A Mil por Hora
Fórmula 1

E quiseram duvidar…

RIO DE JANEIRO – No último dia 19 de dezembro, o Grande Prêmio cravou: após a surpreendente aposentadoria de Nico Rosberg, Felipe Massa assinava um contrato para voltar à Fórmula 1 após anunciar sua retirada do esporte – para substituir Valtteri Bottas, que fechara um contrato para suceder o campeão mundial de 2016 na Mercedes-Benz. Quiseram […]

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Quiseram duvidar, desdenhar… mas a verdade sempre aparece: e a notícia que o Grande Prêmio publicou em 19 de dezembro se confirmou (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – No último dia 19 de dezembro, o Grande Prêmio cravou: após a surpreendente aposentadoria de Nico Rosberg, Felipe Massa assinava um contrato para voltar à Fórmula 1 após anunciar sua retirada do esporte – para substituir Valtteri Bottas, que fechara um contrato para suceder o campeão mundial de 2016 na Mercedes-Benz.

Quiseram duvidar. Aliás, é bom ter o benefício da dúvida. Desde que essa dúvida não se transforme em algo que beira o ressentimento e a inveja, porque o “furo” não veio das hostes platinadas. Veio de uma turma que faz jornalismo com seriedade e paixão.

E o que estava apenas no papel se confirmou hoje: Felipe Massa se “desaposenta” e volta para mais um ano na Williams; Valtteri Bottas fica mesmo com a vaga que era de Nico Rosberg e Pascal Wehrlein, em quem Papai Noel pareceu ter batido à porta quando Nico resolveu do nada pela aposentadoria, vai para a vaga que era de Felipe Nasr na Sauber – com uma forcinha da Mercedes, é claro.

Podem dizer à vontade que a Williams não queria mais o brasileiro e de repente os britânicos se viram “forçados” a trazê-lo de volta por um contrato anual de € 6 milhões – cerca de R$ 21 milhões. Não é só pelo dinheiro que Felipe disputará sua 15ª temporada na Fórmula 1. Há questões que permeiam toda essa situação, principalmente uma legislação que impede o canadense Lance Stroll, de apenas 18 anos de idade, fazer qualquer tipo de propaganda da Martini, fabricante de bebida alcoólica – aliás, nenhum piloto com menos de 25 anos pode fazê-lo. E do alto dos seus 35 anos de idade e com a estrada que pavimentou na categoria, Felipe ainda é um piloto que pode ser capaz de fazer coisas bacanas, especialmente numa Fórmula 1 que muda as regras a partir da próxima temporada.

A dúvida é: será que o Williams FW40, o carro que será projetado e concebido dentro do novo regulamento técnico, estará à altura do que a equipe espera tanto de Massa quanto do novato Stroll?

Eis a questão.

O que se sabe também é o seguinte: uma fonte me informou que Massa tinha tudo acertado para disputar ainda nesta temporada a Fórmula E, dos carros elétricos. Ele assinou um pré-contrato com a Jaguar, notícia confirmada há alguns dias atrás pelo jornal espanhol Marca. E esse acordo foi rompido amigavelmente quando Massa fechou sua volta à Williams como piloto titular. O mais engraçado nisso tudo é que tem gente vendendo a notícia de que Massa assinou contrato “nessa segunda-feira”.

Uma piada – de muito mau gosto, por sinal.

É duvidar da nossa inteligência. É duvidar das fontes que levaram o Grande Prêmio a noticiar a assinatura do contrato de Felipe Massa. É tanta coisa que eu nem sou capaz de falar aqui, até porque não quero perder meu tempo dando ibope pra jornalismo de quinta categoria.

A reboque da confirmação de Massa, veio o anúncio de Valtteri Bottas na Mercedes – outro dos segredos mais mal-guardados dos últimos dias. Para o finlandês de 27 anos, é uma oportunidade e tanto para mostrar onde ele pode chegar. Toto Wolff espera que ele seja uma sombra à altura de Lewis Hamilton e que motive o britânico a continuar andando rápido – coisa que talvez o jovem alemão Pascal Wehrlein não fosse capaz de fazer.

Aliás, Wehrlein é quem deve estar mais chateado nessa história toda. Sempre foi tratado como um dos enfant gatés da Mercedes-Benz, até Esteban Ocon impressionar em sua curta passagem na Fórmula 1 pela Manor e levar a vaga na Force India – que poderia ter sido perfeitamente de Wehrlein. Aí, Rosberg aposenta e o garoto deve ter pensado “choveu na minha horta”.

Pura ilusão.

Pelo menos a marca da estrela de três pontas não o deixou a pé: Wehrlein vai para a Sauber, uma equipe em crise, mas que tem mais pedigree que a Manor, ocupar a vaga de Felipe Nasr.

Nesse imbróglio todo, chegamos à conclusão que, apesar de todas as circunstâncias, embora a Williams não quisesse mais contar com Massa –  o que não é nenhuma mentira, teve que recrutá-lo como solução emergencial. E o Brasil, que corria o risco de não ter nenhum piloto no grid desde a estreia de Emerson Fittipaldi no GP da Inglaterra de 1970, terá pelo menos um representante em 2017.

E parabéns ao Grande Prêmio, mais uma vez.

A verdade sempre aparece.