. Foi um tempo maravilhoso”, afiançou o dirigente.

Com o fim do programa do WEC, a Audi volta sua carga – literalmente – para a Fórmula E, o campeonato de monopostos elétricos. E quem se deu bem nessa foi o brasileiro Lucas Di Grassi, peça chave no desenvolvimento dos carros da marca.

“Agradeço a Audi por estes três anos correndo de protótipo no FIA WEC, onde tive a honra de correr ao lado de Tom Kristensen, que é uma verdadeira lenda de Le Mans; e depois, nos últimos dois anos com o (Loïc) Duval e o (Oliver) Jarvis. Vencemos corridas, fizemos poles, subimos ao pódio das 24 Horas de Le Mans três vezes em quatro participações, e isso é muito satisfatório”, destacou o piloto de 32 anos.

“A Audi vai focar na Fórmula E, e eu também. Vai ser meu trabalho integral, pois é um campeonato que está se expandindo, crescendo muito. Estou muito contente com a categoria, que vem tomando uma dimensão muito grande. E a prova disso é o comprometimento da Audi a longo prazo com a Fórmula E”, afirmou Lucas.

Di Grassi também continuará em outros projetos. “Eu tenho um contrato de longo prazo com a Audi e também com a Fórmula E, então a tendência para os próximos anos é continuar onde estou e tentar vencer corridas e campeonatos”.

Voltando aos planos futuros da marca de Ingolstadt, o programa do DTM pouco sofrerá alterações para 2017. A marca levou o título entre os construtores do certame neste ano e o investimento está mantido, assim como a assistência aos clientes da montadora nas provas de Grã-Turismo.

Bem… aqui vai uma opinião pessoal. Sabia-se que havia o rumor da saída dos alemães, mas não para tão logo. Pelo menos eles foram mais íntegros que a Peugeot – que a menos de 24h da apresentação das equipes que disputariam o WEC em 2012, pegou o boné e caiu fora.

Muito se falou e eu escrevi um post a respeito, acerca da proibição de carros com combustíveis fósseis no mercado alemão para daqui a alguns anos – o que terá desencorajado a Audi a continuar o desenvolvimento do motor turbodiesel, mas a verdade é que a crise da Volkswagen atingiu fundo as parceiras da marca de Wolfsburg.

Até um certo ponto, fazia sentido o VAG deixar rolar uma rivalidade sadia entre duas marcas de seu guarda-chuva (Audi e Porsche são primas, podemos dizer assim), mas a partir do momento em que a turma de Weissach começou a incomodar e ganhar tudo, a presença da Audi passou a fazer menos sentido. Levando por esse aspecto desportivo, não é surpresa a decisão. A Audi pode dar a desculpa que ela quiser. Para quem gosta de automobilismo, é um golpe forte, pesado. É um ippon daqueles bem aplicados.

Pior para Gèrard Neveu e companhia limitada: agora o ACO fica sem pai nem mãe, com apenas cinco carros confirmados na classe principal em 2017. A Peugeot, que acenou com o regresso ao WEC, não voltará tão logo. O próximo ano será daqueles bem difíceis para a LMP1…

Uma pena.

Auf wiedersehen, Audi!